Capítulo 3

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_Que saudade que eu estava desse corpinho, hein veadinho delicioso.
Valdemar beijou a face de Murilo. Estava louco de desejo de possuir o corpo do seu sobrinho. Fazê-lo seu.
Murilo pegava o canivete com toda cautela, foi puxando-o até que o objeto tivesse todo em sua mão.
Num rompante, ergueu o corpo, jogando Valdemar no chão e apontou o canivete para o peito.
_ Se afasta de mim, seu porco nojento!
Valdemar arregala os olhos numa expressão de espanto.
_ Calma, Mirinho. Vamos conversar…
_ Não me chame assim! E eu não tenho nada para conversar contigo. Fora daqui!
_ Você vai fazer o quê? Vai gritar? Vai pedir ajuda? Ninguém vai acreditar em você. Tu sabe disso.
Valdemar disse sorrindo. Levantou-se e foi caminhando até a cama.
_ Não se aproxima de mim, seu verme!
_ Calma, Mirinho! Deixa de ser Durão. Você sabe que eu gosto de você. Eu posso facilitar a sua vida. Você sabe que comigo terá uma vida de conforto. É só facilitar as coisas.
'Qual é? A gente já fez isso antes. Lembra da nossa história de amor?'
_ Você quer dizer o período em que você me estuprava? Naquela época eu era só um menino fraco. Mas agora eu cresci e sei me defender.
_ Você fica muito gostoso armado com esse canivete. Olha como você me deixou.
Valdemar diz pondo o pau ereto para fora da calça.
_ Vem cá com o titio vem. Vem aqui fazer essa pica feliz.
Valdemar se aproximou de Murilo com os braços abertos. Queria abraçar e beijar o rapaz. Estava louco de tesão.
Murilo cravou o canivete no braço de Valdemar e foi rasgando, fazendo o sangue jorrar.
Com muita dor, Valdemar gritou.
_ Desgraçado! Não precisava fazer isso.
Murilo fez outro corte em Valdemar, desta vez foi no rosto.
O prefeito saiu correndo do quarto, temia que alguém acordasse com os seus gritos.
Imediatamente, Murilo trancou a porta do seu quarto e arrastou a cômoda a pondo atrás da porta.
Levantou o seu short e voltou para a cama e se cobriu com o edredom.
Ficou acordado observando os trovões.
Uma angústia dominou o seu peito. Sentiu-se sujo, assustado e com raiva.
A primeira vez que caiu nas garras de Valdemar foi aos treze anos de idade.
Sua mãe foi contratada por Mara para fazer uma faxina semanal na casa.
Mara não gostava de Euvira, mas aceitou os seus serviços porque e moça aceitou fazer a faxina por 50 reais. O dinheiro era muito pouco e o trabalho era muito, mas precisava alimentar o filho e a si mesma.
Valdemar sentiu-se atraído pelo menino de cabelos vermelhos e cacheados.
A sua juventude, o seu sorriso, a sua bunda eram o que deixava Valdemar louco.
No começo ele tentava agradar o menino com doces e brinquedos, coisas que Murilo não tinha acesso.
Com o tempo, foi mostrando as garras tocando no corpo do menino, que se sentia desconfortável e pedia para que o tio parasse. Valdemar o ignorava e o oferecia mais doces e brinquedos.
Murilo disse a mãe que não queria ir mais à casa do tio, mas Euvira não lhe deu atenção.
Uma certa noite, Valdemar mentiu para Euvira pedindo que Murilo dormisse na sua casa para poder brincar com Verônica. Ele ofereceu mais dinheiro a Euvira, dizendo que gostava muito do menino e queria ajudar. Euvira aceitou. E via com bons olhos a amizade entre Valdemar e Murilo.
Contudo, Valdemar mandou a mulher e a filha irem viajar para a Fazenda da família.
Aproveitando que estava só com o menino, abusou do seu corpo violentamente.
Murilo sentia dor e medo. Nunca ficara tão triste em toda a sua vida.
Ele chorou por noites seguidas.
Os abusos continuaram por muitos meses. Até Murilo que contou para a sua tia, que o acusou de mentiroso e o expulsou de sua casa junto com Euvira.
Verônica chegou a acreditar no primo e brigar com o pai, mas o pastor Miranda a convenceu que Murilo estava possuído por um demônio, e por isso inventou aquelas mentiras.
"O menino não tem culpa. O demônio se apossou dele para que inventasse essa mentira e destruísse a sua família, que é abençoada por deus. O que temos que fazer é orar por essa criança. "
Verônica confiava demais no futuro sogro e assim fez. Passou noites orando e jejuando para que o diabo fosse expulso do corpo do seu primo. O que doeu em Murilo, pois a tinha como melhor amiga.
A mãe também ficou brava com ele. E o castigou pelo o que ela julgava ser mentira.
_ Mas eu não tô mentindo, mãe! O tio Valdemar …
_ Cala a boca, moleque! Já chega das suas mentiras! Você sempre ficou enchendo a minha paciência com essa história. Agora eu perdi o meu serviço por sua causa! Você é um peso ! Eu deveria ter feito o que o seu pai me pediu, que era te abortar. A minha vida teria sido mais fácil.
Essas duras palavras ainda causam dor em Murilo, mesmo que foram ditas há muitos anos.
Valdemar não parou com os abusos. Aproveitou-se que o Menino foi tido como mentiroso e abusava cada vez mais. Sempre dava um jeito de se aproximar de Murilo. E cada vez mais a sua obsessão por Murilo iria crescendo.
Nutria por Murilo uma paixão doentia. Queria ter o garoto só para ele. Morria de ciúmes de qualquer um que se aproximava do rapaz.
Quando Murilo saiu da cidade, Valdemar o perseguia, chegando até a ir atrás do rapaz. Sentia um ódio tremendo por não ser correspondido, pois a única coisa que conseguia despertar em Murilo era nojo.

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