Estio. 02 (SideHistory)

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A cada vez que enches teu
copo com whisky te vejo mais... distante.

Sinto o álcool aquecer cada
veia que reside em teu corpo.

Percebo teu olhar frio em
mim, quase cruel, ele se
esvazia tão lindamente quando o copo
de cristal que toca teus ébrios lábios.

Fomos do fogo ao gelo, do verão mais
escaldante, ao inverno
mais gélido, sendo sincero
comigo mesmo; acho que teu
amor por mim estava maçado.

Talvez estivesse mais
contente com o meu eu de
alguns meses atrás.

Quando aqueles dedos enevoados em
mel tocavam tua boca, e
a brisa de um verão perfeito
nos abraçava calorosamente.

O silencio que
compartilhávamos
agora, eu sabia; era nossa
despedida, era você dizendo
que na próxima manha
não estaria acordando ao meu
lado, talvez estivesse
triste, ou aliviado até; por
saber que eu não insistiria
para que ficasse.

As vezes é engraçado
como amores morrem
tão jovens, deduzi que
o seu foi junto ao vento
daquele estio. E que agora
você esta pronto para ir, pronto
para aceitar oque sente
em relação a nós.

Quando parei de contar tuas
doses, teu corpo se levantou;
pesado; farto, mas ao mesmo
tempo com uma sensação de
livrar-se de algo. Eu não
levanto o olhar, preferia não
te ver ir. Com meus olhos
fechados, teus lábios
encostam em minha testa, os
sinto molhados, o cheiro do
álcool que já emanava de
seu corpo junto ao
aroma amadeirado do
perfume que
levava no pescoço arrepiam
minha espinha.

Esperei, até ouvir teus
passos se distanciando, talvez
tivesse olhado para trás; preferi
não checar, fiquei imóvel
por alguns minutos, senti
as lagrimas incessáveis
acariciando minhas
bochechas, e naquela noite
fria como o beijo que havia
me dado, eu não quis
voltar para casa.

- Estio.

Honey Where stories live. Discover now