Capítulo 4

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Acordo e sinto um peso do lado esquerdo da minha cama... Rob. Ele está com seus cabelos úmidos, e um sorriso estampado no rosto como se quisesse me tranquilizar e dizer que está tudo bem. Porém, nada funciona dessa maneira.

Quero dizer, aconteceu, mas não há mais o que mudar. A não ser o fato de que o assassino está solto por aqui, e que, provavelmente, vai ficar impune, já que ninguém consegue provar nada. O que automaticamente traz o peso todo pra mim, a única suspeita do crime.

- Bom dia, Anne!

Espreguiço-me, e faço um coque nos cabelos.

- Bom dia, Rob! O que faz aqui tão cedo?

Ele beija minha mão, mas logo levanto para lavar o rosto e escovar os dentes.

Quando saio do banheiro, ele está na janela, observando a rua. Reparo o quanto seu corpo é bonito. Forte, mas sem exageros, alto, com um bom traseiro também.

Sorrio sozinha. Nunca tivemos nada, apesar dele ser tão lindo e demonstrar interesse.

- Vim saber como você está. Seu pai me falou sobre a faixa que colocaram aqui fora. – ela vira pra mim – Você tem que sair mais, Anne. Ele disse que esses dias tem ficado trancada aqui, o máximo que saiu foi pra casa da Meg. Não pode continuar assim.

- Eu sei. Mas é tudo tão louco, recente... Não sei. Não tenho ânimo.

- Bom... Você vai calçar um tênis e sair pra caminhar um pouco comigo. Depois passaremos em uma Starbucks e tomamos nosso café da manhã.

- Ah não, Rob! Prefiro ficar em casa mesmo.

Sento na cama, mas logo ele me puxa.

- Qual é Anne? Cadê aquela menina determinada? Vamos lá. Não vou permitir que se martirize assim.

Rob vai até meu closet e não demora muito pra que ele volte com meus tênis. Sempre esteve por aqui, e já se sente bem a vontade. Minha mãe o adora. O sonho dela sempre foi ver nós dois namorando. Conheço o Rob desde que nasci. Seus pais moravam aqui vizinho, mas compraram uma casa maior há algumas ruas daqui. Ele também ficou amigo de Meg na mesma época que eu, quando os apresentei no meu aniversário. Ele é dois anos mais velho, e sempre foi protetor com nós duas.

- Ok! Você venceu.

Ele sorri triunfante.

Visto uma calça de ginástica, uma camisa de mangas, e calço meu tênis. Para prevenir, acabo colocando um boné, e pego meus óculos escuros.  Logo desço com ele, e minha mãe sorri quando nos vê.

- Enfim você conseguiu tirar essa menina de casa. Que alívio!

Comemora.

- Ora... Ela nunca resiste a mim.

- Que convencido. Vamos lá antes que eu desista de correr com você.

Dou um beijo no topo da cabeça da minha mãe, e saio.

Fazemos alongamento antes de começar a caminhada. Vamos devagar, pelo canto da pista, um do lado do outro.

Gosto daqui porque é tranquilo. As árvores estão espalhadas por todo o lugar, o que torna o ambiente mais fresco. A cidade é bem pequena, e pacata. O único problema é porque todo mundo sabe da vida do vizinho. E posso jurar que a minha vida e meu nome é o que tem mais sido pronunciado por aqui ultimamente. Não foi a toa que optei pelo boné e os óculos. Quero evitar o olhar das pessoas em mim.

Começamos aos poucos, andando. Mas não demora muito para acelerarmos o ritmo. A vantagem de se correr com alguém é que a pessoa não vai puxar assunto com você. Eu amo conversar com meu amigo, mas a única coisa que preciso é de silencio. A companhia dele já é o suficiente pra mim. Sinto-me protegida.

Paixão obsessivaOnde histórias criam vida. Descubra agora