Prólogo: Ante mortem

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19 de novembro.

06:01H

Uma dor intensa no meu peito como se o mesmo fosse explodir de tanta dor. Essa é a última coisa que sinto antes de chocar minhas costas contra o chão gélido envolto pela escuridão.

A dor que se faz presente é mais forte do que eu. Me fazendo contorcer de dor no chão com a mão no peito. Sinto como se meu coração estivesse sendo esmagado com ambas as mãos.

E mesmo com a visão turva, tento me sentar para processar essa dor repentina. Uma tarefa quase impossível, mas alguns minutos são suficiente para finalmente me pôr em pé,

Meu corpo inteiro está quente, uma ardência que não cessa nem sequer por 1 segundo me fazendo cambalear. Foco minha vista nas pedrinhas pequenas que se encontram no chão, porém, percorrendo cada uma delas consigo ver logo onde eu estava deitado a minutos atrás.

Em meio às pequenas pedras, estático, sem reação alguma, sem vida alguma, meu corpo se encontra desacordado.

- Não, não, não, não.... - Me agacho ao lado do meu próprio corpo tendo quase certeza de meus pensamentos.

Com os olhos marejados, sinto meu peito se comprimir, quase a mesma sensação de antes. Eu não consigo entender.

Como? - Me pergunto mesmo sabendo que nenhuma resposta virá, agora olhando diretamente para o meu corpo.

Esse sou eu no chão, mas como?

Em total escuridão, forço minha mente a lembrar-se, mas nada vem. Apenas um escuro e um sentimento horrível preenche o meu peito, como se meu bem mais valioso tivesse sido arrancado de mim, a minha vida.

Eu estou morto?

Olho para os lados tentando entender que merda de situação é essa. Eu estou na beira de um penhasco, tudo à minha volta está estranhamente escuro e daqui de cima consigo ouvir as águas batendo nas rochas logo abaixo. Apenas isso.

Não há sangue, não há sinais de luta, não há nada que mostre como eu parei aqui. Somente a escuridão que se faz presente, me dificultando enxergar detalhes no meu próprio corpo já sem vida.

- AAAAAAAAAAAAAA! - Grito em plenos pulmões, grito o mais alto que eu consigo, com toda a força que ainda me resta.

Talvez assim alguém consiga me achar aqui. Talvez possam me ajudar, só talvez. Meus gritos soam o mais alto e agudo que eu consigo, liberando toda a minha frustração, medo, angústia e receio.

- Eu não morri, não é isso! Eu só estou... estou aqui. - Falo comigo mesmo para assim entrar de vez na minha cabeça.

Eu não morri, isso não pode acontecer, eu não deveria estar morto. Eu nem sei ao menos o que eu fiz para ter parado aqui.

Concentrando toda minha atenção no meu rosto já pálido e completamente sem vida, estico minha mão para assim tocá-lo. Ainda com certo receio, volto minha mão sem ter certeza das minhas atitudes.

Eu me recuso a aceitar que isso está acontecendo mesmo, e se eu tocar no meu corpo, será a comprovação de que esse realmente é o meu fim.

Um barulho me força a sair de meus pensamentos, um bagulho como se fosse o som de pneus raspando no chão em alta velocidade.

Onde? - Ao que me dou conta, já estou correndo em direção ao som, saindo de perto do meu corpo.

O caminho escuro, contrário à beira do penhasco, me leva até uma estrada que também se encontra sem iluminação alguma, apenas os faróis do carro que se aproxima em alta velocidade.

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⏰ Última actualización: Dec 14, 2021 ⏰

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CEIFEIRO 601 • jjk + pjmDonde viven las historias. Descúbrelo ahora