Epílogo

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Os preparativos para o casamento mantiveram Aera ocupada; provas de vestimenta, convites e organização da cerimônia, tomavam a maior parte de seus dias. Uma serva casando com um nobre gerava um burburinho na sociedade, especulações de todo o tipo circulavam pela cidade. Alguns diziam ser uma linda história de amor, outros acusavam a garota de ter seduzido o patrão em luto. Aera decidiu ignorar boatos descabidos, já possuía pensamentos demais acerca do enlace, não precisava de mais. 

   A companhia da rainha tornou-se um hábito, Chaeryung a convidava para tomar chá e a levava até as melhores costureiras do reino. O tempo também era usado para ensinar algumas regras de etiqueta para Aera, afinal se casaria com um nobre. Assim que a notícia chegou aos ouvidos da senhora Park, dizer que a matriarca ficou furiosa seria um eufemismo, seu descontentamento era quase palpável; foi destilado através de uma carta, que logo chegou às mãos de Jimin.

  No pergaminho, com uma escrita extremamente refinada, podia se ler: " Temo que meu querido filho, esteja prestes a cravar uma espada em meu coração. Notícias aterradoras chegaram a mim, dizendo que você pretende se casar com uma criada. Jimin, a morte de Dawon foi um infortúnio e eu compreendo que tenha necessidades como um homem mas, casar-se com uma mal nascida é um ultraje. A linhagem de nossa família segue impecável a gerações, por favor não a macule. Atenciosamente, senhora Park. "

   Jimin não hesitou em deixar claro suas intenções, disse a mãe que se casaria com a mulher que amava, independente da aprovação da genitora. Como prometido, Chaeryung visitou a residência dos Park, e com um sorriso no rosto, informou a Chansook o que se sucederia caso a matriarca fizesse qualquer mal à nora. 

   Na véspera do casamento, sentia que iria perder o controle e isso nunca acontecia. Tinha certeza do amor que nutria por Jimin, mas os pensamentos a cerca da noite de núpcias e a vida depois, a deixavam agitada.

  — Se mantiver a calma, vai ficar tudo bem. — Chaeryung segurou a mão de Aera com gentileza.

   — As servas não tem tanto pudor como vocês, que foram criadas para serem doces e inocentes — Aera engoliu em seco. — Já ouvi as outras conversando sobre o que acontece.

   — Então o que lhe aflige? — Jiyu deixou a xícara de chá de lado.

   — Não tenho medo, sei que Jimin nunca me faria mal. Tenho vergonha — até mesmo as orelhas de Aera começaram a ficar vermelhas.

    Jimin a veria nua, por completo, até mesmo a cicatriz que ocupava de uma ponta a outra de suas costas.  Tal pensamento lhe causava pavor e excitação, uma vontade pulsante de explorar o desconhecido, contrastando com o medo do que era novo.

   — Podem apagar as velas — Chaeryung sugeriu.

    — Converse com ele, o Jimin vai entender — Jiyu ajeitou a postura.

   — No momento o que resta é me acalmar com chá — encheu a xícara. — Amanhã será um dia cheio.

  — Nós organizamos tudo em três meses — a rainha sorriu orgulhosa.

    — Foi bom para me distrair, o Jungkook ia enlouquecer junto comigo se eu não saísse um pouco de casa.

     Os preparativos ajudaram Jiyu a parar com a vontade constante de checar se o príncipe continuava vivo. Com o passar dos dias, finalmente entendeu que Jungkook não iria sumir, caso ela se afastasse por algumas horas.

    — Sou muito grata ao que fizeram por mim, teria sido difícil preparar tudo sozinha.

  ***

   Jiyu e Chaeryung já haviam se retirado para dormir, estavam hospedadas na casa de Jin já que o palácio era distante demais para que a viagem fosse feita em apenas um dia. Aera caminhava pelo jardim, a lua brilhava no céu escuro, iluminando o caminho da jovem.  Encarou a pilha de Dawon, cada pedra ali representava uma prece para aquela que se foi tão jovem. Em seu íntimo, Aera sabia que a mulher sempre seria uma parte da vida de Jimin e tudo bem, isso não mudava o amor que sentia. 

Shelter 《𝑱𝒖𝒏𝒈𝒌𝒐𝒐𝒌》Donde viven las historias. Descúbrelo ahora