pintura translúcida, vida prevista

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Prologue project;

   Às vezes a vida nos dá uma espécie de prévia de nossa vida pelo resto dos momentos que estaremos respirando, ela nos alarma de coisas que jamais iríamos imaginar se pudesse prestar bastante atenção. Por exemplo, nas manhãs o céu nunca está da mesma cor que vai permanecer até o fim de seu dia, ele é inconstante da mesma forma que a vida se demonstra ser, mas ainda sim mostra que as nuvens estão sempre no mesmo lugar e sempre da mesma cor, mas as cores do céu muitas vezes ofuscam essa cor. Rosa, roxo, laranja. Varia de um jeito que podemos prever, mas não de uma forma que podemos imaginar. Não conseguimos adivinhar o tom, a hora ou o momento de sua ascensão, apenas esperar e ver se nossa suposição estava correta. A vida também funciona assim.

De nossos dedos sempre vão escapar o que deixamos de notar, fluem por entre os espaços e derramam pelo chão em um gotejar brilhante, é bonito de ver, mas essa beleza nos distrai do que deve ser observado de verdade. É comum de nós humanos presumir o futuro, sempre fazemos isso, é um hábito que já é conservado há milhares de anos, temos tendência de querer planejar o futuro baseado em suposições que tiramos de experiências imaginárias, e quando não sai como esperado afundam em dor, reclamações e tristeza. Tudo por fazer um plano baseado em algum inconstante como a improbabilidade.

Enfim, voltando, a vida nos dá prévias de ações futuras que poderá tomar. Um amor futuro, uma situação distante, uma perda irreparável, um trauma de grandes proporções. Como simples humanos que somos não podemos medir com exatidão essas dicas servidas pelo universo, cabe a nós apenas esperar.

Como de fato chegam essas dicas? Bom, há várias formas de se observar. Vejamos algumas. Podem vir como gritos, grandes palavras de peso em nossos corações, "inútil", "não queria você", "pare de arruinar minha vida", "morra de uma vez", essas podem ser dadas como exemplo. Outras vezes vem como a louça recém comprada e novinha estilhaçada no chão em caquinhos que machucam, cortam a pele e perfuram tanto que chega arder, resultado de uma outra briga. Pode até vir como o tampar dos ouvidos para abafar o som de gritos, tapas e móveis sendo jogados, onde dois indivíduos decidem que não podem mais conviver em paz. Chegam em goles de álcool indevidos, descendo a garganta, ardendo e apertando a consciência até sumir. Remédios que não deveriam descer pela garganta em quantidade exagerada, o coração para por um segundo e a alma sofrida finalmente deixa esse plano de existência. Vem até em cortes daquele material que nunca foi feito para rasgar o tecido da pele, sangue quente descendo em gotas até pintar no chão de suas cores.

Esses sinais não são feitos para serem ignorados, mas a mente pode nos enganar.

Diz ser lar quando é caos, diz ser amor quando é ódio, trata machucado como válido e faz o sangue parecer novo adereço para a derme. Roxo, azul, verde, amarelo e marrom pintam um quadro em tons frios, pinturas feias, pinturas ruins, a tela antes vazia passa a ser lar de histórias que não são suas, o quadro limpo se suja de experiências desastrosas.

Não se deixe enganar pela narrativa translúcida, veja além dos feixes que luz que atravessam ela.







































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Desse prólogo em diante começa oficialmente hiraeth, sejam bem vindes.

Gostaria de me perguntar alguma coisa? Podem perguntar qualquer coisa aqui.

(eu vou tirar a publicação dos caps antigos para fazer a postagem dos novos, bye)

HIRAETH, Midoriya IzukuWhere stories live. Discover now