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Uma semana depois que acabamos, eu viajei em mim mesma. Passei por todas as pessoas da minha vida e me despedi com um abraço caloroso, daqueles que não costumava dar, eu chorei pela primeira vez em mais um ano e dentro de mim parti para uma viagem que ninguém pôde acompanhar.
Conheci Sitka e todos os lugares do Alasca dos quais eu costumava te contar sobre, passeei com cães brancos e acinzentados pela neve gelada demais para o calor do meu coração, mas eu ainda tinha frieza o suficiente para aguentar.
Fui para a Grécia, para Itália e construí meu próprio santuário em Nova Roma. Me instalei no meio do meu autoconhecimento e, em meio aos romanos, li todos os livros da biblioteca da minha vida em uma só noite.
Vivi tragédias e aventuras, tive todos os gatos e tomei todos os cafés do mundo, eu arrumei a minha cama todos os dias.
Pensei em ir para o Canadá, onde nós costumávamos ficar, mas era demais para mim voltar ao lugar onde nós iniciamos. Todas as minhas viagens foram feitas de memórias e não é em Nós onde eu gostaria de ficar.
E antes que você pergunte, não, eu não tenho mais ninguém comigo agora. Eu te avisei que essa era uma viagem que eu precisava fazer sozinha. Nem mesmo a paixão pode me acompanhar agora, o único amor possível é o meu, e tenho amado.
As minhas pesquisas sobre mim mesma ainda não acabaram, sou complexa demais para se compreender em anos-luz, entretanto nunca vou desistir de encontrar as partes mais interessantes e inexploradas do meu âmago. Descobri que a viagem em mim é mais subjetiva do que tinha imaginado, e as pessoas não são simples como achamos que são.
Enquanto não tenho vontade de ter você nem outras pessoas além de mim, atualizo minha trajetória por meio destas pequenas palavras. Espero que a sua jornada seja tão dourada quanto a minha, que nunca lhe falte ouro para escrever a sua história, até que possamos continuar a nossa de onde paramos ou deixemos de lado para escrever outro livro.

Tudo aquilo que eu não tive coragem de te dizerWhere stories live. Discover now