Moi, Toi et Nous

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 Тоска
FadaDoCafe & RedWidowB

Тоска (Toska): Uma dor profunda da alma, um anseio sem nada para ansiar, uma saudade doentia, uma vaga inquietação, agonia mental, ânsias. O desejo por algo. Angústia.


Draco trocou o peso da perna pela enésima vez em um curto período, o solado do pé cansado pelo tempo parado, mas também saturado das voltas em círculos anteriores.

O loiro se sentia afoito enquanto batia seu pé no chão. Harry havia o chamado para um hotel mais afastado do centro, um prédio antigo, com um ar elegante e  vintage. Todos os ambientes tinham móveis retrô e baixa iluminação amarelada, o local destoava totalmente de sua localização. Um bairro suburbano, cheio de pubs e bares trouxas com letreiros neons coloridos, e uma quantidade bem razoável de motéis tão chamativos quanto.

O lugar era caro e mantinha uma aura romântica vitoriana. A favorita de Draco.

E aquilo por si só já era estranho.

Não que Potter não o chamasse com frequência, ou que não investisse dinheiro nos encontros, ele só costumava ser prático ou pedia para que Draco escolhesse o ambiente, pois o fim seria o mesmo.

Sexo.

Ambos movidos por uma vontade avassaladora de estar juntos, enroscados, suados e embriagados um no outro.

Ao menos no começo era sobre isso, intensidade. Assim como no passado, ambos sendo movidos pelos seus desejos, descontando toda a avalanche de  sentimentos confusos em algo. Durante Hogwarts, nas azarações. Depois de anos, Draco aprendeu até onde provocar Harry, e ele, por sua vez, percebeu que Malfoy poderia ser alguém movido pela luxúria.

Entre eles, a razão pouco era ouvida. O modo impulsivo de Harry lhe domava e arrastava Draco junto. E, mesmo que o loiro negasse, ele sempre permitiu ser puxado. Mesmo sabendo das consequências, do terreno perigoso que habitava, não conseguia recuar, sufocado pela imensidão verde que soltava faísca para si.

Malfoy passava por tempos confusos, abarrotado de uma indecifrável tensão. Potter conseguia ser simples, ver as coisas de modo tão básico que se tornavam fáceis, acessíveis a resolução.

Scorpius havia completado onze anos, e pisar na plataforma 9¾ foi bem mais difícil que Draco julgava possível. Sua cabeça girava, lhe levando para diversos cenários onde seu filho se tornaria vítima, refém de uma imagem antiga, uma impressão que apenas décadas iriam tirar do nome Malfoy. Astoria — sua ainda esposa, pois o divórcio estava sendo processado na época —, tentava a todo custo o acalmar, lembrar que fora inocentado e que Hogwarts não era mais a mesma, porém o loiro sentia que iria chorar de desespero a qualquer segundo.

Foi aí que vislumbrou em meio a vários e vários cabelos ruivos, as orbes verdes lhe fitando, analisando seus movimentos, quase o julgando em silêncio. Foi mais forte que si e Malfoy nem percebeu quando torceu o nariz, o empinando em seguida. Astoria notou, observou quando os ombros de Draco se alinharam, como sua postura ficou reta e não deixou de perceber que os atos foram recíprocos.

Um garoto correu na direção da família Malfoy. Parecia ter a mesma idade que Scorpius, com o sorriso no rosto lembrava o de Harry, e Draco constatou um pouco tarde que o amigo do curso de férias — o qual seu filho falava com tanta animação e carinho —, se travava de Albus Severus Potter. Mas, para seu alívio, não foi o único a receber a informação na hora. O emaranhado ruivo parecia tão chocado quanto ele. As únicas que não teciam expressões de choque eram Astoria e Hermione, que sorriam doce para a cena enquanto empurravam os respectivos maridos para mais próximo das crianças que conversavam animadas.

Тоска » drarryWhere stories live. Discover now