Gentle Hunger

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Matthew 5:6


Blessed are those who hunger and thirst for righteousness, for they will be filled.

Horas depois Sanji acordou se sentindo estranho e não entendendo onde estava e o que havia acontecido. Estava em um corpo humano, o que normalmente não acontecia ao acordar, só entendeu o que se passava e lembrou de tudo ao ouvir um ronco vindo de baixo de seu corpo. Ele sorriu e levantou o olhar, vendo o rosto tranquilo do moreno e uma camada de saliva caída em seu peito, provavelmente aquilo chegou até seu cabelo dourado. Passou alguns minutos apenas observando-o em silêncio até se levantar e sair.

Zoro acordou sozinho na cama tentando se situar e lembrar exatamente o que estava fazendo antes de dormir. Pela luz que entrava na janela já deveria ser muito tarde, não que ele não costumasse cochilar em horários estranhos. Quando lembrou que antes estava com Sanji e agora estava sozinho, o estômago do moreno se revirou por completo. Todo seu corpo gelou com a similaridade daquela situação, consumido por um pânico momentâneo até sentir um leve aroma que entrava pela porta do quarto.

Colocou um short qualquer e se levantou, se deparando com o crucifixo jogado no chão e apanhou o objeto para apoiá-lo no criado mudo com cuidado. Sentia-se idiota por culpabilizar algo inanimado por suas falhas, como se a cruz tivesse machucado Sanji de propósito. Zoro saiu do quarto tentando seguir aquele cheiro delicioso que fazia seu estômago protestar de fome.

Quando conseguiu achar a fonte, teve que esfregar os olhos para ver se estava enxergando direito. Sanji estava de costas para a porta, fumando e cozinhando muito concentrado ainda vestindo seu suéter branco e um estranho avental rosa. A luz que entrava no ambiente o iluminava como um holofote, como se ele estivesse num palco, os cabelos dourados cintilavam com os raios luminosos e Zoro achou que poderia perder a visão do seu único olho bom, tamanho era o brilho que irradiava do loiro naquele momento.

— Ei, Kokku... — Zoro disse o abraçando apertado por trás e inalando o cheiro gostoso do que quer que fosse que Sanji preparava, para então logo em seguida afundar a cabeça em sua nuca cheirosa. — Eu te chamo de Kokku, mas fazia muito tempo que não cozinhava...

Ele realmente havia esquecido como o corpo de Sanji cheirava bem, mesmo que estivesse fumando, mais até do que a própria comida, então apenas continuou cheirando os fios loiros e a pele branca como um animal curioso. Estava tão satisfeito por tê-lo de volta que começava a agir bobamente sem perceber.

Sanji havia, claro, ido cozinhar algo para Zoro comer. Dormir ao lado dele o deixou de bom humor e queria fazer algo para agradecer, ser útil, não apenas um peso nas costas do moreno. Zoro e ele não eram nada, nem amigos, nem namorados ou qualquer outra coisa, não possuíam um relacionamento. Mesmo assim, mesmo sabendo de tudo isso, o marimo ainda o tratou de forma tão gentil mais cedo, acolhendo-o e cuidando de si, ficando preocupado no momento que a cruz feriu tão profundamente suas costas.

Quando levantou, o loiro colocou a mão por cima do ferimento e sentiu ele bem presente ali, mas não se importava, sua mente distorceu completamente a situação o fazendo pensar que carregar aquilo em seu corpo era um privilégio, que Zoro fez para marcá-lo como seu. Era uma ideia estúpida e idiota, mas era o mínimo que poderia ter daquele homem. Zoro não era nada além de seu alimento.

Continuou com o pensamento enquanto preparava um almoço reforçado. Desde a primeira vez que cozinhou, Sanji acabou pegando um amor pela coisa que não sabia como explicar, o mesmo valia para o cigarro. Mas, diferente do fumo, ele nunca mais teve oportunidade de mexer em panelas e no fogo, apenas pôde pesquisar em livros sobre o assunto e agora, mais do que da primeira vez, se sentia especialista. Por estar empolgado, acabou preparando um banquete que dava para bem mais que apenas duas pessoas.

Incubus Love - ZoSan Where stories live. Discover now