Para quando a Márcia se for (e eu espero que ainda demore)

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E quantas vezes ouvi minha mãe dizer "Parece até que é filha da Márcia!"?

Muitas mais ela agiu como se fosse minha mãe, minha tia, minha amiga, minha conselheira. A Marcinha se desdobrava para ser tudo - mesmo quando não podia ou não queria. Por causa disso era inevitável escutar: "Sua tia é muito doida!". E ela era mesmo. Louca, insana. Muitas vezes até, ouso dizer, brilhante. Afinal, todo mundo muito inteligente carrega um pouquinho de loucura. E isso a fazia sonhar grande e a levava para os lugares que ela queria. Misturando essas coisas num abraço gostoso, num sorriso quase sempre inevitável e num bom dia praticamente gritado, era a Márcia. Toda. 

E Márcia era um alicerce. Uma força descomunal na forma de mulher (uma das quais mais admiro, até). Não só meu, mas para todos ao arredor dela. Infelizmente, não estou aqui para julgar ou brigar - afinal, não dá mais tempo - ela negligenciou a si mesma pelos outros. Nada que não fosse esperado vindo dela. Isso era ela! Isso é ela! E teimosa (muito teimosa!) do jeito que é, nunca deu ouvidos a quem falasse algo do tipo. Ela só não percebeu que a melhor maneira de se doar, de se sacrificar, era olhar um pouquinho mais para si mesma. 

Aprendi muito sobre mim com ela (e as experiências e discussões que ela me trouxe) e espero ter feito o mesmo por ela. Algumas coisas que ela me deu viraram traços agudos da minha personalidade. E eu sou grata (muito grata!) por ter encontrado a Márcia nessa vida e podido sentir o seu amor, e ter dado o meu. 

Pequenos Textos Aleatórios De Alguém Mais Aleatório AindaWhere stories live. Discover now