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CHAPTER THIRTY ONE

LET IT SNOW

SKYLER KINGSTON

Desde que saímos do estacionamento do shopping a neve caía espessa e branquinha por todos os lados. Era a coisa mais mágica que eu já havia visto, mas que não podia tocar.

De carro fomos direto para dentro do estacionamento do prédio de Louis, mas eu tentei não parecer emburrada ou chateada com isso e resisti arduamente à vontade de abrir a janela e tentar pegar um floco de neve pelo caminho todo, afinal, seria muito caipira da minha parte.

Todos ali haviam crescido com a neve caindo sobre suas cabeças todo ano, seria ridículo eu demonstrar o quanto aquilo era impressionante e excitante para mim. Não que fosse minha culpa não nevar no Brasil (com exceção do Rio Grande do Sul, se não estava enganada), mas eu me sentiria um tanto incomodada.

Bruno e Jesse subiram comigo, me impedindo de escapulir para fora do prédio ou alguma parte descoberta dele, para cumprimentar Louis e a família, da qual Bruno parecia íntimo. Bem íntimo.

Do tipo que bagunçou de modo implicante o cabelo de Issie e falava com Liz abertamente e os dois até riam enquanto ele experimentava algo que ela preparava na cozinha.

No sofá estavam três pessoas que eu não fazia idéia de por que estavam ali, mas que logo Louis as apresentou. Sua tia Beth e o marido Clark, e um primo de segundo grau de sua mãe, Roberto.

Todos sorriram simpáticos e eu tentei ser igualmente simpática. Jesse arrumou os pacotes na base da árvore antes de almoçarmos. Quando ela e Bruno se despediram, ela prometeu entregar todos os presentes hoje, exceto o de Tyler, que entregaria amanhã. E, é claro, ela fez questão de sussurrar em meu ouvido um "Conte logo" enquanto me abraçava forte.

Logo eu descobri que Roberto era um cara divertido, mas o casal Beth e Clark eram do tipo conservadores e fizeram uma careta ao perceber as mechas coloridas em meu cabelo. Eles tinham uma filha de doze anos e com certeza eu era um pesadelo pra eles. Isso porque eles não sabiam nem metade da história.

Mas a filha estava na casa de outra tia de Louis, cujas não se deram ao trabalho de passar aqui, apenas fizeram rápidas ligações. É claro, o casal também já estava de saída, só vieram almoçar e já estava indo para a casa da outra irmã de Liz, onde passariam o Natal.

Roberto era o único que permaneceria. Ele tinha vinte e quatro anos, mas parecia ter a idade de Louis enquanto os dois riam alto na sala.

Beth já passava dos quarenta, assim como o marido, e era bastante inconveniente em suas perguntas a Louis, as quais pareciam conseguir sempre desviar o caminho para sua cegueira e como ele pretendia ter algum futuro daquele jeito.

Eles não faziam idéia de que eu iria morar com Louis em pouco tempo. Ninguém naquela sala sabia que eu estava grávida. E mesmo assim as perguntas conseguiam ser tão maldosas e cortantes para mim quanto para ele.

Eu não conseguia pensar em algo para livrar Louis da conversa com seus tios, e ele devia sentir saudade deles, de alguma forma. Então tudo o que eu me resumi a fazer foi sentar em um canto afastado da sala em frente à janela e observar a neve cair pelo vidro embaçado.

Eu queria tanto poder tocá-la. Mas meus pensamentos logo estavam longe dos pedaços macios de céu que caíam graciosamente.

Eu estava começando a sentir o peso daquilo tudo, começando a entender o que iríamos enfrentar. O que maldição eu estava pensando, que tudo seriam flores e dois adolescentes totalmente despreparados e inconsequentes, sem quase nenhuma experiência de vida, e um deles ainda sendo cego, criariam uma criança sem qualquer problema? Como eu podia ter sido tão burra ao ponto de engravidar?

until the end for you ➾ Louis PartridgeWhere stories live. Discover now