Volume 1: Hello, Stranger

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A chuva deslizava pelas veias do guarda-chuva do lado de fora da loja, Ram conseguia ver pelas janelas as gotículas deslizando pela mesa de ferro branca enquanto uma música deslizava pelo alto falante, ela era diferente, um toque de delicadeza misturada com tristeza, ele não sabia qual era a língua mais se deixava levar pela canção enquanto deslizava o pano contra o vidro do copo.

Ram não estava nem ai para a chuva que cai do lado de fora, ele apenas apreciou a maravilhosa imagem que surgia na sua frente, as gotículas da chuva contra o vidro, o deslizar das mesmas, as luzes da cortina de pisca-pisca contra o vidro, a quem não consegue ver a beleza nos pequenos detalhes, mas Ram era o tipo de pessoa que gostava das coisas estranhas, ele era do tipo de pessoa que olharia para o céu e veria os pássaros deslizando pelo ar como fechas e sorriria como se estivesse vendo a coisa mais bela do mundo.

O jovem homem era aquele tipo de pessoa que aprecia o desconhecido com os braços abertos e com um sorriso nos lábios, ele tinha uma mania de sempre ser atraído por tudo que era misterioso e estranho, seus olhos ainda seguiam a caminhada das gotículas de agua enquanto a porta fora aberta, o sino tocou, mas ele não ligou.

—Com licença. —Uma voz feminina diz, fazendo com que Ram desvie os olhos das gotículas para a mulher na sua frente, seus cabelos negros deslizavam por sua pele como uma segunda pele, seus olhos negros como Granada piscavam como os olhos de uma criança recém-nascida, ela tremia e naquele momento ela se chacoalhou como um cachorro depois de um banho de chuva.

As gotículas de agua deslizaram pelo ar enquanto ela se chacoalhava, seus dedos longos e finos tinham anéis de macramê e em seu pulso uma pulseira de botão, o que chamou a atenção de Ram, ele não estava acostumado a ver pessoas com anéis de macramê e pulseira de botões.

—Sim? —Ele pergunta com seus olhos voltados para a jovem mulher parada na sua frente, ela se encolhe com frio que desliza por sua pele como lábios frios, ela morde o lábio tentando conter os dentes que batiam um no outro.

—Posso pedir um leite quente? —Ela pergunta enquanto se abraça, o ar-condicionado estava voltado para ela, fazendo com que seus pelos dos braços se arrepiassem com o frio da morte.

Ram então percebeu que a jovem tremia muito e desligou o ar-condicionado enquanto apenas acenava para a mesma dizendo que sim, iria pegar um copo de leite para ela.

Então ele se virou e foi em busca do leite quente para a jovem mulher que se encontrava a tremer ainda, ela desliza as mãos pelos braços tentando conter os tremores, suspira quando se dar conta de que sua roupa se encontrava encharcada.

Ram caminha em direção a cozinha onde Dog se encontrava com uma prancheta nas mãos contabilizando o que deveria comprar e o que deveria repor, seus olhos deslizam da prancheta e se cravam em Ram que naquele momento se encontrava parado na sua frente.

-Dog, por acaso tem leite quente? —Ram pergunta, seus olhos se encontravam brilhando como de uma criança que em sua curiosidade persegue uma borboleta no jardim.

—Sim, tem um pouco, eu estava planejando fazer um chocolate quente para nós. —Dog diz enquanto observa Ram deslizar pelo ambiente como uma mariposa desliza pelo ar, Dog podia ver que Ram se encontrava animado.

Com certeza, algo estranho apareceu, Dog pensa.

Ele conhece muito bem seu companheiro, Ram nunca fora um mistério para Dog, já que o jovem homem conseguia decifrar cada código que Ram jogava para ele, códigos esses que muitas pessoas nunca conseguiriam entender, porque Ram era do tipo que falava com os olhos e não com a boca, assim como Dog.

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