Capítulo 01 - Deveria ser apenas um almoço

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Sentado na beira da cama, observo minha namorada arrumar o cabelo, enquanto meu olhar recai vez ou outra na tela do celular. Suspiro. Droga, estamos ficando atrasados.

— Querida, assim nós chegaremos atrasados. — alerto — Sabe que, apesar de seus pais conhecerem sua fama, eles não gostam disso. Especialmente em ocasiões como essa.

— Qual é Jimin?! Não apressa. Estou quase pronta. — Ha-Yun retruca, encarando-me através do espelho — Além do mais, sempre que recebemos a visita da minha tia, as coisas nunca funcionam como deveriam ser. Agora que ela voltou do exterior, será ainda pior.

Respiro fundo e concordo. Eu não queria causar uma má impressão, pois, já basta a que causei no dia em que fui conhecer os meus sogros e cheguei quase uma hora atrasado.

Porém, se Ha-Yun está dizendo que as coisas funcionam assim, não irei contestar. Ela sabe como a própria família funciona e eu não quero ficar mais estressado do que estou.

O melhor a fazer é seguir o fluxo.

Como a única opção que resta é esperar, aproveito para verificar as mensagens dos grupos da faculdade, que acabei deixando de lado com a correria para me aprontar – e que não deu em nada. Estou no segundo ano do curso de música e tenho dois trabalhos para entregar essa semana. Um de 'percepção musical' e outro de 'fundamentos da acústica musical'. Não é necessariamente difícil, porém, exige mais do que eu realmente gostaria.

Além disso, como se já não bastasse, ainda tem o meu trabalho de meio período na cafeteria próxima ao campus. Okay, admito que o serviço é fácil na maior parte do tempo, mas é quase impossível para um estudante universitário conciliar todos esses afazeres.

É verdadeiramente impressionante que eu tenha conseguido uma brecha para namorar.

Vinte minutos se vão até que, enfim, Ha-Yun diz que está pronta. Já era hora!

Visto a jaqueta jeans pendurada no encosto da cadeira e confiro se as chaves da moto estão no bolso, assim como o restante dos meus pertences, e então seguimos para fora do meu apartamento. Se formos logo, talvez dê tempo de chegar antes que a comida esfrie.

Sim, estou sendo dramático.

Entrego o capacete para Ha-Yun e ajeito a tira do meu no queixo. A casa dos meus sogros não é tão longe da minha – que está virando quase "nossa", já que minha namorada passa mais tempo aqui, do que na própria casa –, fica a uns quinze minutos se não estiver trânsito. Como hoje é domingo, talvez consigamos chegar na droga do horário marcado.

O que, por muita sorte, acontece.

Tudo bem que acelerei um pouco mais do que o devido, porém, cá estamos. Cinco minutos adiantados. Pelo menos uma vez desde que esse namoro começou, nós fomos capazes de chegar a um compromisso pontualmente – burlando algumas leis de trânsito, mas quem se importa, não é mesmo?! Embora Ha-Yun tenha dito que sua família não se incomoda com esses atrasos e até comete os seus, decididamente, isso não é bem visto, e eu não queria causar uma primeira péssima impressão com outro de seus parentes.

Na verdade, a primeira parente que conhecerei, além de seus pais.

Somos recepcionados por meu sogro, Seungkwan, que aperta minha mão como de costume e abraça a filha. Um cheiro delicioso de comida paira no ar. Minha sogra é uma excelente cozinheira e sempre me farto de comer quando venho almoçar ou jantar aqui. Não reconheço o que está preparando, mas provavelmente é algum prato típico da Itália, e eu sinceramente espero que seja bisteca fiorentina ou aquele tal de fettu... Fettuccine?!

Enfim...

Ha-Yun é mestiça. Seu pai é coreano e sua mãe italiana. Seungkwan e Bianca se conheceram enquanto ele viajava a negócios em Siena. Se não me engano, ela era secretária de um dos associados com quem Seungkwan foi conversar. Houve uma troca de olhar numa reunião e não é preciso pensar muito para saber o que aconteceu depois.

Minha tentação, LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora