CAPÍTULO 45

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"Conheço os meus avós e sei o quanto ficam tristes quando escondo deles o fato de que estou mal. Não sei porquê faço isso, na verdade. É ridículo tentar fingir que estou bem quando está na cara que não estou. E por que me dou ao trabalho? Os quilos que perdi não mentem. As olheiras profundas sob os meus olhos não mentem. Minha falta de apetite não mente. Sei que tenho que fazer uma forcinha para melhorar, por eles, que me salvaram. Não posso continuar morrendo aos poucos. Seria egoísmo demais da minha parte."

Diário de Amélia, 10/04/2017

Amélia

Assim que coloco os pés na Forest Light, – a casa de festas mais prestigiada da cidade, – um suspiro de assombro e admiração deixa meus lábios: o local é ao ar livre, em meio a um jardim incrível no qual todas as árvores estão iluminadas com pisca-pisca dourados. Há uma belíssima fonte de água feita de pedra no meio do espaço gramado, que dá um toque mágico ao ambiente. Pequenas mesas com arranjos de flores intrincados em seu centro estão espalhadas por todo o perímetro do lugar, garçons serpenteando entre elas enquanto servem os mais variados tipos de drinques aos seus convidados. Um DJ bem popular está cuidando da música no palco onde logo mais os meninos irão se apresentar.

Seus instrumentos já estão a postos, cintilando em expectativa em seus devidos lugares. Noto que o suporte para microfone de Sebastian já está ajustado à altura dele e penso não pela primeira vez que isso é só o começo do sucesso deles. Festas como essas são apenas pequenas amostras do que o futuro reserva para a The Noisy.

— Que lugar lindo! — vovó comentou comigo, olhando com clara apreciação para cada aspecto da casa de festas escolhida para ser o local da celebração do lançamento da banda. — A decoração está impecável.

Concordei.

— Está tudo muito bonito mesmo. É uma pena que vovô não possa ter vindo com a gente, ele iria adorar ver os meninos tocando. — lamentei, ainda chateada por ele não ter podido desmarcar o compromisso que o impediu de estar aqui.

— É mesmo uma pena, mas haverá outras oportunidades. Além do que, ele pode assistir um vídeo depois.

— É, acho que a senhora está certa — assenti, não muito a fim de prolongar o assunto. — Está com sede? Quer procurar uma mesa?

Uma mulher vestida em um terninho preto se aproximou de nós, murmurando brevemente alguma coisa em um walkie-talkie antes de nos abordar:

— Com licença, você por acaso seria a senhorita Amélia Ruschel?

Pisquei.

— Sim?

— Bem vinda à Forest Light. A senhorita e a sua acompanhante estão inclusas na lista de familiares do senhor Dubrov, então possuem assentos reservados em uma mesa mais a frente. Sigam-me, por favor. — disse ela, liderando o caminho até uma das mesas mais próximas do palco, onde os pais de Sebastian já estavam acomodados.

— Samantha! Sean! — vovó os cumprimentou, ao passo que os dois abriram enormes sorrisos ao vê-la, se levantando para abraçá-la. (Uma coisa que nunca poderia se dizer a respeito de Melody Ruschel era que ela não era popular).

— Amélia, querida, como você está? — a mãe de Sebastian perguntou, beijando minha bochecha.

— Meio ansiosa, mas bem — respondi, com um sorriso. — Senhor Dubrov, como vai?

— Eu vou muito bem, Amélia, obrigado. — ele sorriu de volta, apesar de aparentar estar tenso. — Na verdade, estou igualzinho a você: ansioso. Um pouco nervoso, talvez, mas tudo sob controle.

Relatos de uma garota que não liga pra você Where stories live. Discover now