Gray Fur | Shin Soukoku

12

Atsuhi estava agoniado. Ele não aguentava mais o silêncio, mais especificamente, o silêncio de Ryūnosuke. Há uma semana atrás quando ele voltou para casa, o de cabelos pretos disse brevemente que ele havia sido classificado como guardião da Kyōka, e que eles morariam juntos. Após isso, ele não dirigiu nenhuma palavra sequer ao acinzentado.

Mesmo que as vezes ele passasse dias conversando com Kyōka, e que Gin falasse com ele no formato de gato, o silêncio estava o matando. Era mais um dia o qual Ryūnosuke não falava com ele, mais um dia que ele saia de casa sem dizer nada.

Ryūnosuke havia sido chamado na empresa. Como qualquer outro dia, ele ignorou seus pensamentos, ligou o carro e começou a dirigir. Quando chegou no local, ele foi designado para uma sala onde estava Doppo Kunikida e Oda Sakunosuke. Ambos estavam tão concentrados em sua conversa que não reparam a presença do mais novo. Eles discutiam sobre algo, e havia vários papéis soltos pela entre eles.

Ryūnosuke tentou ler mesmo de longe, mas a única coisa que reparou foi a peça de xadrez dentro de um quadrado. Torre, o que significava que era um caso de resgate.¹ 

— Mayumi Hayami, — começou Oda chamando a atenção de Ryūnosuke — casada com Michio Hayami, que a maltrata sempre que pode. Segundo ele, sua esposa é um demônio e por causa disso hoje em dia ele faz um show uma vez ao mês para mostrar as pessoas o que ela faz.

— A qual família ela pertence? — perguntou Ryūnosuke

— Não temos ideia, a única coisa que sabemos é que haverá um show daqui a 4 dias, onde iremos salvá-la. Não importa como. — respondeu Doppo.

Ryūnosuke assentiu, e Oda entregou um formulário para ele. Após isso, outras pessoas entraram na sala para que pudessem conversar sobre o caso. Outros agentes que faziam parte da polícia² também estavam presentes. A reunião durou 3 horas, com bastante opiniões e planos. Como algumas pessoas tinham outros afazeres, foi decidido que todos os dias — até a missão — seria dedicado para a formação do plano.

Todos saíram da sala, restando apenas Oda e Ryūnosuke, e quando o moreno iria sair, o ruivo disse:

— Da próxima vez, traga o Atsushi, eu soube que ele ficou como a sua dupla.

Ryūnosuke engoliu em seco e se virou para Oda. Quando Sakunosuke riu, Akutagawa percebeu que não precisava dizer mais nada. Todos eram um livro aberto para Oda, e Ryūnosuke também não escaparia disso.

— Você quer conversar? — perguntou ele.

Ryūnosuke fechou a porta que havia aberto pela metade, e voltou para a mesa, se sentando a frente do ruivo.

— Eu.. — começou Ryūnosuke enquanto juntava suas mãos — acho que ele não deveria ir.

— Por que não? Eu não acho que você acredita que o caso será difícil para ele.

— Ele não deveria ir.

— Você está com raiva dele. Por quê?

— Eu não estou com raiva dele! — disse aumentado seu tom de voz, mas quando olhou nos olhos de Oda,  tentou se acalmar — Ele... — Ryūnosuke se levantou e encostou na parede — Ele é irresponsável demais.

— Por que?

— Porque ele é!

— É por causa do caso da Kyōka?

Akutagawa não respondeu.

— Você não confia nele?

Novamente, sem resposta.

— Osamu já fez a mesma coisa uma vez. Em um dos primeiros caso dele, eu era a sua dupla. Ele simplesmente não me contou aonde ia, e depois de três dias apareceu com a pessoa que estávamos responsáveis. Sabe, eu me senti um pouco traído. — Oda se levantou, atravessou a mesa e encosto nela ficando de frente para Ryūnosuke — Ele simplesmente não me contou nada, e só foi. E depois voltou, e também não disse nada de novo.