𝐈 𝐊𝐍𝐄𝐖 𝐘𝐎𝐔 𝐖𝐄𝐑𝐄 𝐓𝐑𝐎𝐔𝐁𝐋𝐄, 𝘭𝘶𝘬𝘦 𝘩𝘦𝘮𝘮𝘪𝘯𝘨𝘴

3 | vingativa

"Eu não sei se deveríamos
ficar sozinhos juntos, eu ainda tenho
uma queda, isso é óbvio."

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Luke

Atrasado. Estou muito, muito atrasado.
Eu praticamente virei a noite estudando Francês — ok, praticamente é uma palavra muito forte mas fui dormir tarde e foi um custo sair da cama com esse tempo horrível. Depois do almoço aproveitei meu horário vago para dar uma cochilada na biblioteca, não queria ficar cansado no horário do treino, mas como era de se esperar dormi mais do que devia.

Fungo enquanto corria pelo gramado do colégio, querendo chegar o mais rápido possível em um local quente e seco. Era quase Dezembro, o clima estava cada vez mais gelado e úmido.

Logo logo vai estar nevando — penso e isso me causa calafrios. Eu odiava a neve.

Agradeço aos céus pelo professor ainda não ter chegado quando entro no laboratório. A primeira pessoa que vejo sentada numa das mesas da frente é Rory, seus brincos de argola estavam expostos por conta de seu rabo de cavalo. Via a gola alta de sua blusa de lã preta por baixo do jaleco branco, os olhos bem escuros me encaram.

— Ainda bem que me viro sem você — ela diz assim que eu largo a mochila na cadeira ao seu lado.

Ah merda! Ela tinha pedido pra encontrar ela mais cedo e mostrar onde ficava o laboratório.

— Eu dormi — admito, colocando meu jaleco por cima do moletom. Eu que não ia passar frio aqui.

Ela sorri com o canto da boca e desvia sua atenção pra professora Smiths que acaba de entrar na sala.

— Bom, isso deu pra perceber.

Me ajeito no assento já esperando que essas sejam as únicas palavras que vamos trocar pelo dia. Ela não fala muito comigo, só o necessário e aquilo que todos julgam como educação. Outro dia peguei ela e Ashton rindo na fila da pizzaria em frente a escola, foi uma surpresa grande ver que ela conseguia manter um diálogo com alguém que não fosse Ariel. Apesar das personalidades diferentes as duas pareciam se entender muito bem.

A professora passa um trabalho sobre Fungos que deve ser entregue daqui à duas semanas. Iríamos trabalhar nele em sala de aula e em casa, a nota iria substituir a da prova. Rory parece ter ficado satisfeita em fazer o trabalho comigo, imagino que deva ser melhor a minha companhia do que forçar simpatia à alguém que ela ainda não tinha se acostumado.

Quando a aula acaba observo todos saírem animados para aproveitarem a sexta-feira. Sigo em passos calmos para o campo, teríamos um pequeno treino antes de sermos liberados.

A final do campeonato estava chegando, seria no começo do ano e estávamos empolgados para finalizar esse período e termos algumas semanas sem treinos. Durou menos que uma hora e quando acabamos me sentia o cara mais sortudo do mundo à caminho de casa — tirando o fato da tempestade que molhou todo o meu cabelo.

Quando chego no estacionamento para pegar o meu carro vejo Rory parada embaixo da varanda do colégio. Sua boca mexia em uma velocidade rápida, por um momento achei que estivesse cantando mas então percebi que ela não tinha fones de ouvido.

— Ainda está aqui? — pergunto, parando ao seu lado.

Ela funga e leva o cigarro a boca.