Exagerados

0.1

  A história de Hugo e Verônica começou logo no início de suas vidas. Os dois eram colegas de creche, e em todos os eventos da escolinha suas mães ficavam loucas correndo atrás deles.
  Nem mesmo o tempo era capaz de separar os dois. Eram como carne e unha. Obviamente, eles tiveram suas brigas apesar de estarem quase sempre em harmonia.
  A primeira delas foi no ensino fundamental II. Ambos com seus onze anos. Verônica gostava de um menino ruivo muito tímido que era seu colega, e quando Hugo descobriu, ficou desolado.
  Como poderia Verônica, sua amiga de tantos anos trocar ele tão facilmente? Hugo confrontou ela, e Verônica chorou muito no recreio. Não conversaram por uma aula inteira.
  Ano vai ano vem, e os dois já estavam na oitava, quase nona série. Se afastaram, apesar de sentirem falta um do outro. As coisas pareciam não se encaixar mais. Verônica tinha mudado muito desde que tinha seus onze anos, agora ela tinha curvas, e isso deixava Hugo muito confuso.
  Basicamente, a falta de conexão deles se devia a algo que nenhum ser humano consegue escapar: A puberdade. Com a mudança corpórea, Verônica passou a andar com as meninas "populares", e deixou Hugo de lado.
  Hugo não havia mudado tanto. Ele continuava magrinho, com os cabelos castanhos bagunçados, e os olhos cor de lama. O que poderia se dizer diferente, ou em processo de mudança, era sua voz que estava em constantes mudanças na entonação.
  A oitava série acabou. As férias de verão chegaram, e a mãe de Hugo achava que devia algumas explicações sobre o pai dele, que o próprio nunca conheceu.
  O nome da mãe de Hugo é Grazielle. E dona Grazielle decidiu que seu filho merecia ter um pai. Ela mandou uma mensagem para o homem que tinha engravidado ela, avisando que o filho deles Hugo, passaria um ano com ele.
  Então tudo foi combinado. Hugo entraria um avião para a Inglaterra, e faria a nona série lá. Depois de um ano, ele voltaria. Apesar de Hugo relutar alegando não querer saber nada sobre o homem que abandonou ele e sua mãe, não pode recusar. Ele era menor de idade, quem mandava nele era sua mãe, e Deus o livre irritá-la.
  Verônica só soube que seu amigo tinha ido no dia da volta às aulas. Hugo havia virado uma grande fofoca na escola, e os boatos corriam soltos.
"Ouvi dizer que ele teve de fugir do país por tráfico de drogas."
  "Ele foi embora por ser um espião que trabalha para os Illuminati!"
  "A verdade é que ele foi embora por causa da Verônica. Nas férias ele se declarou e ela recusou. Ele não aguentou a tristeza e foi pra longe, tipo bem longe. Vietnã."
  Esses foram alguns dos absurdos que ela escutou no seu primeiro dia de aula. Verônica passou a frequentar as festas de suas amigas, e inclusive arranjou um namorado.
  Daniel, o namorado de Verônica, era um doce. A família dela amava ele. Ele comprava flores e presentinhos frequentes para sua namorada, e seguia ela de um lado para o outro. Além de ser um dos meninos da lista "CMGDE" (Caras Mais Gatos Da Escola, no terceiro lugar).
  Apesar de ter tido um maravilhoso nono ano, ela se sentia vazia. Parecia que nada do que ela fez no ano havia valido a pena. As festas, as bebedeiras, os beijos e o namorado.
  Porém ela sorriu e disse "Feliz ano novo!" como se nada estivesse errado.
  E esse vazio só pareceu sumir no seu primeiro dia de aula no ensino médio, quando esbarrou em um cara no corredor.
  O que nos leva ao presente, quando eles se reencontraram. Porém agora  Hugo estava mudado, e estava disposto a balançar com o coração de todas garotas.