7. Três copos de ponche

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Busan, Coréia do Sul, 2011

Jongin estava apertado para ir ao banheiro. Seu pai tinha dito que fosse no mar, mas ele não conseguia! Era uma tremenda maldade com a mãe natureza, poxa! A sensação de quentura em suas pernas era tão esquisita... Argh! Não podia!

Foi aí que viu aquele pequeno barzinho na beira da praia. Algumas pessoas comiam frutos do mar em mesinhas ao redor e outras saiam com pratos cheinhos de batata frita que o Kim com certeza ia querer provar depois, mas de primeira só conseguiu pensar em uma coisa: Lá provavelmente tinha um banheiro.

Saiu correndo com a mão entre as pernas e o corpo magro molhado de água salgada, seu cabelo pingava e sua bermuda branca parecia transparente. Morria de medo que estivesse revelando sua cuequinha do Homem Aranha, ou pior! Amarelasse caso fizesse xixi na calça.

Felizmente chegou ao banheiro a tempo, se sentindo sortudo pelo dono ter sido tão legal em lhe deixar usar mesmo sem comprar nada (por mais que tivesse certeza que pediria as tais batatas ou quem sabe um picolé para sua mãe depois). Ao tentar abrir a porta, ela estava fechada. Carambolas, por que isso só acontecia com ele? Estava prestes a bater na estrutura de madeira com sua mão pequena quando ouviu alguém fungar com força, como quando quer parar de chorar. Jongin franziu a testa, confuso.

- Tem alguém aí? - Disse alto, com sua esganiçada voz de criança.

Antes da resposta a porta se abriu, revelando um garoto que aparentava ter a sua idade. Ele usava os cabelos curtos e uma bermuda bem maneira com abacaxis desenhados. Era maior do que Jongin, quando falamos de estrutura. A barriga saliente acompanhava braços e coxas cheinhas, além de um rosto bem redondo - e inchado, devido ao choro - . O pequeno limpou a face com as pequenas mãozinhas e encarou o Kim com desconfiança. Além de triste, parecia emburrado.

- Não tem mais. - Fez um beicinho nos lábios cheios. Antes de falar alguma outra coisa,voltou a soluçar, sem conseguir conter o choro.

- Calma, amigo! - Bradou Jongin, erguendo as mãos na direção do maior, como se ele pudesse desmoronar a qualquer momento - Por que você está chorando?

Mais um soluço, mas o garoto não se calou. Nessa época, falava pelos cotovelos, sem filtro algum.

- Eu vi um garoto brincando de bola, e eu fui lá pedir pra brincar com ele porque minha mãe pediu. Mas ele disse que não queria brincar comigo! - Soltou outro soluço, desesperado. Jongin arregalou os olhos.

- Por que? - Sua voz ficava cada vez mais alta.

- Porque ele disse que eu sou um porco feio e imundo! - Agora o garoto misterioso também falava alto, chorando em plenos pulmões - Ele disse que não brinca com garotos gordos. Poxa! O que eu ser gordinho muda na hora de chutar a bola ridícula dele? Ela nem era tão bonita assim!

Jongin mudou sua expressão completamente, franzindo as sobrancelhas em puro ódio. Em todos os seus nove anos de vida nunca viu um absurdo tão grandioso! Como pode? Deixar de brincar com alguém só por causa do seu corpinho? Oras, era muita audácia...

- Que absurdo! Ah, se eu pego esse moleque pra dar uma surra... - Socou a palma da mão, como se fosse um garoto muito malvado e briguento - Não liga pra ele não! Você é lindo, amigo! E eu quero brincar com você!

O sorriso em formato de coração que o garoto abriu foi o mais lindo que Jongin já tinha visto em toda a sua vidinha medíocre. Aqueceu seu coração de uma forma tão forte, que ele sabia que não iria esquece-lo. Por um momento, a vontade de fazer xixi passou! Só sobraram borboletinhas bobas no seu estômago.

Três Dígitos • KaisooOnde histórias criam vida. Descubra agora