CAPÍTULO 6

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Quando o conde saiu, Isabella se deu conta de que ele a havia beijado, e que aquela fora a coisa mais maravilhosa que poderia ter-lhe acontecido.

Já percebera antes que todo o seu corpo vibrava ao vê-lo.

Quando rezara por ele na capela, fora uma oração que espontaneamente lhe brotara do fundo do coração.

No entanto, até o momento não pensara no conde como um homem comum, que pudesse sentir-se atraído por ela, e, muito menos, que viesse a amá-la.

Agora, porém, Isabella sabia que o que mais queria no mundo era o amor dele.

É claro que ela o amava!

Como poderia deixar de fazê-lo, sendo ele tão diferente de todos os homens que já conhecera, e tão atraente que mais parecia um deus grego?

— Além disso, havia algo dentro dela que respondia a tudo o que o conde dizia, a cada movimento que ele fazia e, agora, até aos seus lábios.

— Eu o amo! — disse ela para as estrelas, ao mesmo tempo em que pensava, desesperada, que ele nunca iria amá-la.

Sim, ele a beijara, mas fora o beijo gentil que qualquer homem daria em uma criança.

— Sou jovem e inexperiente demais — disse ela para si mesma. — Além do que, o conde jamais vai pensar em amar alguém, estando na situação em que se encontra no momento.

Mesmo assim, tinha de persuadi-lo de alguma forma a deixá-la ficar por mais algum tempo. Mas Isabella sabia que o conde estava preocupado com algo muito mais importante que aquilo.

Ele queria que sua casa voltasse a ser tão magnífica como já o fora no tempo de seu pai e de seu avô.

Ela tinha dinheiro, mas de que adiantaria dizer ao conde o quanto era rica?

Sabia que, se o fizesse, iria ferir-lhe o orgulho e torná-lo ainda mais agressivo do que já era.

Isabella remoeu o problema durante um longo tempo, ate que, sem descobrir nenhuma solução, adormeceu.

Ela acordou num sobressalto, assustando-se ainda mais ao perceber que o conde estava em pé ao lado de sua cama.

Quando viu que ela acordava, sentou-se na cama, ao seu lado. O dia já estava claro.

Sua silhueta estava recortada contra o dourado translúcido do sol, que ainda assim, a luz era fraca dentro do quarto e, embora fosse difícil para Isabella ver-lhe o rosto, podia indentificá-lo perfeitamente.

— Você está adorável esta manhã — disse ele gentilmente. Tudo o que acontecera de repente voltou à lembrança de Isabella, e ela gaguejou:

— O — o que aconteceu? O que... você fez? O conde inclinou-se e tomou-lhe a mão.

— Jacob ajudou-me a trazer o corpo de meu primo para casa — explicou ele. — Agora foi até a vila para trazer o médico e tentar descobrir se existe um caixão no qual possamos colocar o corpo de Aro o mais depressa possível.

Sua voz tornou-se grave, quando ele continuou:

— A morte dele aconteceu de forma tão bruta que, quanto menos pessoas o virem, melhor!

Os dedos de Isabella apertaram os do conde. — Agora você... está salvo! — murmurou ela.

— Sim, e tudo graças a você — replicou ele. — Se não tivesse me impedido de abrir a porta, eu teria saído, achando que um dos meus tigres estava com algum problema.

— Foram as galinhas-d'angola que me acordaram.

Acho que também foram suas orações — emendou o conde inesperadamente.

O CIRCO DOS SONHOS (VERSÃO CREPÚSCULO)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن