Capítulo 10

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        Juliette

Acordei meio desanimada, como todas as manhãs nesses últimos dias. Parece que uma energia ruim me consome.

Tenho evitado a todos, principalmente a Sarah. Passo direto pelo seu olhar triste e questionador. É o melhor, não quero me magoar mais.

Sei que foi ela que pediu a Carla, pra me aconselhar a procurar o psicólogo. Apesar de pedir pra não dizer, a Carlinha falou que foi ela quem pediu.

Eu realmente fui buscar alguém pra conversar. E tenho que admitir que me aliviou um pouco, mas não me fez mudar de ideia. A Sarah já me disse uma vez, lá no começo do programa, que meu jeito irritava ela.

Acho que depois da nossa amizade, ela não tenha coragem de dizer o quão inconveniente eu sou e o quanto meu jeito é chato.

Mas eu não vou ficar pensando não. Hoje é dia de festa e eu quero tentar curtir, mesmo que sozinha. Ver um novo cenário, escutar umas músicas, beber um pouco e dançar.

Levantei mais cedo que os outros como tem sido de costume nos últimos dias. Na verdade, nem dormir direito eu tenho conseguido. Passo a noite mais acordada do que dormindo.

Vou até o banheiro, faço minha higiene e sigo para o Raio-x.

Sigo até a cozinha da xepa para comer alguma coisa. Preparo uma torrada com manteiga e um pouco de café.

É tão bom o silêncio da manhã, tudo vazio e tranquilo. Por um instante eu me imagino na minha casa sozinha, curtindo minha privacidade.

Ah que saudades!

Calma Juliette, você vai conseguir! Você é forte!

Repito mentalmente tentando me convencer disso a cada dia.

Após o café, coloco meu biquíni que deixei separado ontem perto do chuveiro e vou pra piscina.

Dou um mergulho pela primeira vez sozinha, e é renovador!

O sol está pra nascer. Consigo ver algumas estrelas no céu ainda.

Permaneço boiando olhando pra cima, curtindo esse momento sozinha.

Ao fundo toca a música "Paciência" do Lenine, em um volume mais baixo.

Obrigada meu Deus! Acalme o meu coração aflito.

O sol vem surgindo, aos poucos, no céu; me trazendo alguma esperança de ter um novo dia, um recomeço.

"Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede um pouco mais de alma

A vida não para

Enquanto o tempo acelera e pede pressa

Eu me recuso, faço hora, vou na valsa

A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal

E a loucura finge que isso tudo é normal

Eu finjo ter paciência

O mundo vai girando cada vez mais veloz

A gente espera do mundo e o mundo espera de nós

Um pouco mais de paciência

Será que é tempo que lhe falta pra perceber

Será que temos esse tempo pra perder

E quem quer saber

A vida é tão rara, tão rara ! "

Toda Forma de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora