Solidão

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Enlouqueceu.

Izuku clamava por Inko. Duas, três, quatro vezes. Contudo, sua voz aumentava em cada uma das vezes:

— Mãe.... Mãee..... MÃE....... MÃÃÃÃEEEEEEE!!!!!

Gritava enquanto desesperadamente balançava seu corpo morto, uma tentativa de tentar acordá-la. Em vão. Desolado, todo o seu arrependimento despertado e sentimento de culpa se materializaram em lágrimas, que desciam pelo seu rosto e iam de encontro com o sangue de Inko, disperso no cobertor. Naquele momento, morria Inko, e um novo Izuku iria nascer; não apenas Izuku, como também Ibara, que escutou os gritos de Izuku no quarto de sua mãe. Desesperada e já sabendo que algo aconteceu, correu em direção ao quarto, e se deparou com Izuku ajoelhado, com sua cabeça encostada no cobertor. Ibara ficou em choque. Ela entendeu o que havia acontecido. Assim como Midoriya, todos os seus sentimentos de culpa, arrependimento, tristeza e remorso se tornaram imediatamente em lágrimas. Paralisada e trêmula, gritou:

— Izuku, por que está chorando? Não era isso que você queria, se tornar um shinobi e viver às custas do passado? Aproveite sua vida miserável, eu estou com vergonha de ter você como irmão!

Ibara sai do quarto. Izuku pensou nas palavras duras de Ibara, afinal, ele queria sua mãe fora do caminho para seguir seu sonho, e foi isso que aconteceu... afogado em arrependimentos, Izuku estava levantando a cabeça. Sabia que lamentações não trariam sua mãe de volta. Era o primeiro passo para correr atrás das suas origens.

Izuku decide carregar consigo alguma coisa material que o lembrasse de sua mãe por onde estivesse. Ele então vai em sua coleção de origamis, que era uma das coisas que Inko fazia para sustentá-los, e encontra um origami de um koi, uma carpa ornamental. E, na simbologia japonesa, elas são símbolos de perseverança, força e determinação; palavras essas que Izuku iria levar para a vida.

Inko é enterrada por Izuku em meio a neve. Foi um trabalho árduo não somente fisicamente, como também mentalmente. Agora, teria que se virar sozinho. Como despedida, Izuku coloca em cima de seu cadáver o cobertor sujo de sangue costurado por ela, alguns origamis, agasalhos, uma lágrima e o hashi, talher japonês usado para comer. E como ela gostava de comer...

Por ser madrugada, não era rotineiro ver adolescentes fora de casa, afinal, era hora de estarem dormindo. Isso chamou a atenção de Keigo Takami, popularmente conhecido em Konoha como Hawks, um dos Três Sannins Lendários, que estava nos céus dando uma olhada para ver se há algo fora do padrão. Com seus olhos de águia, notou Izuku, e rapidamente desceu em sua direção.

Izuku se assustou de início:

— Ei moleque do cabelo verde, o que está fazendo aqui fora a essa hora? — disse Hawks. Izuku notoriamente ficou sem jeito.

— É... ah... eu estava fazendo um boneco de neve! — disse a primeira coisa que veio em sua mente.

— Boneco de neve? A essa hora? — coloca seus dedos no queixo. — Isso tá estranho... — disse, enquanto olhava fixamente nos olhos de Izuku.

— Ah, é que eu não fiz muitos bonecos de neve e... — Hawks empurra Izuku para o lado, que cai de cara na neve. — deixa eu averiguar. — disse.

Ao remover a neve mexida, Hawks se depara com o cadáver de Inko... Hawks olha lentamente para Izuku, que estava se levantando, exigindo alguma explicação.

— É... esse é o cadáver da minha mãe. Ela cometeu suicídio e enterrei ela, guardando algumas lembranças.

Hawks se aproxima do rosto de Izuku e novamente olha fixamente em seus olhos:

— Olhando bem, você não tem cara de ser um psicopata... então tudo bem, eu vou comunicar ao Godaime sobre sua situação. Você é membro de algum Clã? — perguntou.

— Eu sou membro do Clã Midoriya! — respondeu, aumentando o tom de voz.

— Midoriya... — Hawks já ouviu falar desse Clã, ou melhor... sobre uma pessoa. Contudo, ele não consegue lembrar com clareza, porém passou a ser mais atencioso com Izuku devido ser do mesmo clã que ele.

— Então tudo certo, vou te levar para o Hokage imediatamente...

— Me levar ao Hokage????? — disse, com os olhos brilhando.

— Ué, sim... vamos?

— Espere! Eu ainda tenho uma irmã gêmea! — indagou.

— Uma irmã? Como ela é?

— Ela tem um cabelo verde com espinhos e um conjunto enrolado na testa algumas vezes. Você pode procurar ela pra mim?

— Claro que eu posso resolver! Mas primeiro, eu tenho que te abrigar em algum local seguro, depois eu procuro sua irmã, pode ser?

— Pode!

Hawks então voa pela vila, levando Izuku em suas costas. De cima, ele conseguia ver a vila, notando as luminárias, a neve caindo nos telhados tradicionais, as flores de Sakura, dentre outros aspectos. Mal esperava para conhecer pessoalmente seu ídolo de tantos anos, que o motivava a seguir seu sonho.

Pousando em frente a Residência do Hokage, Izuku entra correndo pelos corredores, extremamente ansioso para se encontrar com o Godaime. Porém, é imediatamente barrado por dois ninjas adultos da ANBU, que estavam retornando de uma missão.

— O que está fazendo aqui, pirralho? — indagou um dos ninjas.

— Não se preocupem, eu estou levando ele para o Hokage, podem voltar ao serviço. — disse, apoiando suas mãos no ombro de Izuku.

Hawks e Izuku enfim chegam a sala de All Might, que mesmo estando extremamente exausto, ainda mantém seu corpo na forma musculosa para não passar uma imagem de "fraco".

— ALL MIGHT!!!! — gritou, enquanto os olhos de Izuku dilatavam. Era a primeira vez que conhecia seu ídolo. Ele tentou correr em sua direção, porém foi segurado por Hawks pelos ombros.

— Olá, pequeno garoto! — disse enquanto esbanjava um enorme sorriso.

— Godaime, eu encontrei esse garoto enterrando sua própria mãe, que cometeu suicídio. Ele também disse que tem uma irmã, porém que desapareceu.

— Entendido, Hawks. Vou tomar as devidas providências. Enquanto isso, leve o garoto para um abrigo, e tente vigiá-lo o máximo que puder! — ordenou.

E assim foi feito. Apesar de Izuku estar muito feliz por ter conhecido All Might, também estava transtornado por ter perdido sua mãe... e, junto com ela, Ibara, sua irmã. Estava submerso em meio a solidão e culpa. Era um contraste de sentimentos extremos na sua mente... que nunca mais seria a mesma.

Ele ainda precisava treinar, afinal, tinha que passar no Teste de Admissão para se tornar um shinobi. E sua relação com Bakugo? Se já era zombado por não ter um pai, imagina ao descobrir que não tem mais uma mãe e nem uma irmã, tudo isso somado ao fato de não ter uma kekkei genkai, nem mesmo uma individualidade. De uma coisa Izuku tinha certeza: o futuro não ia ser nada fácil. Porém, queria provar para todos que era sim possível se tornar um ninja sem uma kekkei genkai, individualidade ou alta reserva de chakra.

Agora, sim, a história começa de verdade.

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⏰ Last updated: Mar 31, 2021 ⏰

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