Regret

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— Eu não estou arrependida. Não tenho motivo algum para estar. — disse para Amber.

É claro que não estava arrependida, e com toda certeza disposta a enfrentar tudo aquilo: não se arrependeu de mostrar a todos o motivo, de pedir para Amber entregar as cartas e deixar Ramon plantado no altar.

Não estava nem um pouco arrependida de ter trocado as passagens, dado entrada para vender o apartamento que ela havia comprado e trocado as fechaduras do seu apartamento, impedindo a entrada dele. Por que deveria? Era a vítima da situação, por que diabos ele estaria enganando todos? 

Deveria estar envergonhado. 

Envergonhado de suas atitudes, das mentiras profanas que disparou durante todos esses anos. Envergonhado por ter traído a mulher que jurou amores em dias ensolarados, que pediu em casamento e logo depois correu para os braços de Natasha, mulher qual fantasiava e prometia um dia assumir como esposa. 

Natasha, a morena de olhos claros que conhecera no mundo corporativo há anos, advogada assim como ele e completamente apaixonante. Mais por conveniência seu caso começou, mas Amanda era tão ingênua... mal desconfiava. E assim manteve por um ano consecutivo, aprimorando as mentiras e alimentando seu ego.

Mas Amanda descobriu. Por acaso.

Pois preparou o jantar para ele, chegando no estacionamento do prédio comercial pouco antes de o avistar saindo do elevador. E ela se escondeu, assistindo Natasha entrar no carro de seu noivo e o beijando. Em silêncio, com seu coração quebrando em mil pedaços e sentindo seu mundo parar novamente, ela observou a mulher abrir os botões da camiseta social enquanto beijava o homem profundamente, subindo em seu colo. 

Um dia antes do casamento.

E aquilo fora suficiente para que Amanda voltasse para casa atordoada, pagamento o dobro para trocar as passagens enquanto procurava um chaveiro disponível para trocar as fechaduras do apartamento. Movida pela adrenalina que corria em suas veias, as lágrimas deram espaço para a frieza de fazer tudo aquilo rápido, quase como se estivesse correndo contra o tempo.

E pediu para Amber imprimir e entregar as cartas para todos os convidados, dando o nome deles e contando apenas para ela que estava indo para a França. Sua única amiga de fato fez o que ela havia pedido, causando um tumulto enorme no casamento e manchando a reputação de Ramon.

Mas nem tudo eram flores, e a realidade já batia em sua porta novamente: acabara de chegar em Londres e, consequentemente, retirado seu telefone do modo avião. Milhares de ligações, mensagens de pessoas que sequer tinha o número salvo e ameaças de Ramon. 

Ameaças graves, mas ela não estava nem aí. 

E Amber fora a primeira pessoa que ligou assim que seus pés tocaram o carpete escuro de seu apartamento. 

— Sei que não está arrependida, querida. Você fez o certo, mas estou preocupada com o que Ramon pode fazer e...

— Ele não vai fazer nada. Está tudo bem, de verdade. 

Aquela era a forma dela de dizer para que Amber não se preocupasse tanto, que ela conseguia tomar conta de si e que não estava acostumada com isso. Amanda trancou a porta e jogou a bolsa no sofá com o celular apoiado no ombro.

— Me diga se precisar de algo, amiga. Você não está sozinha.

— Obrigada, de verdade. Até depois, Amber!

E finalmente desligou. 

Não tão incômodo quanto imaginava, talvez todas as suas lágrimas já tivessem secado, parecia oca por dentro em relação a tudo aquilo. Porque tivera uma viagem fantástica, se divertira tanto e tinha feito tantas memórias... 

Rainy Love [H.S] [PT/BR]Where stories live. Discover now