Capítulo 1 - Ainda Pode Piorar

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– Merda! - Puxo com força a tranca da porta e resmungo um palavrão quando ela nem se mexe – Vamos lá, abre logo.

Dou um último puxão e oscilo para trás, arfando com o movimento repentino, olho para minha mão e vejo o trinco de ferro na mão. Puta merda quebrei a porta do prédio.

Olho para os lados e somente vejo o porteiro atrás do seu balcão muito mais interessado em seus vídeos de gatinho do que na inquilina que acabou de quebrar a porta da frente, me abaixo o suficiente para ver o estrago e vejo um pequeno cilindro no chão, pego-o e coloco no único lugar vazio que sobra.

Junto os dois e enfio de novo na porta, um clique meio estranho soa e eu movo para baixo, a porta abre com um puxão, mas o trinco se solta da porta de novo, insiro na porta para que pareça que não está quebrado e deslizo para fora, suspirando aliviada.

Me encolho debaixo do sobretudo quando sinto o ar gélido atingir o meu corpo e começo a correr em direção ao ponto de ônibus, não consigo nem recuperar o meu folego quando o ônibus para a minha frente. Subo as escadas atrás de algumas pessoas e relaxo os músculos enquanto fico em pé segurando a barra de ferro.

Leva exatos trinta minutos, mas cinco minutos correndo pela rua para que eu chegue a estação de metrô, e já estou totalmente molhada da chuva que resolveu cair de repente, faço uma careta quando não vejo nenhum acento, mas sorrio quando vejo uma senhora me olhar com pena do seu banco.

Pois é, minha senhora, hoje não é meu dia.

Me encosto em um dos cantos e trago minha bolsa para frente, o metrô desliza pela plataforma e eu olho o relógio, vinte minutos para eu estar totalmente atrasada e como essa viagem é de quinze minutos já me considero uma derrotada. Droga.

– Não está tendo uma manhã boa querida? - a senhora pergunta e eu foco os meus olhos nela antes de responder

– Até agora não, mas tenho certeza que irá melhorar

Ela sorri gentil e eu mordo o meu lábio com força quando vejo o sorriso dela, me lembrando. Bloqueando esses pensamentos balanço a cabeça e suspiro baixinho olhando para o relógio de novo, pego a minha pulseira e giro ela em torno do pulso tentando acalmar minhas palpitações.

Quinze minutos depois minha respiração se controla e eu desço do metrô correndo e subindo as escadas tentando não empurrar ninguém no processo, o que é meio que impossível, mas peço desculpas, elas devem servir para algo.

Guarda-chuvas de cores diferentes aparecem e desaparecem da minha visão enquanto corro pelas ruas me molhando ainda mais. Estanco quando chego em frente ao prédio em cores preto obsidiana e abro as portas de vidro derrapando quando chego ao saguão, ignoro com um sorriso inocente o olhar emburrado de Oliver, um dos seguranças, e entro no elevador apertando o botão do terceiro andar.

Bato os pés impaciente vendo os números subirem e solto um suspiro quando um plim soa e eu estou no meu andar. Bato o meu ponto com o cartão e vejo que meu atraso foi de dois minutos, nada mal para quem acordou atrasada..... De novo.

– Bom dia Kallie – Coloco a bolsa em cima da minha mesa e aceno para Tori a minha frente.

- Bom dia

- Esqueceu o guarda-chuva de novo? - ela pergunta e eu levanto um ombro, ela ri baixinho e me entrega uma caneca de café, o aroma vem até o meu olfato e eu inspiro feliz, mas aí lembro do gosto e faço uma careta – Ah vai, pelo menos vai te esquentar.

- Uma sauna me esquentaria, isso? - Levanto a xícara – Só vai me fazer ter uma baita taxa de glicose no sangue.

Ela concorda bebendo um gole e eu faço o mesmo nos fazendo rir, me sento na cadeira desconfortável e aperto o botão de ligar do computador, minha mesa é o meu orgulho, odeio bagunça, então coloco a bolsa em uma das gavetas e somente tiro meu celular e meu bloco de anotações. Inspeciono o celular em busca de mensagens importantes, então ignoro algumas e relaxo o ombro quando não vejo mensagem de Bianca.

Uma Secretária (Im) PerfeitaWhere stories live. Discover now