Águas da chuva

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Você se protege das águas das nuvens
Mas não se protege de
Molhar os pés
Molhar a alma
Molhar os olhos
O guarda-chuva nunca te protegeu por dentro
Porque lá, no fundo dos teus olhos a água também entrou

No dia da chuva
Você tentou se proteger
Usou um guarda-chuva
No entanto tua alma sugou toda a água da chuva
Te fez inundação, lágrimas
Um rio temporário
Até o sol voltar
A água já tinha deixado suas marcas
Nos cantos das paredes
Nas quinas dos móveis, nas pernas da mesa
Por fora tu se escondeu
Com uma aparência seca
A porta do coração ficou encharcada
Mas você sobreviveu ao temporal de toda uma estação
Você foi mais forte que um rio desenfreado
Você sobreviveu

Pulsação Where stories live. Discover now