Chapter Thirty Two

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Harley Bennett Point of View
Aquela viagem tinha sido algo que eu guardaria para a vida toda. Finalmente ter ficado com a Madison depois de tanto tempo me fez pensar que valeu a espera e que eu faria tudo exatamente igual. Na primeira vez que nos beijamos foi quando eu senti que já estava realmente gostando dela e assumi isso para eu mesmo. Dessa vez, estávamos tendo algo sério e com plena certeza de que ambos queríamos isso. Viemos separados no ônibus e no avião de volta para casa. Claro que tudo que eu mais queria era ir com ela, mas achei melhor ir com o Adam. Ele passou a viagem inteira falando o quão estava ansioso para a "festa de chegada" que ele e Amber dariam em sua casa hoje a noite. O pessoal estava dando tanta festa ultimamente que eu nem ficava ansioso mais, porém dessa vez, eu só conseguia pensar que seria uma ótima oportunidade para achar um lugar na casa de Adam para me trancar com a Madison aproveitando que todos estarão bebados e nem irão perceber.
Quando finalmente cheguei em casa, notei um carro diferente estacionado na garagem, mas entrei rapidamente por conta das malas pesadas que eu estava carregando. Fechei a porta atrás de mim e a tranquei logo em seguida, gritando para minha mãe e minha irmã que eu havia chegado. Quando me virei para a sala de jantar, uma silhueta me chamou a atenção. Levei a mão até os olhos e cocei os mesmos para ter certeza de que aquilo que eu estava vendo era verdade. Antes que eu falasse qualquer coisa, minha irmãzinha apareceu gritando e me abraçando.
— O papai apareceu! Não é demais? — Ela disse feliz enquanto me abraçava.
Olhei para a minha mãe sem nenhuma reação e ela estava estática, parecendo preocupada comigo de alguma forma. Bryan me encarava com um sorriso amarelo em seu rosto, que já estava começando a se desmanchar conforme ele percebia que eu não me moveria um passo sequer.
— Filho eu... — Minha mãe começou a falar e eu a interrompi.
— Que porra ele tá fazendo aqui? — Perguntei irritado e Bryan se levantou.
— Ei, não fale assim! Sua irmã está aqui. — Ele disse me corrigindo.
— "Não fale assim"?— Respondi rindo incrédulo. — Quer dar uma de pai agora? O que vai fazer? Me bater?
— Já chega, Harley! — Foi a vez de minha mãe dizer. — Suba e vá descansar, você teve uma longa viagem.
Sem me preocupar com sua reação, fui atrás da chave de meu carro, peguei minhas malas, que eu havia acabado de colocar no chão, e me virei novamente a porta saindo pela mesma e deixando minha mãe falar sozinha. Não era possível que aquilo estava acontecendo. Não é possível que ele havia voltado. Entrei no carro e sai dirigindo o mais rápido que eu conseguia. Eu não sabia para onde estava indo, mas queria ficar o mais distante possível daquela casa. Um embrulho em meu estômago fez com que eu parasse no acostamento para vomitar. Eu estava tão nervoso que mal percebia o quão suado eu estava. Minhas mãos tremiam, meu rosto estava pálido e meu corpo fraco. Decidi que era melhor eu parar em algum lugar, então liguei para Theo e perguntei se eu poderia ir para a sua casa, já que era mais próximo. O garoto logo concordou e eu dei partida ao carro, dirigindo lentamente até sua casa. Quando cheguei lá, inventei uma desculpa de que minha mãe havia viajado por conta de uma emergencia e esqueceu de deixar a chave comigo.
— Nossa cara, você está horrível. — Ele disse olhando para mim. — Se quiser ir tomar um banho ou lavar o rosto pode ir no meu banheiro. Tem toalhas no armário.
— Valeu, cara. Vou tomar um banho rápido. — Respondi indo até o banheiro.
— Tudo bem, eu vou dar uma dormida até a festa. Você já é de casa, faz o que quiser aqui. — Ele disse dando uma piscadinha e foi em direção a sua cama.

"Chegou bem em casa?" Maddie 15:48

"Ei, esqueceu de mim, mauricinho?" Maddie 17:23

"Harley, sua mãe me ligou. Estou preocupada, onde você está? Me responde!" Maddie 19:32

A pequena festa de Amber já havia começado há algumas horas e eu já estava sentindo todo o meu corpo tomado pelo álcool. Antes de vir para cá, Theo e eu já havíamos bebido um pouco em sua casa. Geralmente, eu não bebia dessa forma, estava literalmente a ponto de entrar em um coma alcoólico. Meu pai ficou tanto tempo longe que eu mal percebi o quanto a presença dele ainda me afetava. O quanto eu ainda o odiava. Ver ele, mesmo que por poucos segundos, havia me feito congelar por inteiro. Mas que porra ele fazia na cidade? Como ele descobriu que estávamos aqui? Me escorei em uma parede que ficava próxima ao lugar onde estavam as bebidas e virei dois shots de vodka diretamente em minha boca. Chacoalhei a cabeça e pressionei os olhos ao sentir o álcool passar queimando pela minha garganta. Droga. Droga. Droga. Me sentei em um sofá qualquer e tampei meus ouvidos, colocando a cabeça entre as pernas, na tentativa de jogar todos esses pensamentos, que estavam fazendo com que ela quase explodisse, para longe. Ouvi uma voz abafada próxima a mim e ergui a cabeça para ver o que a pessoa queria. Para minha sorte, era o Tyler. Minha cabeça começou a girar e eu sentia que estava prestes a soltar toda a comida que eu me alimentei pelos últimos três dias.
— Mano, você está bem? A Maddie está te procurando e tentando falar com você há horas! — Tyler perguntou colocando uma de suas mãos em minhas costas.
— Eu to bem. — Respondi rapidamente para que a vontade de vomitar passasse.
— Da isso pra mim. — Ele disse pegando o copo com whiskey de minha mão.
— Está tudo bem, Tyler. A Chloe deve estar de procurando. — Falei impaciente enquanto ele colocava o copo em cima de uma mesinha que ficava na frente do sofá.
— Está tudo bem? Harley, você nunca bebe a ponto de ficar desse jeito. — Você quer conversar sobre algo? Aconteceu alguma coisa entre você e minha irmã?
— Não, não é nada disso. — Falei me sentindo mal por não ter falado com a Madison. — Olha T, não quero falar sobre. Eu preciso ir até o banheiro.
— Tudo bem, eu vou buscar uma água pra você e depois você pode ir para minha
casa, se quiser. — Ele disse se levantando e indo buscar a água enquanto eu me direcionava até o banheiro mais próximo.
*Coloque a música que está na mídia no início do capítulo para tocar*
Apoiei minhas mãos na pia e respirei um pouco. Abri a torneira, joguei um pouco de água em meu rosto e continuei respirando fundo, sentindo meu coração subir para meu pescoço. Eu não queria. Eu não queria ter que lidar com isso de novo. Fechei a torneira que ainda escorria água e encarei minhas mãos trêmulas, travando o maxilar ao perceber o poder que ele ainda tinha sobre mim. Encostei-me na parede e dei um longo suspiro, tomando coragem para sair daquele  banheiro.
— Harley? — Ouvi alguém chamar atrás da porta e a abri, percebendo que era a Maddie. — Oi, está tudo bem? Tyler me avisou que você estaria aqui. — Ela disse com um sorriso amarelo enquanto entrava no banheiro e fechava a porta do mesmo. Eu não conseguia dizer uma palavra sequer. Continuei a encarando por alguns instantes e ela parecia não entender o que estava acontecendo, então como se estivesse lendo meus pensamentos, Maddie se aproximou me envolvendo com seus pequenos braços. Lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos sem ao menos eu conseguir segurar. Estava chorando tanto que meus soluços ecoavam pelo cômodo. Maddie e eu nos sentamos no chão, ainda abraçados, enquanto eu ainda chorava. Eu nunca me vi vulnerável na frente de alguém. Eu nunca imaginei confiar em alguém ao ponto de desabar na frente dessa pessoa. Levemente, Maddie fazia um carinho com suas mãos em minhas costas, o que me deixava mais calmo.
— Eu não consigo. Eu não consigo. — Eu pronunciava repetidas vezes, chorando ainda mais, enquanto Maddie me abraçava ainda mais forte.
— Está tudo bem. Vai ficar tudo bem. — Ela disse sem ao menos imaginar do que se tratava.
Depois de alguns bons minutos, quando eu finalmente consegui me acalmar, nós nos afastamos lentamente. Seu rosto estava com os olhos marejados, as bochechas vermelhas e suas sobrancelhas se juntavam como se ela estivesse tentando entender algo, mas ela não me perguntou nada. E, até o momento, eu também não queria falar. Ela colocou uma de suas mãos em meu rosto e limpou algumas lágrimas que ainda escorriam, depositando um leve beijo no mesmo local. Aquilo fez com que eu me sentisse melhor. Fez com que eu sentisse que, por mais difícil que as coisas estariam, Maddie sempre tornaria tudo mais fácil apenas com sua presença. E era o que me tranquilizava.
Nós nos levantamos daquele chão sujo e saímos do banheiro, dando de cara com Tyler e Chloe, que aguardavam sentados na escada do corredor. Eles pareciam preocupados, mas não disseram nada. Tyler entregou uma garrafinha de água para mim e deu uma leve batida em minhas costas, me direcionando até a saída. Nós quatro fomos até o carro de Chloe para irmos até a casa de Maddie e Tyler, onde passaríamos a noite. Quando chegamos lá, Tyler e Chloe foram para o quarto dele e eu segui a Madison até seu quarto. Ela perguntou se eu queria tomar um banho e, quando eu concordei, ela foi buscar algumas roupas emprestadas com seu irmão. Quando ela me deu as roupas, entrei no chuveiro e deixei a água gelada cair sob meu corpo. Todo o tempo que eu havia passado chorando já me fazia sentir sóbrio, mas a água gelada estava me deixando mais acordado.
Sai do banheiro e Maddie já estava de banho tomado, vestida com seu pijama do Harry Potter. Ela fez um sinal para que eu me deitasse com ela e em poucos segundos já estávamos abraçados de novo. Ela deitou sua cabeça em meu peito e envolveu um de seus braços no meu corpo.
— Você quer conversar sobre o que aconteceu? — Ela perguntou depois de algum tempo.
— Uma vez, há muito tempo, eu te disse que morava na Philadelphia e que vim para Nova Iorque quando meus pais se separaram. — Falei e ela concordou com a cabeça. — Meu pai era um homem bem duro. Ele costumava me castigar das piores formas possíveis e fazia todo o tipo de tortura psicológica com minha mãe. Parte disso por ele beber muito. Ele nunca chegou a nos agredir fisicamente, mas sempre deixava todos nós com medo. Ele passava semanas sem aparecer em casa e quando voltava estava completamente doido. Em uma dessas saídas, logo depois da Hope nascer, eu e minha mãe resolvemos "fugir" dele.
— Harley, eu não sei nem o que dizer. — Ela disse enquanto me abraçava forte.
— A questão de agora é que ele nos achou. Na verdade, ele inventou uma puta história de que havia passado um tempo na reabilitação e estava com saudade dos filhos. Minha mãe ficou com dó e deixou ele entrar em nossas vidas de novo. — Falei sentindo meu coração pesar.
— Olha, se você não quer voltar para casa, pode passar o tempo que quiser aqui. Você sabe que meu pai não tem problema nenhum com isso. Pelo menos por agora que você não sabe como reagir a isso. — Ela disse com um olhar carinhoso. — Meu pai não vai querer que você fique dormindo comigo, então vou arrumar o quarto de hóspedes pra você amanhã!
— Você é incrível, sabia garota do laboratório? — Respondi com um sorriso beijando o topo de sua cabeça. — É uma proposta tentadora, mas de qualquer forma vou ter que voltar pra casa em algum momento.
— É verdade, de um jeito ou de outro você vai ter que enfrentar isso dentro de você. Mas você pode passar pelo menos uns dias aqui até você estar aberto para conversar com ele. — Ela disse colocando uma de suas mãos em minha nuca.
— Você não está querendo ficar longe de mim mesmo, não é? — Perguntei com um sorrisinho.
— Nem um centímetro. — Ela disse me dando um selinho e depois nos deitamos ainda abraçados.
— Vou lá amanhã. Quer ir comigo? — Perguntei olhando para o teto.
— Quero sim! Não vou soltar sua mão por um segundo sequer. — Ela disse colocando sua cabeça em meu peito e eu suspirei fechando os meus olhos e adormecendo lentamente.

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