Capítulo 15 - Rotina

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Ó QUEM VOLTOU

POV Gizelly

Depois daqueles pouquíssimos dias em Piaçu eu voltei para Vitória a fim de entregar o caso para minhas amigas advogadas que iriam me auxiliar no processo da separação oficial da Aline. Eu precisava adiantar o máximo possível daquele caso porque nas próximas semanas eu ficaria no Rio para as gravações com o BBB.

Era triste o motivo de eu ter voltado para um caso, mas era a confirmação que eu realmente tinha nascido para isso. A sede de justiça que eu tinha cada vez que eu me envolvia com o direito eu tinha mais certeza que minha vocação e propósito eram aqueles.

Estudei tudo sobre ela durante uma semana seguida, não fiz outra coisa que não fosse isso. Sabia que não existia a possibilidade alguma da gente perder aquele processo, mas eu também sabia com quem eu iria lidar do outro lado do tribunal e tinha certeza que a retaliação viria e tinha um receio do que isso poderia causar.

Decidi ficar totalmente off e não divulgar que eu era uma das advogadas do caso, porque quanto mais exposição aquilo tivesse seria pior e poderia dar mais munição para o lado "adversário". Se meu nome como advogada fosse usado em um caso com um importante fazendeiro da região muito provavelmente a mídia daria palco demais e a pressão aumentaria muito.

Todos nós sabemos que em casos de comoção pública, principalmente com a ajuda da mídia, uma decisão pode ser amplamente prejudicada. Sem contar o medo que eu tinha de essa resolução ser adiada cada vez mais e de tornar a vida daquela família ainda mais difícil.

Como eu disse, no fundo eu sabia muito bem com quem eu tava lidando e assim como da primeira vez ele não iria deixar barato. Então reuni o melhor possível para dar entrada no caso e deixei tudo certo para um programa de proteção para Aline e seus filhos. Queria que eles tivessem a chance de recomeçar longe daquele monstro e de todo poder que o cercava.

Depois de quase quinze dias de imersão, pesquisa e muito trabalho eu e as advogadas oficiais do caso montamos tudo que era necessário. Demos entradas no processo e não demorou muito para a audiência ser marcada e a partir disso quem daria continuidade não seria mais eu e sim Gabriela e Luísa.

Quando tudo começou a caminhar, sentia que um peso tinha saído das minhas costas, mas ao mesmo tempo eu só ficaria tranquila quando esse homem pagasse por tudo que ele tinha feito.

Como já estávamos chegando no recesso de fim de ano precisamos correr para conseguir resolver o caso ainda em dezembro e graças aos contatos das meninas, conseguimos agilizar e a audiência seria na segunda semana de dezembro. Como o caso não seria tratado como violência doméstica, foi um pouco mais fácil de agilizar. Eu tinha preparado toda uma documentação que provava as violências físicas, psicológicas e as falcatruas de seu marido, mas Aline não queria denunciar e mesmo tentando de todas formas convence-la, isso não foi possível e eu decidi não insistir mais.

O caso seria tratado apenas como divórcio e conhecendo quem estava do outro lado do tribunal eu saberia que se tudo fosse exposto, aquela mulher e seus filhos poderiam sofrer muito mais. Infelizmente essa era a realidade da maioria dos casos de violência doméstica, a mulher deixava de denunciar por ser amedrontada pelo seu agressor.

Ainda tinha o problema que era quase impossível a justiça brasileira dar o devido apoio a casos como esses, essa é a triste realidade que as mulheres estavam sujeitas aqui. Por isso eu tinha me comprometido a ajudar aquela família e assim que resolvêssemos as questões na justiça eu daria um jeito.

...

Depois de todos os dias imersa no caso eu finalmente tinha ido para o Rio no fim da primeira semana de novembro. Estava passando o meu primeiro final de semana na cidade maravilhosa. Estava exausta depois de dias sem parar bancando a advogada de novo e nos últimos dias em intermináveis reuniões com o pessoal do conteúdo do BBB.

Do Jeito Que Quiser || GIRAFAWhere stories live. Discover now