Um ex-vilão cozinheiro cheio de boas intenções | Único

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       O vento forte denunciava a vinda de uma chuva, os noticiários já estavam alertando sobre o evento já esperado a semanas. Seriam chuvas fortes sem previsão de acabar, o que atrapalharia o trabalho dos heróis de plantão. Tokyo nunca se acalmava.

        Katsuki desligou o rádio e acelerou o carro, desejava chegar em casa antes que começasse realmente. Por sorte saiu do trabalho dez minutos mais cedo - graças a Jeanist  - o que permitiu que não ficasse preso em um engarrafamento.

        Desligou o carro quando já estava dentro da garagem e pegou suas sacolas, a moto preta que tanto odiava - mas suportava - estava ali também, o que indicava que seu namorado já havia chegado do trabalho, chego com a moto preta que possuía desenhos de chamas azuis feito por ele mesmo e que Katsuki teve que ajeitar depois.

  

        Entrou para casa ignorando, não estragaria sua animação com aquele detalhe tão banal que já durava meses. Abriu a porta sentindo um cheiro de carne e cebola da cozinha, alguém estava cozinhando em sua casa.

  

       Tinha alguém cozinhando em sua casa, usando sua cozinha...

      ...Dabi não sabe cozinhar.

       Katsuki tirou os sapatos rapidamente nem se dando o trabalho de guardar, jogou as sacolas - com uma delas possuindo o presente de aniversário de namoro - no sofá. Sua felicidade já havia ido por água abaixo, ora, logo no dia deles alguém vinha em sua casa?

— Touya o que você...você — Parou no meio da frase, sem saber como continuar — Vem cá, o que você tá fazendo?

      Sentiu uma vontade de rir ao mesmo tempo que não entendia muita coisa. Usando um avental preto brega que havia ganhado de Jeanist - escrito "beije o cozinheiro" para piorar a situação - estava Touya Todoroki, seu namorado, mechendo em algumas panelas do fogão.

— Cozinhando, óbvio — Se virou para dar um beijo no recém chegado.

— Ta né...desde quando você cozinha?

— Dêsde que é dia dos namorados e ano passado você cozinhou algo pra gente. Agora senta e espera.

          Ainda receoso se sentou notando o quão arrumada estava a mesa de seis cadeiras que agora possuía somente duas, uma de frente pra outra. Havia um pano vermelho que Katsuki reconhecia como a toalha de mesa que sua mãe havia lhe dado, por cima outro pano, um branco, esse de origem desconhecida. Uma vela estava posta e apagada e algumas pétalas de flor falsas estavam pela mesa. Já estava até esperando a vizinha do sexto andar sair gritando e batendo o salto por causa de suas flores que fingia cuidar.

     Pelo menos estava tudo arrumadinho o que fez seu coração bater um pouco mais forte pelo ato tão bonito e clichê que o outro havia feito.

— Garçom! — provocou o namorado — Você ao menos perguntou o que eu iria comer.

— Diga — irritado, mas não tanto, caminhou até o loiro e apoiou uma das mãos na mesa, ficando assim com o corpo um pouco inclinado.

— Quero... — Fingiu pensar — Strogonoff.

— Macarronada? Seu pedido é uma ordem — Saiu dali voltando para a cozinha.

— Ei! — reclamou — Pelo menos trás uma água.

///-///

        Quando Katsuki saiu do banheiro já podia sentir um cheiro bom, o que era até impressionante já que nunca havia visto o ex vilão tocar em uma panela. Quer dizer, ele era o cara que errava os temperos quando fazia as compras do mês, como não iria desconfiar que no lugar de sal ele não colocou açúcar?

     

        Pendurou a toalha na lavanderia e voltou para a cozinha vestindo roupas confortáveis, uma camisa social grande que furtou de Dabi e um short do tipo que usava para dormir.

— Quanto tempo vai demorar, já estou ficando com fo- PORRA TOUYA! — Gritou ao ver a zona que se fazia na cozinha.

           A individualidade de seu namorado era cremação, um fogo azul mais quente que o normal, mas não é por ser sua individualidade que ele deveria por fogo em tudo. Pegou a panela flamejante e a jogou na pia, em vez de água pegou o extintor que ficava na parede - com alguém que bota fogo em tudo era mais que necessário - e mirou na panela.

       Um minuto de silêncio se fez presente.

— Porra Touya!

— Eu não sabia que iria pegar fogo, na tv não tinha isso.

        Suspirou fundo, uma, duas, três vezes. Se não respirasse poderia ser preso por homicídio o que faria sua carreira de herói ir para o bueiro. Apoiou o corpo na ilha logo tendo o moreno lhe abraçando por trás.

— Desculpa, estraguei tudo. Ainda tá com fome? — Deixou um selar na nuca do loiro, era ali seu ponto fraco, o lugar que o deixava todo arrepiado.

           Não parou por aí e foi para o pescoço e a parte do ombro em que a camisa não impedia. Colocou as mãos pra dentro da - sua - camisa enquanto apertava o corpo pequeno que só despertou assim que teve seus mamilos apertados.

— To-Touya...pede comida chinesa — Se virou enquanto dizia ainda corado pelo acontecimento — É...comida chinesa.

— Uhn, tudo bem. Mas eu queria comer outra coisa — provocou deixando uma mordida na bochecha do loiro enquanto saia para buscar o telefone.

        Bakugou tocou a bochecha massageando para passar a dor enquanto encarava o desastre que estava a cozinha. Nunca mais deixaria seu namorado cozinha, nunca mais.

          Nem se sua vida dependesse disso.

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⏰ Last updated: Oct 28, 2020 ⏰

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Dabi...sabe cozinhar?Where stories live. Discover now