Capítulo IX

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Assim que adentrei o quarto, me recordei de um detalhe muito importante e que me amedrontou no momento em que vi Zayn sentar — já sem sua jaqueta — na poltrona próxima a cama em que eu dormiria. Não percebi o momento exato em que o mesmo estava apenas de camiseta branca.

— Ei, o que pensa que está fazendo? — Indaguei, esperançosa para que ele vigiasse-me do outro lado da porta e não dentro do cômodo.

Ele abriu os olhos até então fechados e me encarou por um momento.

— Ah, que cabeça a minha! Já estava quase esquecendo — Disse ele levantando-se mais uma vez e revirando os bolsos de sua blusa volumosa de couro. De lá, tirou um par de algemas. Puxou meu braço e então hesitei. Seu rosto se contraiu em puro tédio — Não se preocupe, detetive. Não desejo nada de você em relação a isso. Não pense bobagens.

Em seguida prendeu um de seus lados no meu pulso e o outro na cabeceira da cama. Ótimo!

— Vai mesmo fazer isso? — Perguntei injuriada.

— Já fiz, não é?

Encarei seus braços expostos pela claridade da lua vinda da janela próxima a ele, observando cada um dos traços de suas tatuagens. Foi aí que lembrei.

— Você não vai tirar essa máscara ridícula do rosto? Não estamos num baile a fantasia — Observei como quem não queria nada, esperando o momento certo para ver seu rosto.

— Não. Durma, não quero que seu pai ache que estamos te maltratando, princesinha.

— Argh!

Suspirei alto em frustração. Isso seria complicado. Da forma como ele havia me  prendido, não era possível mexer-me muito, apenas deitar na cama. Além do mas, sua máscara era de tecido, estava claro que não a tiraria tão cedo pois não o incomodaria.

— Poderia fazer o favor de colocar a merda da sua jaqueta? Você não está sozinho — Insisti no silêncio da madrugada.

— Por que? — Ele se virou para o meu lado, onde a mim restava apenas a tentativa de procurar uma posição confortável para dormir, e sorriu maliciosamente — Não consegue parar de olhar? Eu até deixaria você tocar, se com isso não lhe desse chances para me matar.

— Não! — Neguei sentindo minhas bochechas queimarem — Só não acho adequado.

— "Adequado"? — Ele repetiu descrente — Você acha que tem algo de adequado em um sequestro?

Revirei os olhos que se mantinham fixos no teto desgastado.

— Eu quero um quarto só para mim — Avisei depois de um tempo quieta — Você poderia fazer o favor de sair e me vigiar do lado de fora?

Ele soltou um som de desdém.

— Quantos quartos e homens para dormir a detetive acha que existem nessa casa? Eu sei que você só quer que eu vá embora para então fugir por seja lá onde conseguiu à alguns minutos atrás.

Funguei mais uma vez. Me voltei para ele que se encontrava aconchegado na poltrona, em sua maior folga. Aquele colchão era desconfortável. Um total silêncio se instalou. Ele provavelmente estava quase dormindo, e se eu quisesse ter a chance de sair o mais rápido de lá, precisaria ser insistente.

— Quem é aquele garotinho? O Hassan? — Questionei.

— Você ainda está falando? —Rebateu ele com a voz baixa.

— Estou sem sono e meu braço dói porque um certo alguém, o prendeu com força!

— Ah! — Reclamou — Você é insuportável, detetive!

Stockholm Syndrome? I [Z.M]Where stories live. Discover now