19 - Como sabemos se estamos apaixonados?

322 47 9
                                    

Bom dia, como estão?

Espero que bem.

Vamos ao capítulo, boa leitura.

------------------------'

O clima estava incrivelmente leve nos últimos dias na pequena casa de Camila e Lauren no P'Norte.

Parecia que até o clima louco do Distrito Federal tinha dado um tempo na própria loucura para ficar bom e estável, mas talvez isso fosse impressão delas, que estavam perdidas nas próprias sensações de leveza e alegria, porque para qualquer pessoa que perguntassem receberiam a resposta que o clima continuava mudando a cada cinco segundos de forma imprevisível.

Faziam tudo o que era possível ser feito juntas, apesar de presarem pelo espaço pessoal que tinham. Não era difícil, já que estavam mesmo o tempo todo juntas.

Acordavam juntas, levavam Joselino para passear, trabalhavam na mesma empresa, às vezes iam juntas para os projetos nas organizações que Lauren participava, dormiam juntas.

Se perguntavam se nunca iriam enjoar daquela proximidade e da cara uma da outra, mas estavam naquele estágio em que apenas curtiam estar o mais próximas possível.

Chegavam em casa aos beijos, parando apenas porque Joselino as lembrava que precisava de atenção, ou melhor, que elas precisavam jantar para dar pedacinhos de carne para ele, já que atenção nunca faltava para o bichinho. 

A noite, quando deitavam na cama, às vezes apenas se olhavam até pegarem no sono, gravando na mente cada detalhe uma da outra como se tirassem fotos com os olhos ou como se elas se devorassem com o olhar — e, às vezes, com mãos e boca.

Aquela noite em especial, estavam deitadas olhando uma para a outra. Era cedo e deveriam estar assistindo ao jornal que passava na televisão, mas preferiam trocar olhares e brincadeirinhas bobas, e Lauren pensou em como nunca antes tinha se sentido assim, e olha que tinha sido casada com o cara que namorou desde os treze anos.

— Eu nunca me senti assim — colocou para fora, vendo Camila ondular as sobrancelhas tentando entender o que dizia — dessa forma ao qual me sinto sobre você, tá ligado? Não é mais aquela coisa apenas de amigas. Tem um tempo que não é.

Camila assentiu.

— Eu entendo — falou — também nunca me senti assim.

— Estou me perguntando algo...

Um sorriso curvou o canto direito da boca de Camila, uma sobrancelha se erguendo enquanto indagava:

— Seria mais um caso de encontrarmos uma resposta?

Um sorriso pequeno brincou nos lábios de Lauren. Ela gostava daquela coisa delas, aquela busca por respostas que ninguém respondia.

— Talvez — respondeu.

Uma mão de Camila acariciou a lateral de seu rosto e apertou seu queixo antes de voltar aos cabelos, os afastando de seu rosto.

— Pergunte, Laureane.

Lauren revirou os olhos ao notar o espírito de "aventureira das perguntas" tomando conta de Camila.

Ela mordeu os lábios e então perguntou:

— Como sabemos se estamos apaixonados?

Camila a olhou por um longo momento antes de se ajeitar, já que Lauren estava deitada encostada em seu corpo no sofá apertado que ainda tinham que dividir com Joselino, que estava na outra ponta com a cabeça sobre um travesseiro enquanto roncava grosseiramente.

Se olhassem, veriam seus olhos revirados, a boca meio aberta e as patas para o ar.

Ela tomou o celular e pesquisou, tendo os olhos de Lauren sobre si enquanto lia os artigos e formulava seu resumo habitual, suas expressões sendo lidas e admiradas pela mulher em seus braços enquanto buscava conhecimento para dividir com ela.

Por fim, se voltou para ela, a resposta brincando em seus olhos antes da boca se abrir e dizer:

— Você quer o resultado ou a coisa toda? Por que, olha, bichinha....

Sacudiu as sobrancelhas, fazendo Lauren rir.

— O que? Conta a coisa toda, faça seu serviço direito — brincou.

— Nossa, está folgada, em fia — disse, a olhando quase impressionada com sua ousadia, embora não realmente.

— Anda, véi — Lauren a cutucou — enrola não.

— Tá bom, Lauretiane — disse, fazendo Lauren rir.

— Ok, esse foi o pior de todos — declarou, ainda rindo.

— E ainda assim você está rindo, não é?

Lauren assentiu antes de afirmar:

— Pior que sim, véi. Probleminhas.

— Sei bem o problema — disse Camila, apertando os lábios de uma maneira debochada e divertida que só ela sabia fazer.

— Sabe, é? — indagou Lauren.

— Uhum — disse Camila — e sabe o que mais?

— O que?

— Sei que seu coração bate acelerado quando me vê — falou, um tom sério e perigoso brincando em sua voz — sei que suas mãos ficam suadas toda vez que está perto de mim, porque fica passando as mãos nas coxas para secar com aquela carinha de nervosismo que tem.

Lauren ergueu as sobrancelhas, impressionada com o poder de observação de Camila enquanto se controlava para não fazer exatamente o que falou.

— O que mais? — perguntou quase em sussurro.

— Sei por que fica me olhando enquanto faço as pesquisas para nossas perguntas — disse — e indo em um nível mais profundo onde estamos juntas, sei porque não conseguimos parar de ficar juntinhas.

Mirou Lauren bem nos olhos vendo o quanto estavam sérios e fixos em si.

— Sei por que suas pupilas dilatam e suas bochechas coram, assim como as minhas.

— Assim como as suas — Lauren repetiu baixinho.

— Sim. E por que me corroí por meio segundo quando achei que estivesse interessada em outra pessoa antes de perceber que era em mim — contou — e por que estamos sempre tão felizes, mesmo quando estamos tão cansadas, estressadas, e quando estou de TPM porque a vida da mulher é uma merda.

Lauren riu baixinho, porque parecia que Camila às vezes reclamava apenas para vê-la se sentindo bem por ter tido o útero retirado após as dilacerações.

Ela gostava disso. Gostava de como ela sempre a fazia rir e se sentir bem sem nem pensar muito nisso. Era natural, tal qual a forma em que se moviam em torno uma da outra, fosse para se tocar, fosse para fazer qualquer coisa que talvez nem tivesse relação uma com a outra.

Estavam tão intrinsicamente ligadas que nem sabiam dizer exatamente o que acontecia.

Até agora.

Até ali.

Até questionarem de forma inocente para mais uma descoberta sobre a vida que nunca puderam ter antes por alguma razão.

— E sei porque estamos nos olhando assim enquanto estamos grudadas em um sofá no calor do verão de Brasília que sopra vento do inferno quando não está chovendo e não nos separamos mesmo tendo um outro sofá bem ali vazio — disse Camila, sorrindo de forma divertida — você também sabe?

Lauren assentiu, hipnotizada pela felicidade em seus castanhos que sorriam.

— Porque eu estou apaixonada por você. Mais que apaixonada — disse.

— Por que eu estou apaixonada por você — Camila repetiu com amor e alegria — mais que apaixonada.

------------------------.

E é isso. Terminamos hoje com as apaixonadinhas de bsb (parece até título de filme).

Até a próxima, pessoal!

Encontrando RespostasWhere stories live. Discover now