3. Colecionando

127 14 11
                                    

Marcela Mc Gowan

A minha vida desmoronou. Todos esses anos que se passaram, foram como um teste de resistência do qual eu muito provavelmente perdi. Do que adianta ter todo o dinheiro do mundo se eu sempre me sentirei pobre de tudo que eu realmente preciso?

Há alguns anos eu venho procurando uma felicidade que sei que não poderei encontrar. Talvez, nunca mais. Essa é a dura realidade. E, sinceramente, acho que já me conformei com ela. Não que doa menos por isso

Hoje, me vejo uma adulta longe de tudo que um dia sonhei pra mim. E me sinto uma verdadeira babaca por isso. Por que parei minha vida, deixei de acreditar em tudo que eu acreditava? Então, eu tive o meu coração partido.

Mas daí você me pergunta como? Depende. Pode ter sido quando a mulher da minha vida decidiu me trocar pela fortuna que sua família tinha a lhe oferecer? Ou quando eu resolvi dar uma chance ao Eduardo, e então ele fez tudo parecer o céu. Eu pude acreditar que o amaria um dia

Até que ele começou a querer dar passos maiores do que eu estava disposta. Passamos a morar juntos e eu sabia que não era isso que eu queria, mas eu me esforçava.

Depois que a desgraçada que um dia chamei de amor me abandou, meus pais ficaram contentes e então decidiram que eu poderia voltar a participar dos eventos da família Mc Gowan, afinal, na mente deles, eu deixaria de ser bissexual por isso.

Em uma das muitas festas insuportáveis que eu fui, meu pai convidou a família de Eduardo, e então, conheci ele. Que se disse encantado no mesmo instante. Meu pai, como queria me casar a qualquer custo, achou ótima a ideia de me jogar pra cima dele

Mas na realidade, eu gostei mesmo foi de sua mãe.

É óbvio que meu pai não saberia disso, não é? Eu não queria e nem podia estragar a relação com minha família de novo. No final das contas, só eles não me abandonam

Quando aceitei Eduardo, pensei que seria a maior libertação da minha vida. O que eu não sabia era que seria proibida de sair para qualquer lugar e de vestir as minhas roupas. Como se isso não fosse suficiente, eu era espancada.

Demorou muito tempo, mas consegui pedir ajuda.

Flashback On
- Volte na delegacia e desminta tudo que falou sobre Eduardo. - Éric esbravejou

- Pai, pelo amor de deus. Consegue entender a gravidade do que está acontecendo? Ele está tirando minha liberdade! Está me batendo!

- Marcela, não o culpe assim. Eduardo vem das melhores famílias e tem a melhor educação possível. A culpa não é dele por você agir como uma garotinha mimada e inconsequente. Já chega disso.

- Você acha que ele está certo? - Perguntei já sabendo a resposta

- É claro que sim! Você pede por esse tipo de comportamento. Não se coloca no seu lugar e ele tem que fazer isso por você, pois é seu noivo.

- Cala a boca! Tem noção do que está dizendo?

- Você acha mesmo que irá arranjar alguém melhor do que ele? Marcela! A Bicalho não foi capaz de te fazer entender que o amor não existe? Minha filha, tudo é questão de negócios.

- Tire Bicalho da conversa, pois não tem nada a ver com isso. - Falei com a voz embargada.

- Aceite, Marcela. Aquela sapatão dos infernos só agiu como qualquer garoto babaca. Usou seu corpo e sumiu. Por isso lhe digo, fique com Eduardo. Ao invés dele fugir por ver seus defeitos, ele tenta os concertar. Valorize isso.

To BelongWhere stories live. Discover now