The best you're ever had

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Eu a observo passar mais uma vez por aquela rua,bom ver que certas coisas ainda são um hábito seu e que faz questão de mante-los.Mas agora está tão diferente,e como se eu não existisse ou fosse alguma coisa que despreze,passa longe de mim.

E quem pensaria que era eu que a via apenas de meia arrastão andando pelo pequeno apartamento que você comprou trabalhando na loja de discos porque tava brigada com seus pais e queria se libertar.

Agora,conseguiu seu sonho e eu fico feliz.

Tudo é tão passageiro e você,eu e tudo também foi.Você,meu amor,caiu em uma crise tão comum...

As vezes um pouco de toque seu é o que eu preciso,mas lembro que descartou tudo.Não vai me dar beijos,trocou as noites safadas por mera bondade,as nossas danças sem música no meio da rua-apesar do risco de sermos atropeladas-,bebadas naquele bar onde tinha uma jukebox e você sempre colocava sua música favorita,tudo isso.

Perdido dentro do seu buraco negro que infelizmente para você faz algum sentindo e acha que ele está em ordem.Suspiro,e jogo o cigarro para apaga-lo com a sola do sapato.

Nada mais parece tão bonito quanto era no passado.

Eu ainda bebo Bloody Mary,sabe?Mas não é o nosso Bloody Mary porque não tem o seu toque especial de pimenta tabasco que mesmo eu dizendo que não precisava,você fazia questão de ter,e no final ficava delicioso.Nunca soube reproduzir,assim como nenhuma das damas das qual andei conseguiram lhe reproduzir tão bem,nenhuma era você,nenhuma era a obra de arte que eu roubaria do museu mais famoso,nenhuma era.Nenhuma tinha o seu delineado especial,nenhuma tinha gosto de cereja nos lábios,nenhuma tinha a mania de puxar meus cabelos levemente,e talvez eu seja exigente demais,mas vamos e convenhamos,é você certo?Não sou tão exigente,e te digo que depois disso ganhei um novo apelido no hospital-aliás,sabia que eu sou médica,agora?-,o de "senhorita partidora de corações",o que eu posso fazer se nenhuma daquelas moças gananciosas e supérfluas não se equipara em um por cento a você.

Ah,sentado agora nessa calçada me lembro de como éramos naquela época.Você era uma aspirante a rockeira e rebelde,dada as normas da época,trabalhava em uma loja de discos e vez ou outra dançava ao som deles com seu melhor amigo,que mais tarde se tornou nosso,ia e vinha com garotas por bares antigos,tinha cabelo tingindo de escarlate e cortou sua franja em casa com a tesoura que sem ponta que são na escola fundamental,fazia uma maquiagem que era única,se outros usassem dariam como exentrica mas no seu caso era tão natural e belo que simplesmente se tornou como uma marca registrada,usava sempre uma jaqueta de couro pêssego,você nunca foi muito punk mesmo.

Já eu ainda mantive o corte de cabelo até hoje,ainda uso saias não tão grandes quanto a das deliquentes de hoje e não mais as jaquetas de couro pretas,mas tenho uma no meu guarda-roupa,quem sabe uma lembrança?

A gente fazia as unhas umas das outras e se encontrava as vezes na frente da loja de conveniências onde eu trabalhava e as vejas na sua,você vivia dizendo que eu era como a borboleta do meu enfeite de cabelo,nunca de fato entendi.

Aquele tempo,onde nós duas pegavamos a moto do seu calouro no trabalho e andavamos nela por horas,vaziamos maquiagem-ainda éramos garotas afinal e você sempre foi mais feminina que eu-,e riamos uma da cara da outra por motivos bobos.

Agora você pode achar que eu era a pior garota que já conheceu e tudo que fazíamos ou como faziamos as coisas era estúpido.Mas admita,eu fui a melhor que você já teve.As vezes ligo para Nakahara,ele é seu melhor amigo e meu também e conversamos,ele me disse que não consegue parar nem algumas semanas com alguém,só conseguiu comigo,não é?E sim,meu ego infla um pouco com tais palavras por que talvez minhas esperanças de que você volte aparecem novamente.

Fluorescent adolescentWhere stories live. Discover now