"É difícil dizer o momento em que o barulho da água foi substituído pelas tumultuosas lembranças do passado da mulher sentada em frente a janela. Assim como também era difícil afastá-las uma vez que chegavam. Eram incontroláveis, já que cada célula de seu corpo fazia questão em guardar cada momento em sua memória. Sua pele ainda sentia o calor, seus lábios ainda sentiam o gosto, seus olhos ainda viam o brilho. O toque, os arrepios, a risada e o silêncio. Os gritos, as lágrimas e a angústia. Tudo ainda vivia, resistia e lutava, ainda que já não existisse mais o contato. Ainda que meses já tivessem passado. Um corpo vivendo o presente, mas lutando contra uma mente que continuava presa ao passado."