59- Capítulo

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Eu me senti mal pela Nour. Me senti muito mal, porque independente de quem for ou de que tenha feito, pessoa nenhuma merece ouvir isso de seu próprio pai.

- Filha, tente entende-lo. Eu e seu pai trabalhamos muito para dar o melhor pra você. Ouvir aquilo da sua diretora o deixou irado. Como pode fazer isso Nour? E por um simples garoto?

- Eu gosto desse simples garoto. Não faria nada disso atoa. - Nour olhou pro chão.

- O que deu em você, Nour? Por acaso foi isso que eu te ensinei? O garotos tem que correr atrás de você, não é você quem tem correr atrás dos garotos! - A mulher falou exaltada. - Seja como eu. Acha que eu corri atrás do seu pai?

- Pra você é fácil falar. Você é uma modelo famosa que tem todos aos seus pés. Eu to cansada de ter que diminuir os outros para ser alguém. Eu só faço tudo isso... pra ser mais como você. - Nour a encarou seriamente e a mulher pareceu ficar meio desacreditada do que havia escutado. - Eu já dominui tantas meninas aqui pra me sentir melhor... não faz ideia.

Eu não te ensinei isso, Nour.

- Você nunca me ensinou nada! Você ditava as coisas pra mim! Seja a mais bonita, Nour. Seja a mais popular, Nour. Seja a mais desejada, Nour. Seja a mais estilosa, Nour. Você alguma vez já se perguntou como eu me sinto com tudo isso??

- Eu sempre fiz isso para seu bem! Para que você seja uma mulher como eu. - A mulher colocou as mãos na cintura e a encarou.

- Eu não quero mais ser como você. - Nour cuspiu as palavras a mulher a olhou com a maior expressão de choque. - Eu sou sua filha, não sua boneca.

A mulher respirou fundo diversas vezes enquanto conduzia com as mãos. A mesma olhou para Nour, colocou uns óculos escuros no rosto e a encarou.

- Vamos pro carro. -  A mulher tentando transaparecer o mais calma possível, virou as costas para Nour e começou a andar ( desfilar ).

Nour, porém, não saiu do lugar. A mesma continuou encarando que andava com uma postura impecável.

A mulher notou que Nour não estava andando e parou. Olhou para trás e tirou os óculos novamente.

- Vamos Nour! - Nour olhou pro lado com desdém no olhar e tocou os bolsos de sua calça.

- Eu... esqueci meu celular com a coordenadora. - Ela falou olhando pra mulher. - Eu já volto.

Nour correu de volta ao colégio deixando sua mala parada no lugar. A mulher olhou para a mesma que pareceu pensar milhares vezes se a pegaria ou não. Conclusão: ela pediu para um dos alunos que estavam ali babando nela, e o mesmo pegou a mala da Nour na hora para levar pro carro.

Eu não sei o que deu em mim, eu só me levantei, dei um beijo na cabeça de Noah e corri lá pra dentro do Colégio.

Eu não estava pensando direito. Ver os pais de Nour falarem com ela daquela forma me fez sentir muito mal por ela. Como eu disse antes, independentemente de quem seja ou do que a pessoa fez, ninguém merece ouvir coisas assim de seus próprios pais.

E pelo que Nour disse, o motivo por ela ser assim, é porque queria ser como sua mãe. Da maneira errada obviamente.

Assim que entrei no colégio vi Nour parada em frente a sala da coordenadora onde ficam os celulares de todos os alunos.

Nour estava aguardando que a coordenadora o pegasse, então eu me aproximei.

Eu parei ao seu lado lhe olhando e a mesma me encarou.

- Oi Saby. - Sua voz não parecia a mesma de sempre. Nour tinha uma voz num tom de deboche quase sempre. Quando não era deboche, era raiva, ou algo do tipo. Mas agora... ela parecia mais sincera do que nunca.

- Oi Nour - A encarei.

- Olha, eu sei que não vai adiantar nada agora, mas... - Ela olhou pra baixo e virou seu corpo totalmente pra mim. - Desculpa Saby. - Eu arregalei um pouco os meus olhos quando a ouvi. Nem em outra vida eu esperava aquilo. - Desculpa por te rebaixar tanto, por dizer que você é feia e sem graça, coisa que todos sabem que não é verdade. Desculpa por te trancar no quarto com o Pepe, por te trancar no quartinho de limpeza, por te trancar naquele banheiro. - Ela falou e abriu um sorriso fraco. - Eu mereço o que esta acontecendo comigo.

- Eu... sinto muito pelos seus pais. - Nour olhou pra baixo. 

- Não tem problema. Meu pai está certo. Eu sou uma decepção. - Nour falou com a voz tremula e logo lágrimas começaram a rolar por seu rosto.

Naquele momento, vendo-a chorar, eu ignorei por uns segundos tudo que a mesma havia feito contra mim nos últimos dias e a abracei.

Não era questão de se Nour merecia ou não. Ela é um ser humano, e seres humanos erram. Eu não esqueceria o que Nour me fez, mas a perdoaria.

Eu abracei até que a mesma parasse de chorar. Quando isso aconteceu, ela limpou suas lágrimas e olhou pra mim com um sorriso triste.

- Obrigada, Saby. Eu... não vou mais atrapalhar a sua vida. - Ela pegou o celular dela que a coordenadora havia colocado em cima do balcão e o colocou no bolso.

- Pra onde você vai agora?

- Pelo que eu entendi dos gritos do meu pai, vou pra uma escola pública. Segundo ele, esse será o pior castigo do mundo pra mim. - Ela revirou os olhos com um meio sorriso. - Mal sabe ele que eu não ligo tanto pra dinheiro quanto ele. Nas escolas públicas tem tantas pessoas legais quanto nas particulares.

- Sim, eu sei. - Sorri me lembrando da minha antiga turma. - Um ou outro que estraga. - Falei rindo me referindo a Pepe e a Sina.

- Bem, eu vou indo antes que meu pai venha me puxar pelos cabelos. - Ela sorriu. - Desculpa mesmo Saby. Por tudo. Desejo que você e o Noah sejam felizes.

Xoxo Gabi 📌

No Colégio Interno { ADAPTAÇÃO URRIDALGO }Where stories live. Discover now