Capitulo 15 - Vingança

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Olhei três vezes mais para aquela janela gradeada antes de entrar no carro e a maldita sensação perseguiu-me não se desvanecendo por um segundo nem mesmo quando a única paisagem diante dos meus olhos mostrava a porta de casa, aquela sensação impedia-me de sentir alívio e proteção.

Uma mão protectora orientou-me em direcção ao meu quarto onde me aconchegou os lençóis verdes e me beijou na testa.

- Estás a salvo agora, descansa. - Disse carinhosamente a minha mãe.

Ninguém compreendia o que tínhamos passado a menos que o tivessem passado também mas a sua vontade de ajudar e reconfortar era visível que os deixamos pensar que realmente o faziam. Depois de abandonarmos aquela vila regressamos a casa mas sabíamos que seria complicado explicar tudo aquilo aos nossos pais portanto paramos na esquadra onde contamos novamente tudo, entregamos o carro e demos o nome do sítio onde a Annie se encontrava. Claro que no início custou-lhes acreditar nas palavras que nos saíam da boca, apenas quando o confirmaram perceberam.

Entramos de madrugada e saímos com o anoitecer, quando a única coisa que queríamos era sossego obrigaram-nos a horas de interrogatórios e descrições pormenorizadas de todos os passos que havíamos dado desde que partimos de casa para nos divertirmos.

***

Sempre que fechava os olhos via o rosto deles deitados lado a lado e um sentimento de culpa enchia-me o coração, não os devíamos ter deixado lá. Qualquer sombra constituía agora uma ameaça até a minha e mesmo com todas as luzes a iluminar o espaço não me conseguia sentir segura; vi o amanhecer sentada na moldura da minha janela, cada segundo estendeu-se por minutos e minutos por horas.

- Querida? - Chamou a minha mãe enquanto espreitava por entre a porta.

- Estou aqui... - Murmurei. - Já chegaram?

- Sim, quando quiseres podes descer sweet.

Larguei os joelhos e pendurei as pernas inspirando na tentativa de me preparar. A minha vontade era ir de pijama mas forcei-me a vestir sem me preocupar com o quê. Desci as escadas e deparei-me com dois investigadores criminais sentados na sala de estar à minha espera.

- Agente Derek Smith e este é o meu colega agente Sam Parker seremos nós a comandar a investigação.

Tudo à minha volta me parecia artificial como senão encaixasse ali e as palavras proferidas por aquela identidade de fato azul-marinho e camisa rosa claro soavam de forma estranha, quase mecânica de tão ensaiadas e gastas.

- Preparada menina Thompson?

Não valia a pena adiar o inevitável, teria de voltar àquele lugar mais cedo ou mais tarde por isso consenti e a passos lentos com as mãos apoiadas no corrimão das escadas dirigi-me à porta, dois carros pretos blindados ocupavam o meu jardim e criavam curiosidade. Uma das portas abriu.

- Bryan!

Aninhei-me nos braços dele durante toda a viagem e fechei os olhos.

- Menina Thompson e jovem Collins chegamos.

Respira. Respira. Aquele sítio estava intacto e trazia memórias dolorosas que me impediam de respirar como se tivesse uma trave na garganta.

- Menina Meyer. - Ouvi o agente Smith pronunciar. 

- Sonya...

Abracei-a com toda a força e juntas mostramos a porta escondida onde ela se refugiava. Esperamos nos carros cerca de duas horas enquanto eles revistavam e recolhiam provas.

- Menina Thompson?

- Sim agente Smith.

Indicou-me que o seguisse até aquele misero cubículo, aquilo estava ligeiramente mais limpo e arrumado do que me recordava.

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