A viagem seria longa e angustiante, mas, Helena já conhecia aquele sentimento que rondava sua vida havia tantos anos. Uma dor na alma, um grito contido na garganta, um aperto e uma saudade imensa no coração, um retorcer nos músculos dos braços e das mãos, como se quisesse alcançar, abraçar, tocar, beijar e chorar no ombro de um ser amado do qual ela sentia tanta falta e nem sabia por que, muito menos quem ele era: seu nome, seu cheiro, o som de sua voz, seu sorriso...Sua mente passeava no passado, em seus sonhos e visões e em todos os momentos de sua vida que haviam lhe conduzido até ali e ela se perguntava se agora, finalmente, conseguiria livrar- se daquela angústia que a perseguia desde sua adolescência. Ela e a outra que habitava dentro dela lutavam a milênios pelo mesmo corpo. Helena buscava o amor e a outra - a deusa raivosa e vingativa - a levava a práticas mágicas malignas e a êxtases da carne, atos sacrílegos, que enfraqueciam sua capacidade de manter-se no comando da realidade de sua vida atual. O Egito estava impregnado nesta história e, foi lá que ela foi procurar suas respostas quando entrou naquele avião e sentou, quieta e tentando controlar a outra que se debatia dentro dela com toda a sua maldade e poder. Só a esperança de encontrar respostas para todos os fatos que haviam marcado sua vida e o vislumbre de seu amado guerreiro mantinham Helena viva naquele momento pois, viver sem ele não era mais uma opção e, sem ele a Deusa iria viver e ela iria desistir de lutar...