Bonnie e Clyde

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Dentro do galpão, com todos os amigos presente, Myla não se sentia segura. Jamais conseguiria confiar nas pessoas novamente.

Lembrava com amargura do namorado. Um homem bonito, forte, e totalmente louco por ela. Fazia loucuras por Myla e ela se sentia especial por isso. Ele era cheio de surpresas, lhe enchia de presentes. Mas. Por outro lado era estourado e instável. Eles tinham um romance muito quente, e assaltavam só por diversão. Claro, tudo terminava em sexo.

Nunca pararam em cidade alguma, e na delegacia eram conhecidos como Bonnie e Clyde. Mas o romance foi ficando amargo. O ciúme os distanciava, e o namorado violento passou a agredir qualquer um que se aproximasse de Myla.

Mas, foi em uma noite de boate como aquela, que ambos ficaram encurralados. Era o fim de Bonnie e Clyde. Corrigindo era o fim de Clyde. Para salvar a namorada, resolveu droga-la e deixar ela sozinha em um galpão, se entregando para a polícia, a fim de evitar a prisão da sua amada.

Myla que usava os cabelos lisos, assumiu os cachos, e desistiu do antigo modo de vestir. Repaginou sua vida ao conhecer Madá, a vizinha no favelão. Tudo parecia ir bem, e ela estava evitando a polícia com louvor, até a chegada de Loris.

-Acho que a gente já pode sair - Marcos sussurro esticando o corpo.

-É melhor mesmo, aí a gente se esconde em casa - Loris não tirava os olhos da porta.

-Eu te protejo - Miguel corre de braços abertos para Loris, mas é recebido com um soco na barriga.

-Falou, tô indo - Andy se levanta do chão e Marrí logo corre atrás - Loris ?

-Mais uma cadelinha ? - Myla cruzou os braços rindo.

-Eu não falo da sua, dobre a língua pra falar da minha - Andy tira o capuz e sua pose parece dura.

-Como é a história ? - Loris entrou no meio irritada.

-Ei ! Chega ! - Marcos puxou Myla pelos ombros.

-Foi fuga em massa da penitenciária - Miguel olhava para a tela do celular.

-A polícia não tá atrás de nós, tá atrás da da galera que fugiu - Marrí finalmente abriu a boca depois de tanto tempo.

-Claro ! Eu não devo nada pra eles - Andy saiu andando para porta deixando todos confusos lá atrás.

Marrí logo tratou de seguir a amiga, e Tathá puxou Loris para que andasse ao seu lado.

Madá olhava preocupada para a amiga, que agora estava um tanto inquieta. Andando de um lado para o outro. Porém,a cabeça de Myla não conseguia encontrar uma única linha de pensamento e seguir ela. Então, procurou respostas no único lugar onde as teria.

-Madá, e se o Rafael fugiu ? - o coração de Myla não parava quieto dentro do peito.

-Ele vai te procurar - a amiga dava de ombros não entendendo o desespero repentino.

-Mas ele não sabe onde eu tô, nem eu sei onde ele tá - Myla falava com a voz chorosa.

-Ah, fodeu com força ! - Madá a olhou com certo pesar.

-Então tenta achar ele ! Não vai ser difícil, ele é um fugitivo - Marcos suspirou fundo.

-Já sei ! A gente fala com a Andy - Miguel sugeriu fazendo o semblante de Myla mudar.

-Não mesmo ! - sua voz dura ecoou pelo galpão.

-Aquela maconheira de merda tem olhos e ouvidos em todo lugar, ninguém se esconde dela - Madá concordou cruzando os braços em baixo dos seios.

-Então, bora atrás dela !

E assim os quatro seguiram de volta para o favelão. Madá estava muito mais preocupada em esconder a amiga das viaturas da polícia, mas Myla, só queria ficar logo cara a cara com Andy.

Assim que chegaram no terceiro andar do prédio, puderam sentir o cheiro inconfundível de cigarro.

-Não muda nunca - Madá revirou os olhos.

Se aproximaram do 306 e bateram a porta. Assim que Andy abriu e os convidou para entrar com um sorriso travesso nos lábios, puderam ter o vislumbre do verdadeiro templo da perdição. Marrí dançava com Tathá e Loris fumava estirada no sofá com o riso frouxo. Uma garota de cabelos cor-de-rosa se aproximava, até sentar ao lado de Loris.

-Preciso de uma ajuda sua - Myla disse a contra gosto.

-Diga ! - Andy abraça o próprio corpo a olhando.

-Preciso achar alguém que provavelmente fugiu da penitenciária - Myla estava com uma postura murcha.

-Ta bom - Andy da de ombros e vai até Myla.

As mãos passando pela cintura da amiga, os lábios tocando o canto da boca da outra.

-A gente briga,mais ainda somos amigas - Andy ri da cara de confusão de Myla.

-Você é doida só pode - Myla riu e Madá se prontificou ao seu lado.

-O que a gente vai fazer ? - Marrí indagou soltando Tathá.

-A gente vai falar com o chefe - Andy suspirou e as duas se entreolharam.

Myla e Madá se sentaram em um sofá do lado oposto ao que Miguel e Loris ocupavam, brigando como cão e gato.  Marcos conversava com Andy, discutindo os detalhes do plano, e Marrí bebia algo em uma garrafinha colorida juntamente com Tathá.

-E se ele não ficou na cidade ? - Marcos perguntou com a mão embaixo do queixo.

-Ai a gente roda o mundo todo se for preciso - Andy foi até a garota e puxou seu celular.

-E se ele ainda estiver na cadeia ? - Marrí olhou preocupada para Andy.

-Então, a gente invade a cadeia - o sorriso travesso de Andy se iluminou e Myla fez o mesmo.

-Você é suicida ! - a animação de Myla era evidente.

-Ta bom pistoleira, a gente vai se equipar, e sair daqui bandidas ! - Tathá comentou para as duas amigas se olhando.

-Vamo pegar as pistolas ? - Marrí olhou para Loris que agora estava animada.

-Meninos, vocês vão ficar aqui, e nós sete vamos fazer umas batidas na rua - Madá se pôs de pé.

As sete seguiram para o quarto de Andy e Marrí. Colocaram os coldres e as armas bem escondidas, embaixo das roupas provocantes.

-Só soldada perigosa e cada uma porta um fuzil - Madá cantava e ria arrumando o cabelo.

Elas estavam prontas para a guera. Seria perigoso se fossem pegas pela polícia, já que as armas eram de contrabando. E se achassem o que procuravam ainda estaria ao lado de dois foragidos. Então, que dane-se. A missão seria cumprida.

𝑷𝒓𝒐𝒊𝒃𝒊𝒅𝒂𝒔Where stories live. Discover now