Dizem que o Natal é um estado de espírito.
Na Coreia, para a maior parte da população que não é cristã, a data está mais para um dia em que você tem um encontro especial com seu parceiro, ou simplesmente reúne seus melhores amigos para fazer algo d...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
O vento frio chicoteava o cabelo ao meu redor, enquanto tentava desviar das pessoas que caminhavam no sentido contrário.
Respirei aliviada pelo calor assim que meus pés tocaram o amplo saguão da Thousand Corp, e precisei correr para alcançar o elevador antes que as portas fechassem. Algumas pessoas me cumprimentaram e respondi delicadamente.
O último ano foi cruel em todos os sentidos possíveis, tudo bem, talvez não em todos os sentidos — já que pouca coisa era pior que levar um tiro —, mas cheguei ao que alguns chamariam de limite.
Tudo o que sempre quis foi independência, fazer próprio nome e que ele não tivesse relação com o da minha família. Mas depois do meu milionário-casamento-arranjado ter sido cancelado, de quase ter morrido e acabar concordando em assumir a posição do meu pai na empresa, cheguei à conclusão de que eu precisava de um tempo.
O trabalho de repente se tornou muito maior do que eu imaginei que pudesse ser.
Pela primeira vez pude entender sobre o que papai queria dizer quando chegava em casa exausto depois de um dia de trabalho. Sou hipócrita sim, mas não vou negar que me perguntava "qual é a dificuldade em sentar numa mesa e ouvir outros velhos ricos resolverem seus problemas?".
E agora eu entendo. Porque, no fim do dia, sou eu que preciso decidir e essa decisão vai impactar a vida de milhares de pessoas no mundo todo.
Alice Walton querida, eu te entendo perfeitamente. A vida de herdeira só me parece fácil quando você não precisa fazer o trabalho do parente que construiu toda a fortuna. E, talvez, essa percepção tenha sido responsável por balançar um pouco uma das poucas certezas que tinha na vida.
Os sorrisos familiares me acolheram assim que adentrei o andar que fez com que eu me apaixonasse pela empresa da família, e cruzei o longo corredor distribuindo cumprimentos, mas estava focada na sala de vidro na extremidade oposta do andar. A porta ostentava o título que me arrancou um sorriso nostálgico e fiz questão de não pedir para ser anunciada.
Ser a atual dona da porra toda ainda tinha lá suas vantagens.
Ele falava animado no telefone e quando finalmente notou minha presença, assobiou e começou a rir. Finalizou a ligação com uma desculpa esfarrapada antes de esticar as mãos para um high-five entusiasmado.
— E olha só se não é minha coreana preferida! — Bill quase gritou — Quer dizer, minha admirável chefona — se corrigiu e joguei o cabelo por cima dos ombros com ar de superioridade
— O que você anda aprontando para começar o dia puxando meu saco? — perguntei desconfiada e ele abriu o seu característico sorriso de orelha a orelha.
— Sei que você já disse que não é para misturar as coisas, mas sinceramente, não sei mais o que fazer com O homem — suspirou e desabei na poltrona em frente à mesa.