6 - Brincadeira sem Graça

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Começava a sentir-me demasiado como um objeto a ser estudado por uma criatura que só deveria existir, supostamente, em livros de fantasia. O Sr. Tumnus tinha feito uma pergunta demasiado intrigante e nem mesmo lhe podia responder quanto a isso. Ou melhor, poderia, pois o nome da minha mãe não era Eva, mas a forma como ele inquiria a sua dúvida, estava mais relacionado ao facto de ser humana. E sobre isso, eu começava a ter algumas incertezas. No entanto, os motivos para as mesmas era devido aos sonhos sobre aquele lugar e a familiaridade que sentia ao estar em Nárnia e Lucy também fora atraída para este mundo novo, então qual seria a diferença entre nós duas? Entráramos num mundo desconhecida, mas uma por mero acaso, e outra através de visões premonitórias. Poderia ser isso?

Eram demasiadas perguntas confusas a aglomerarem-se na minha cabeça.

- Eu... acho que sim. – Respondi, pouco confiante.

- Sophia, estás muito pálida. Estás bem? – Lucy era demasiado inocente para perceber o que se estava realmente a passar comigo. E por um lado, ainda bem que assim era, pois significava que não era necessário preocupar a mais nova dos Pevensie com problemas familiares. Ela e os irmãos já tinham problemas demais.

Acenei afirmativamente com a cabeça, forçando um sorriso na direção desta.

- Estou sim. Acho que apenas fiquei confusa.

O Sr. Tumnus devia ter percebido pelo meu rosto que não fora a confusão e sim o medo que teria tingido o meu rosto, pelo que optou por não tocar mais naquele tópico. Sentia que ele ainda estava com algumas questões em mente e talvez, por muito estranho que pareça, um brilho de esperança fantasioso, como se estivesse em frente de uma lenda viva e não conseguisse assumir esse facto. Era difícil entender os pensamentos do fauno. Assim como os meus.

Lucy e Tumnus falavam bastante. Dos três, eu era a mais silenciosa. Dirigia as informações que os dois trocavam um com o outro, entre as quais Lucy falava sobre os três irmãos que tinha deixado a dormir em casa antes de entrarmos em Nárnia, e Tumnus falava sobre algumas histórias dele e dos seus antepassados. A nostalgia era bem visível nos olhos dele e pude identificar-me com a mesma. Mesmo que não possuísse bastantes recordações dos meus pais, pois pelo que sempre me haviam dito, eles teriam morrido quando ainda era muito pequena para me lembrar, sentia uma onda de nostalgia e saudade sempre que um assunto semelhante era trazido a uma conversa.

Para todos os efeitos, nunca tinha tido pais na minha memória.

- E então, Nárnia entrou no Inverno eterno, que dura faz 100 anos por causa da Feiticeira Branca.

- Feiticeira Branca? – Subitamente, senti os meus lábios a mexerem-se sozinhos, um arrepio a percorrer-me o corpo completava a sensação desconfortável que se apoderará de mim. Era como se sentisse o perigo à espreita. – Antes de chegarmos aqui, falou sobre espiões da Feiticeira.

Subitamente, as feições no rosto do fauno mudaram, tornando-se sombrias e tristes.

A mais nova dos Pevensie, por sua vez, encarou-me com os seus olhos claros a brilharem de preocupação. Começava a sentir que era a única pouco informada daquela situação e que quanto menos soubesse, em mais risco poderia estar. Além disso, analisando bem a situação em que nos encontrávamos, Lucy também poderia estar em perigo se eu, como mais velha, não soubesse como a proteger naquela situação.

- Ela proclamou-se Rainha de Nárnia. Mas nunca o foi. Este país não lhe pertence. – Explicou, regressando para perto de nós com um novo tabuleiro recheado de bolinhos simples. – Muitos dos habitantes de Nárnia uniram-se a ela para poderem sobreviver. Aqueles que a traem, nunca mais são vistos.

The Fifth Child [Narnia Fanfic]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt