36. Tempo é o nome certo

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JEON JUNGKOOK | 04:40am

— Você não ligou para minha omma, né? — Questionei baixo, sentindo minha garganta queimar abruptamente.

Jimin que estava deitado na poltrona reclinável, suspirou. Negando, para meu total agradecimento. Minha mãe não precisava de mais problemas na vida dela, ela já tinha muitos. Eu não estava disposto a ser um problema.

Um suspiro aliviado escapou de meus lábios e Jimin ainda me observava, voltando o olhar em direção a medicação na veia que eu estava recebendo. Meus ombros se encolheram rapidamente e eu mudei minha visão para a janela, passando a encará-la.

— Como você se sente? — Eu ri, logo, pude vê-lo franzir as sobrancelhas.

— Ainda tem a capacidade de me perguntar como eu estou? Não tá vendo que eu tô na merda cara? Olha para os meus olhos, olha pra minha situação, acha mesmo que eu tô me sentindo bem? — Jimin respirou fundo, passando as mãos contra o rosto.

— Pelo menos você não tá morto. — Deu de ombros, e sem pensar duas vezes, eu lancei contra ele o copo de plástico. Este que acertou bem na sua mão, ele riu.

— Acredito que se tivesse morto seria melhor. — Comentei baixo. E por Jimin ouvir, ele se inclinou, beliscando minha perna. Chutei sua mão e ele revirou os olhos.

— Por que vocês jovens acham que é o fim do mundo terminar um relacionamento? Por Deus, a vida não acabou. — Ele responde, como se eu estar me sentindo péssimo fosse um drama.

— Você diz isso porque nunca sentiu nada por ninguém. Mas, quando se apaixonar de verdade, garanto que vai se sentir exatamente dessa forma.

— Você só tá assim porque você quis. Todos avisamos você, desde o início para falar pra ela. Mas, você se fez de surdo. — Jimin comentou, dando de ombros.

— Acho que você não compreende o que é sentir medo, Jimin. Em toda minha vida, eu nunca tive medo de nada. Nem mesmo de morrer por causa dessas porras que somos envolvidos, porque somos conscientes de que uma hora ou outra, alguma merda pode dar para cima de nós. — Um suspiro baixo escapa por meus lábios e eu me encolho ainda mais. — Mas, eu nunca senti medo de perder essas coisas. Porque eu sei que posso recuperar. Mas, ela, Yuni.

— Eu preferia quando você estava enfiando seu pau em várias e não se apaixonava por nenhuma. Talvez, não estivesse tão na merda assim. — Eu ri, revirando os meus olhos com seu questionamento.

— Yuni conquistou meu coração como nenhuma conquistou, Jimin. Ela me prendeu, me arrebatou e eu senti medo. Pela primeira vez na minha vida, eu senti um medo absurdo de contar quem eu sou e ser renegado. Eu nunca me importei com a negação dos outros, quanto a quem eu sou. Mas ela, eu me importei com o que ela ia fazer ou agir. Eu tive medo, muito medo. — Suspiro novamente e passo a mão calmamente sobre meu rosto. — Eu sei que deveria ter contado para ela, mas não saiu nada. Eu não consegui, eu simplesmente não consegui falar nada.

Jimin confirmou para cada palavra minha. Suspirando logo em seguida.

— Contudo, o que você vai fazer a respeito disso? — Arqueou a sobrancelha.

— Nada. Não posso fazer nada. Ela precisa desse tempo, assim como eu preciso. Eu não sei o que eu vou fazer hyung, simplesmente não sei.

Jimin confirmou devagar. Cruzando os braços, parecendo pensar.

— Já pensou em sair desse mundo, Jungkook?

Sua pergunta me pega de surpresa e eu encaro seus olhos.

— Como assim?

— Essa vida foi a que seu pai passou pra você. Mas, e você? O que sempre quis para sua vida? Já pensou em desistir disso tudo e ir para o caminho certo? — Com as mãos apoiadas nos joelhos, Jimin soltava seus questionamentos.

Ali, parado, encarando seus olhos, eu suspirei. Eu queria sair daquele mundo?

— Eu não sei, hyung. — Respondo. Jimin ri.

— Você me trouxe pra isso, porque eu sempre quis dinheiro fácil. Eu sou um mau caráter e já aceitei isso, Jungkook. Mas você, mesmo que seja o chefe, não nasceu para isso, Jungkook. — Pisquei algumas vezes, atordoado.

— Eu já tô nisso a anos, hyung. Não acho que dá pra sair uma vez que você entra. — Pensei a respeito, mas de fato, não se é possível sair. — Seu nome fica sujo e bom, é difícil retirar essa imagem de cima de você. Sem contar que você fica suscetível a qualquer tipo de perigo depois que sai.

— Contudo, querendo ou não, fica limpo. Eu sei que não há tempo para mim, mas, para você ainda há. — Eu nego, rindo.

— Não hyung, não há. Eu já aceitei isso. — Um sorriso saiu pelos meus lábios. — Está tudo bem.

— Jungkook.. — Neguei, erguendo minha mão para que ele pudesse parar de falar.

— Sinto muito, hyung. Mas, pare de falar sobre isso.

Vi ele acenar e suspirar, voltando a se encostar na poltrona. Parecendo pensativo, ele continuou. Eu apenas fechei os meus olhos, me entregando a todo aquele sentimento dolorido no peito.

LEE YUNI

Depois de me aquecer, eu me deito na cama. Encarando as paredes, o teto, a janela, tudo ao meu redor. Me sinto culpada por tê-lo deixado sozinho, sabendo que poderia tê-lo ajudado.

Contudo, sei que agora ele está bem e que Jimin está cuidando dele.

Eu reconheço que estou sendo completamente insensata ao agir dessa maneira. Mas, eu preciso de um tempo. Preciso pensar, preciso colocar minha cabeça no lugar e digerir todas as coisas que aconteceram.

Me dói saber que suas omissões custaram o que custaram. Eu o ouviria se ele tivesse me dito com toda clareza. Mas, dói saber que todas as pessoas sabiam quem ele era, menos você.

Dá uma sensação horrível de ser enganada, usada.

Assim como eu sei que todos merecemos uma segunda chance. Eu não sou perfeita, tampouco serei. Mas, há coisas que precisamos pensar e digerir.

Tempo é o nome certo.

Amor vai muito além disso, e na maior parte das vezes ele dói. Eu conheci a sombra dele, porque eu já visitei sua luz. A sombra dele me assusta, e eu preciso de tempo para digerir tudo que descobri por outra pessoa.

Os meus olhos se fecham e eu respiro fundo.

E é sobre uma imersão de pensamentos, que eu choro e devido ao choro doloroso, o sono acaba consumindo todo meu ser. 

𝐅𝐔𝐂𝐊 𝐁𝐎𝐘, 𝐣𝐣𝐤.Where stories live. Discover now