Aмor Eɴɴóια

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Amor Devotamento

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Amor Devotamento.

Se expressa pelo devotamento, pelo dom e pela grande generosidade. Esse amor nada espera em troca e se doa o tempo inteiro pelos outros.

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"Se comportem, meninos" - o mais velho sussurrou, a voz de mel aerada e macia, receoso de acordar os dois garotinhos que se amontoavam no pequeno colchão, dividindo um cobertor fino demais para o inverno rigoroso. Ambos pareciam pequenos demais aos olhos atentos de seu cuidador, desamparados demais, frente às paredes manchadas pela umidade e de cor cinza que lhes dava um aspecto um tanto pálido. Tão, tão pequenos, em um mundo tão grande.

O jovem fechou a porta do que chamava de apartamento, parando ali por um instante, com uma mão sobre os lábios. Ele chorava baixinho, em um dos momentos que achou difícil perseverar e ser segurança onde a agonia do vazio medra, mas que sempre tinha que frutificar a mitigar a fome. Ele, que era a rocha, precisaria construir em si a fortaleza para mais um dia.

Tratou de limpar as lágrimas, repetindo para si mesmo que conseguiriam atravessar mais uma semana e que pensaria em algo para trazer para casa à noite. Se relembrou de que agora conseguira um novo emprego e que seria o suficiente para melhorar as condições em que viviam.

Respirou fundo, sentindo o ar gélido lhe preencher os pulmões, fazendo-os pesar um tanto. Mas prosseguiu mesmo assim, aceitando o início de mais um dia na cidade cinzenta pelas nuvens de chuva e pelo carvão que queimava em tantas chaminés. 

Olhava as ruas com uma careta de desgosto enquanto caminhava. As mãos escondidas nos bolsos do segundo casaco mais grosso que tinha - o primeiro estava com seu mais novo, depois que este tinha começado a tossir na véspera. Os lábios permaneciam numa linha fina, enquanto seu instinto o dizia para umedecê-los, mas seu cérebro lhe lembrava que o ato só os deixariam mais ressecados.

Foi daquela forma, carrancudo, que ouviu a voz dele. A risada daquele músico intrometido - meigo, belo e atrevido - que tinha o (des)prazer de encontrar todas as manhãs.

"Bom dia, senhor" - o homem disse, apenas para incomodá-lo. Claramente era de sua idade, talvez um ou dois anos mais velho - não conseguia decidir direito, pois se o queixo masculino dizia de sua madurez, as maçãs do rosto lhe davam jovialidade. Fosse como fosse, ainda o incomodava o fato de chamá-lo de 'senhor'.

"Bom dia, senhor músico" - respondeu, como respondia todos os dias. Olhou seu relógio de bolso, vendo o mesmo horário de todos os dias. Porém, daquela vez, suspirou profundamente com o simples dedilhado que o outro fazia. Era tão, tão talentoso. E, ainda assim, quase nunca haviam trocados no chapéu que tinha ao lado de si na calçada.

"Por que você-" - começou a falar de repente, mas mordeu a própria bochecha a fim de não dizer nada indelicado. - "Por que você... não põe o estojo do seu violão aberto?" - questionou, apontando com a cabeça para o pequeno chapéu desgastado. - "Poderia esquentar a cabeça e não teria o branco da neve nesse cabelo. Ruivo é bonito" - adicionou a última parte sem saber o motivo.

˚⁀➷。Todos os Tipos de AmorWhere stories live. Discover now