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Narrado;

Taehyung suspira enquanto vê Olívia entrar na escola de forma tímida. Não sabia como estava conseguindo ficar de pé, o programa da noite passada havia sido pesad; foram três homens que o procuraram e o pagaram uma grana que ele jamais recusaria, logo em seguida o empresário Jeon Jisung  pagou o dobro para lhe usar durante toda noite, até às cinco da manhã, mas em compensação o levou para casa. Estava com tanta dor no corpo que ele tinha certeza que não iria conseguir trabalhar naquela madrugada.

-Você está bem?-Ouve uma voz suava ao seu lado, era uma voz que ele tinha algumas recordações, há umas...três noites atrás?

Ao olhar para o dono da voz tem certeza de que era realmente o cara para quem prestou serviço três noite atrás e na madrugada passada o pai também o procurou. Jeon JungKook.

-Estou sim, porque não estaria?-Tenta não soar rude, mas era muito difícil ser gentil quando não se sabia as intenções da pessoa e ele não estava acostumado em ser tratado com gentileza por pessoas que não fossem sua filha e amiga.

Jungkook o avaliou de cima a baixo e deu de ombros.

-Você parece estar com dor.-Explicou enquanto colocava as mãos no bolso.-Pensei que poderia estar passando mal.

Ambos não se encaravam, olhavam para frente, para a fachada da escola conceituada em que os filhos estudavam, Taehyung não estava confortável e Jungkook não sabia como reverter aquilo.

-Eu soube que meu filho estuda na mesma sala que sua filha.-Comenta de forma descontraída e Taehyung suspira.-Somos novos aqui, então eu pensei que eles poderiam se tornar amigos, sabe? Ele não é bom em se socializar e você é o primeiro pai que eu tenho contato aqui e o que me parece ser mais...humano.

Taehyung o olha confuso, mesmo tendo noção dos tipos de pessoas que tinham os filhos matriculados ali, com certeza já envenenaram a cabeça do Moreno e ele mesmo já havia tido contato diretamente com a profissão de Taehyung, então o que de tão desumano teriam feito para que ele chegasse a essa conclusão?

Taehyung ri sem humor.

-Achei que fosse dizer que pareço ser o mais exemplar.-A frase escapa de forma ácida e Jungkook apenas nega com a cabeça e ri soprado.-Você mesmo viu.

Havia uma pitada de segundas intenções naquela última frase.

-É, e gostaria de ver de novo.-Morde os lábios e olha em direção a Taehyung, que olhava para baixo enquanto sorria sinico.-Mas eu odeio pessoas que se metem na vida das outras sem ao menos se dar o trabalho de saber de tudo por trás, e foi exatamente isso que eu observei na maioria dos pais dessa escola.-Cruza os braços.-E eu também acho que eles têm inveja de você.

Taehyung solta uma gargalhada alta e debochada enquanto cobre a boca com uma das mãos, em seguida coloca uma mecha do cabelo atrás da orelha.

-Inveja de mim?-Seu tom era amargurado.-Eu te garanto que eles têm tudo menos inveja de mim, sério, vão ter inveja do quê?-Olha para Jungkook de forma séria.

O Jeon balança os ombros e se encosta na árvore que havia ali perto.

-Porque você sabe foder e satisfaz os companheiros deles e isso deixa eles se mordendo de ódio!?-Sorri malicioso enquanto morde os lábios e olha de forma desejosa para o loiro, que sorri de mesmo modo.

O Kim olha para o moreno de cima a baixo e morde os lábios, em seguida acaricia o lábio inferior com o indicador de forma sensual.

-Sabe, eu até daria pra você hoje e agora, de graça, mas eu estou meio...dolorido.-finge uma carinha inocente com um biquinho triste e Jungkook quase arrastou ele para seu carro e...só Deus sabe.-E eu acho melhor eu ir, não é bom pra sua imagem ser visto aqui comigo.

Se afasta do moreno enquanto caminhava para longe com as mãos nos bolsos do sobretudo caramelo que usava; Jungkook observou o jovem rapaz de postura impecável sumir ao virar uma esquina e suspira de forma frustrada. Queria muito se aproximar de Taehyung e construir uma amizade com ele, mas o Kim parecia ser muito arisco e desconfiado, e com apenas essa conversa ele teve certeza de que não seria fácil.

-Facilita pra mim, Taehyung!-Jungkook sussurra para ele mesmo e entra em seu carro, indo em direção a empresa do pai, para não ficar no tédio em casa.

Jungkook não trabalhava, não havia o por que também. Seu pai era um empresário conhecido em toda Coréia por sua rede de supermercados, e como Jungkook era seu único filho, depois de muitos anos de tratamentos para conseguir ter o seu tão sonhado herdeiro, era claro que ele trataria o filho como um rei; então a vida de Jungkook era cuidar do filho e apenas isso. E com a chegada do Neto, o Sr. Jeon se tornou ainda mais bobo e a quantia que entrava na conta do filho dobrou.

Ele podia sim dizer que tinha a vida perfeita.

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Taehyung  havia chegado em casa e a primeira coisa que fez foi se dopar com analgésicos. Não iria trabalhar naquela noite e Doroty havia pedido para levar Olívia para uma festa de pijama que sua priminha faria, e como a menininha nunca havia ido em uma festa infantil e Taehyung estava morto de cansado, não pensou duas vezes em permitir. Poderia passar o dia sem se preocupar com uma criança gritando em seu pé do ouvido, em fingir que não estava morto de cansado, em ter que lidar com homens que não entendiam que ele sentia dor e que não era um boneco. Era o dia perfeito para ele.

Não que ele não amasse a filha e que ela fosse um peso em sua vida, mas às vezes ele só queria paz, ficar em silêncio e não respondendo perguntas que nem ele sabia a respostas, e às vezes se sentia mal por isso.

Quando seu corpo relaxou na cama ele sentiu como realmente estava com dor por todo corpo; sua mandíbula doía, suas pernas, tudo. Era tão frustrante ouvir de alguns jovens que trabalhar com prostituição era uma das melhores coisas do mundo, pois segundo eles seria dois coelhos numa cajadada só, você transaria e ainda receberia por isso. Tão idiotas e iludidos.

Taehyung não conseguiria por em um papel todas as humilhações que já passou, as violências que já sofreu, todos os danos psicológicos que esse trabalho o causou, e ainda tinham as pessoas preconceituosas, que eram em maioria naquele país e em muitos outros, já escutou tanta coisa maldosa e podre de pessoas nas ruas que ele nem se afetava mais, foi muito mais doloroso ser abandonado por aqueles que amava. As palavras ruins eram fichinha perto dos dias em que viu sua filha chorar de fome com um ano de idade e ele não poder fazer nada; foi terrivelmente doloroso ver seus pais lhe virarem as costas Junto com todos os parentes, e mais doloroso ainda foi procurar por seu primeiro e único amor e perceber que ele não estava lá também; Na verdade ainda era muito doloroso ir procurar um emprego 'decente' e receber um 'não' Ou ouvir "Aqui não é um prostibulo!".

Não iria mentir e dizer que não ganhava bem vendendo o corpo, pois ele ganhava; tinha um bom apartamento quitado, sua filha estudava em uma escola de nome renomado, tinha roupas de grife e tudo o que tivesse vontade e uma conta poupança que conseguiria o manter bem por uns três anos, mas seu dinheiro não conseguia curar seu psicológico,  seus traumas, seu ódio enraizado por todos aqueles que lhe apontaram o dedo quando mais precisou, sua incapacidade de sentir amor por alguém de forma romântica, de se permitir ser feliz sem medo de ser largado para trás. As pessoas só o enxergavam como um debochado, insensível, frio e que vendia o corpo para manter seus luxos e que não sabia quem era o pai de sua filha.

E Taehyung não fazia questão nenhuma de desmentir os boatos, também, que diferença faria? Quem iria acreditar nas palavras de um jovem de vinte e três anos, que tinha uma filha de sete, morava em um apartamento caro e durante a noite fodia com homens desconhecidos por dinheiro? Não valia a pena gastar sua garganta com essas pessoas, logo sua garganta que lhe dava tanto dinheiro e o levou ao sucesso na profissão.

As pessoas tendem a se tornar vazias quando machucadas demais.

HE💲Kth×Jjk🍷Onde histórias criam vida. Descubra agora