Prazer, Aslan

Três

Conceito sobre Aslan Grasso: *Atualizados. *

Aparentemente deveria ter por volta dos seus 17 a 18 anos.

Tinha nome do leão Aslan, de As Crônicas de Nárnia – porém com "N".

Tinhas mãos macias.

Era filho único.

Tinha um negativo rendimento escolar.

Tinha uma mãe adorável.

Era engraçado, pois quanto mais passava o tempo, mas eu tinha vontade de descobrir algo sobre ele. Não era vontade de descobrir algum podre da vida dele para depois usar contra ele mesmo. Era apenas descobrir e saber como ele é mesmo não sendo explicito.

Resolvi procurá-lo no Myme, um aplicativo que a grande parte de todos adolescentes inclusive eu. Usam para simplesmente compartilhar o que estão fazendo no momento ou o que estão pensando.

Digamos que foi até fácil achar o perfil dele, não havia muitas pessoas com o nome Aslan pelo Brasil. Decepcionante mesmo foi ver que a última vez que ele postou algo no aplicativo, foi em 2013. Há quatro anos. Então resolvi passar para outras plataformas.

Baixei o app do Thenow no celular, e criei uma conta nunca gostei do dele porém, também não achei o perfil dele. Comecei a pensar que, talvez ele não quisesse ser encontrado. Talvez ele fosse um naturalista que se despiu das coisas supérfluas e focou no real. Também pensei que ele pudesse ser um psicopata e usa perfis falsos nas redes sociais.

Por sorte, acabei achando o perfil dele em duas únicas redes sociais.

O Skyface, outro famigerado aplicativo para compartilhar fotos, e dessa vez apenas fotos. Grande criação americana que invadiu o solo nacional e nos deixou alienados. Nele a última foto dele era de 25/05/2017. Há quase um mês atrás, isso significava que ele ainda usava aquela conta. Tinha poucas fotos no perfil dele, no máximo treze. E a maioria era de coisas, só havia uma foto dele. Então procurei nas fotos em que ele foi marcado. Tinha algumas, e pelo jeito ele tinha muitos amigos. Vi uma foto em que apareciam duas mãos dadas. Abri a foto. Era o perfil de uma mulher chamada Leticia Martins. Era ele e ela de mãos dadas. A foto tinha dois corações como legenda. Devia ser a namorada dele. Provavelmente seria a namorada dele. Mas detalhe, a foto era de 04/11/2015. Era ainda provável que eles fossem namorados. Mas, eu não tinha certeza.

No Diz Aí, onde suas politicas de privacidade eram tão severas que grande parte dos usuários eram bloqueados por falarem apenas um simples e estrúxulo xingamento. tinha uma publicação mais recente comparada ao Skayface. Era de uma semana atrás. Era um post sobre ortodôntica. Engraçado, ele não usava aparelho ou algo parecido para estar compartilhando algo como aquilo. Ao caminhar pela linha do tempo dele, vi uns posts bem curiosos. Posts com temas românticos ou frases de filósofos. Também era entupido de memes sobre Pokémon. Nunca gostei de Pokémon, mas sempre gostei de um em especifico, o Eveen.

Depois da minha longa investigação, desistir de recolher informações e quis ir dormir. Nem vi que horas eram só sabia que havia passado muito do meu momento de dormir habitualmente. Fechei os aplicativos abertos no meu celular, me certifiquei que os cinco alarmes estavam ligados e depois dormi.

* * *

Quando acordei, meus pais perguntaram se eu tinha dormido bem, e eu respondi que sim, como todo santo dia eles fazem as mesmas perguntas e recebem as mesmas respostas. Mas na minha cabeça isso nunca fez sentido. Eu nunca percebia se tinha dormido bem, pois eu sempre estou dormindo. Mas sim, dormi bem.

No colégio estavam todos altamente preocupados, pois era dia de prova de espanhol, e preciso dizer que todos da minha sala éramos uma negação nessa matéria. Ninguém conseguia conjugar de forma coesa os verbos em espanhol, mesmo sendo uma matéria fácil.

— Eu não posso manchar meu boletim com uma reprovação em espanhol. – Disse Lucca um pouco receoso ao meu lado.

Às vezes eu ficava de saco cheio quando ele começava a falar coisas assim. Era como só aquilo importasse para ele, tirar notas boas e passar numa faculdade boa, mas nem sempre as coisas aconteciam assim. Às vezes dava tudo errado.

Com toda certeza do mundo, alguma das maiores personalidades do mundo enfrentaram algum momento de reprovação em sua vida. Pelo simples fato deles serem humanos assim como todos, e o fato de você ser um humano é que você vai errar toda vez, até uma hora você acertar.

A prova foram apenas sete perguntas, e todas múltiplas escolhas. E, em vinte minutos eu consegui terminar a prova. Um pouco antes que o Lucca. Entrei à prova a professora sem um sorriso de alegria no rosto. Poderia ter me saído horrível naquela prova, mas, nunca se sabe o que poderia acontecer.

Depois do colégio, voltei para casa, dessa vez o Lucca convidou o Aslan para voltar conosco, mas ele não aceitou. Então voltamos apenas eu, o Lucca e sua irmã mais nova.

Quando cheguei a casa meu pai havia feito Barreado, um prato típico do Paraná. O cheiro era completamente delicioso. Uma das maravilhas de ter pai chefe de cozinha é que ele sempre faz coisas diferentes e gostosas. Algumas saem um desastre, mas é tentando que se consegue chegar ao sucesso.

Ainda era terça-feira, mas eu já estava me preparando para as aulas que seriam na quarta da próxima semana. As aulas quais eu fui persuadida a lecionar. Quando eu começava a pensar naquilo, eu ficava nervosa. Nervosa pelo fato de não ser boa o suficiente para dar aulas. Então preferir passar a tarde toda estudando.

Ainda achava estranho ter sido tão persuadida a ponto de aceitar tal convite como esse. E se eu falasse isso para o Lucca, ele com toda certeza iria me chamar de maluca.

Digamos que eu era a menina chata que ama estudar, e isso sempre foi assim. Eu sempre gostei dessa coisa toda de colégio. Acredito que tenha sido por causa da minha mãe, que desde a barriga, ela tentava me ensinar às coisas, lendo artigos científicos ou livros de romance.

Também, desde pequena, ela me colocava para treinar escrever meu nome em um caderno surrado. Ela diz que com meus três anos eu consegui escrever meu nome de forma espetacular.

Meu caderno parecia um grande amontoado de post-it e anotações desnecessárias sobre tudo. Eu ainda precisava descansar bem da noite que havia dormido muito tarde após ficar procurando informações sobre um colega de sala que havia se tornado meu projeto de pesquisa.