Único

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ONE-SHOT ESPECIAL ANO-NOVO

ALGUÉM QUE O AMASSE

─ SCORBUS ─


 Era inconcebível a idéia de que ele ainda não havia encontrado ninguém que quisesse o beijar. Mas não o beijar apenas para beijar, mas beijar porque o amava de verdade. E ele sentia a diferença entre as duas coisas, até porque o primeiro beijo, sem compromisso, que Scorpius Malfoy já teve foi com Rose, quando um pessoal das quatro Casas planejou um encontro em grupo para ficar até tarde na Sala Precisa, jogando um jogo trouxa de garrafa. E haviam desafiado o garoto a cumprir esse ato.

Uma verdade é que sempre havia imaginado como seria seu primeiro beijo. Imaginava ele e a pessoa amada em um encontro nos Três Vassouras, imaginava beijando-a nas arquibancadas no meio de um jogo de Quadribol, mas não imaginava ele e Rose se beijando em público num jogo de garrafas.

Ele não considerava aquilo sendo um beijo de verdade, porque ele não sentiu nada quando seus lábios trêmulos foram de encontro com os dela.

Depois daquele dia, ele e Rose começaram a sair, pelo menos até ela descobrir que Scorpius, na verdade, era a pessoa mais gay que ela já havia conhecido. E ela contou isso para ele, porque Scorpius não sentia prazer em beijá-la, não procurava por ela nos horários livres e, mais tarde, depois de vários encontros, ele não ficava excitado de jeito nenhum com os toques dela.

Praticamente, Rose havia lhe arrancado do armário sem que o garoto tivesse se tocado que estava lá. Afinal, nunca havia parado para pensar na sua sexualidade. Achava que era super comum fitar os garotos ficando sem camisa nos dormitórios ─ destacando Albus, seu melhor amigo ─, na hora que trocavam de roupa. Achava que era super comum achar delicioso o cheiro de homem quando entrava no vestiário masculino. Achava também que era super normal ter um pequeno crush  por Leonardo diCaprio toda vez que assistia algum filme que ele aparecia.

E, de verdade, era super normal aquilo de acontecer.

Contou aos seus pais sobre sua descoberta, e foi reconfortante da parte deles quando eles o abraçaram, disseram que o apoiavam, e que não precisaria se preocupar, pois eles continuariam o amando mesmo com suas peculiaridades.

Mas se descobrir gay não mudava o fato de que ele ainda queria alguém para beijar. Alguém que o amasse. Não uma menina. Não Rose. Mas um menino.

Ele já tinha dezesseis anos e meio e não havia encontrado ninguém para beijar. Passou a páscoa sem ninguém para dar chocolates em formato de coração, passou as férias de verão sem ter ninguém para o visitar, passou o Halloween sem ter ninguém para usar fantasias combinando e, sinceramente, achava que até o Natal apareceria alguém perfeito para ele.

Mas passou o Natal sem ter a quem dar presentes senão seus pais ─ e a Albus e sua família, mas aquilo era outra história; Albus era seu melhor amigo, mesmo que Scorpius ainda não tivesse coragem o suficiente para dizer sua sexualidade a ele. 

Afinal, uma coisa era Rose e seus pais saberem, outra coisa era Albus.

Albus havia dado chocolates a ele na Páscoa, havia mandado inúmeras cartas ao garoto nas férias de verão, acompanhou Scorpius durante a festa de Halloween na escola, e deu presentes para o amigo no Natal. Sim, ele era um ótimo amigo.

Mas naquele ano, os Malfoy e Granger-Weasley passaram não só o Natal na casa dos Potter, como também planejaram passar o ano-novo também. Seria a primeira vez que ele e Albus passariam aquela data festiva juntos. Principalmente a virada do ano.

Alguém que o amasseOnde histórias criam vida. Descubra agora