Capítulo VI: Cintilante

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Após alguns minutos de correria, percebi que não estava ficando cansado, o que era estranho pra mim já que eu levava um estilo de vida sedentário. Corremos por um bosque magnífico, cheio de vida e cor, tudo era tão maravilhoso que eu mal podia processar tudo de uma vez. As flores daquele bosque tinham uma forma estranha, cores vívidas e brilhantes, nunca havia presenciando um verde tão verde, um rosa tão rosa, ou um vermelho tão vermelho. A grama daquele bosque, também era diferente da grama comum, era macia, de um verde claro um pouco mais escuro que o do caule das flores, pisar naquela grama, era como pisar em neve, porém quente.
Paramos em frente a um gigantesco portão de madeira, tinha uns 20 metros de altura e 15 de largura pelo menos, ao mesmo tempo que aparentava ter centenas de anos, aparentava também ser forte como um novo.

  -É aqui- disse Lúcia- Vem.
  -Calma, calma- a interrompi- Onde é “aqui”?
  -Ah, aqui é Atamald, um dos únicos reinos que aceitam humanos, é o lugar ideal pra te ensinar sobre a Exoterra.
  -Ata, beleza então, tava preocupado com essa coisa de humanos não serem aceitos.
Ela riu
  -Eu disse que aceitam em alguns lugares, mas agora vamos lá.
  -Vamos.

  Lúcia bateu duas vezes no enorme portão, e uma porta menor se abriu em sua parte inferior, notei então que haviam diversos portões menores naquele grande portão, de diferentes tamanhos e larguras. Entramos e então mais uma vez fui inundado por uma visão maravilhosa. Criaturas de todos os tipos, alguns de culturas que eu nem sabia identificar. Eles se espalhavam e se misturavam por toda a cidade. Cidade essa que por si só já era de se encher os olhos, podia observar diversas construções de diversos materiais se misturando por todo o lugar. À primeira vista, observei pequenos casebres rústicos que me pareciam ser lojas ou algo do tipo, com madeira talhada nas edificações, com poucas cores, mas ainda assim lindos de se ver, era impressionante como tudo parecia novo, como se tivesse acabado de ser construído. Pareciam vender diferentes tipos de comida, e tecido também, os vendedores: Minotauros, elfos, anões e muitos outros. Ao fundo, pude observar construções mais complexas, feitas com um material colorido que me lembrava porcelana, mas que aparentava ser muito resistente, isso era tudo que eu conseguia ver até então, a grande quantidade de criaturas misturadas me bloqueava a visão, mas, era tudo tão lindo, tão novo, meu cérebro mal aguentava processar tanta informação de uma vez, e eu havia apenas adentrado na cidade, mal sabia o que estava por vir.

  -Vem- Lúcia disse puxando minha mão, me levou para uma das construções que imaginei serem lojas.
Ao chegarmos lá, fomos recebidos por uma anã, ela aparentava ter pouco mais de trinta anos, e assim como tudo naquele lugar, era encantadora. Não se parecia com nenhum outro anão a qual eu já havia conhecido, não era como uma pessoa com nanismo, era como uma pessoa "comum" se assim posso dizer, só que pequena. Sua pele possuía uma cor de caramelo enquanto seu cabelo liso era de um castanho escuro que contrastava muito bem com seus olhos âmbar. Ela usava um avental simples, parecia ser feito de pele de algum animal grande, não haviam desenhos ou algo costurado. Por baixo ela usava um vestido amarelo simples e uma bota também de couro.

  -Oi LuXi, quem é o humano? - Indagou a mulher.
  -Ué, como assim? Você é humana também, né? -perguntei confuso.
  -Ele é novo aqui- disse Lúcia- Estou apresentando a Exoterra pra ele, quer explicar o porquê de você não ser humana?
  -Ah, com prazer- disse a mulher em um tom alegre- Bem, pra começar, a Lu já deve ter te explicado como acontece a separação dos nossos mundos, então vou pular pra parte que interessa. No nosso mundo, existe uma força que rege a todas as criaturas aqui, a magia. Não existe magia no seu mundo, exceto aquela que é levada desse mundo pra lá. Todos os seres do seu mundo são considerados comuns, enquanto os desse mundo são considerados fantásticos. Está acompanhando?
  -Com certeza.
  -Ótimo, diferente de um anão da sua terra, que nasce diferente dos outros humanos, toda a minha espécie nasce assim. Somos regidos pela magia, e possuímos talentos oriundos dessa magia, entendeu?
  -É complicado, mas eu entendi sim
  -Maravilha- disse Lúcia alegremente- Mas então, estou morrendo de fome Ompa, me traz uma junta de carne? Duas na verdade.
  -É pra já- disse Ompa se afastando e sumindo por trás de uma cortina ao fundo da loja. Aproveitei para olhar melhor o lugar, pegar os detalhes
A madeira que revestia o lugar era escura, e os entalhes eram claros, destacando-se. Os desenhos feitos nas paredes mostravam homens e mulheres anões em diversas formas, em armas e armaduras lutando, forjando, cozinhando, brincando. O lugar parecia contar alguma história, quem sabe um dia eu pudesse saber qual era.

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