Infiltrada

Capítulo 118

Vazio.

Só o que eu sinto é vazio e dor.

--- Ela está devastada Dean. --- Ouço meu pai falar.

Desvio o olhar pra xícara de chocolate quente na mesa de centro e então pra vista do apartamento de meu pai.

Eu tive a sorte de meu pai estar em Londres e poder me acolher, eu não teria pra onde ir se não fosse por ele.

Abraço mais minhas pernas dentro do edredom que me cobre dos ombros aos pés olhando a vista do céu azul após amanhecer.

--- Eu não sei se ela quer falar.

Engulo em seco ouvindo meu pai se aproximar, ele para ao meu lado e levanto a cabeça, ele está tampando onde se fala no celular.

--- Está bem pra falar com ele?

Eu penso por uns segundos piscando devagar e então me mexo esticando a mão.

--- Ela vai falar. --- Ele avisa e me entrega.

Avisa que vai me deixar à sós antes que eu ponha no ouvido.

Dean provavelmente ouve minha respiração pois suspira.

"--- Oi Mia."

"--- Oi."--- Murmuro ouvindo minha voz como um sussurro.

"--- Eu sinto muito por tudo que aconteceu, seu pai me contou o que você resumiu. Eles descobriram tudo?"

Sinto o nó em minha garganta e fungo, tento me controlar.

"--- Tudo. Cada mínima coisa sobre eu ser uma espiã, eles sabem."

"--- Eu realmente gostaria de estar com você agora pra te dar apoio."

Suspiro fundo e controlo minha voz.

"--- Eu acho de verdade que eu não quero seu apoio agora Dean."

"--- O quê? Por quê?"

"--- Todo o material que eles tinham ontem é arquivo confidencial da agência Dean, coisas que só você tem acesso."

Ele fica sem falar por uns segundos, não sei por choque, não sei se por ser culpado.

Eu me desvencilho do edredom e caminho até o janelão de chão ao teto.

"--- Você tem certeza Mia? Isso é uma coisa muito séria."

"--- Ou você entregou essas coisas pra alguém, ou você foi roubado Dean."--- Digo amarga.

"--- Que droga Mia, isso tudo é confidencial, acha que eu entregaria pra alguém? Principalmente você? Minha melhor agente?"

"--- Eu não sou sua agente!"