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1.

Sina.

Ainda estou tentando entender como foi que isso aconteceu. Não consigo acreditar que ele se foi, não sei o que vai ser de mim agora sem meu pai, ele era tudo que eu tinha, era minha família, e agora estou sozinha, sem ninguém.

Na verdade, não estou completamente sozinha, tenho uma mãe, Any,mas para mim é como se ela estivesse morta. Por que ? Porque ela foi embora quando eu tinha apenas seis anos, ela me abandou, foi embora com outro
homem, me deixando para trás com meu pai. Me lembro muito bem daquele dia.

Flash back On

"Mamãe me espera, eu quero ir com você, mamãe." Corri atrás dela chorando, arrastando minha mochila da escolinha, cheia de roupas que eu mesma tinha tentando por ali dentro.

"Sina, você não pode ir comigo meu amor, você tem que ficar com o papai."

Ela disse me pegando no colo e me entregando para o meu pai, que simplesmente não fez nada para impedir que ela fosse.

"Não mamãe, me leva com você, mamãe, mamãe..." Chorei vendo ela sair pela porta da frente. "...mamãe me espera." Assim que a porta se fechou meu pai me colocou no chão, e eu saí correndo atrás dela, mas quando cheguei na rua só tive tempo de vê-la entrando em um carro preto e partir, pra nunca mais voltar.

Flash back Off

Pelo menos eu achava que ela não voltaria, até quando acordei hoje, duas semanas depois da morte do meu pai. Eu estou na minha casa ainda, disseram que eu podia ficar aqui até encontrarem minha mãe, mas se isso não acontecesse, se eles não à encontrassem, então teria que ir para um abrigo para menores.

Assim que acordei, me levantei e fiz o que sempre faço toda manhã, escovei meus dentes, vesti minha roupa de corrida, prendi os cabelos em um rabo de cavalo, calcei meus tênis e fui correr na pista de corrida dentro do
condomínio onde moro.

Depois de quarenta minutos de corrida, voltei pra casa, e assim que cheguei vi um carro preto daqueles do aplicativo parado em frente à minha casa, passei pelo carro e entrei, congelando assim que passei pela porta.

Ela continuava exatamente igual ao que era dez anos atrás, quando foi embora, não mudou nada, o mesmo rosto liso, sem nenhuma marca da passagem do tempo, o mesmo cabelo cacheado solto, caindo sobre os ombros e os mesmos olhos chocolate, me encarando com tristeza,exatamente como me encaravam naquele dia em que ela partiu.

"Filha. Sinto muito pelo que aconteceu." Lamentou se aproximando de mim, e eu dei alguns passos para trás me afastando dela, fazendo ela parar onde estava.

"Pelo que você sente, Any? Pela morte do meu pai, ou por ter me abandonado anos atrás e nunca se quer ter vindo me ver ?" Perguntei com raiva.

"Por tudo filha." Respondeu baixando o olhar.

"Não me chame de filha, você não tem o direito de me chamar assim." Falei passando por ela e subi as escadas, indo em direção ao meu quarto.

"Eu sei que o que fiz não foi certo, e te magoou muito Si..." admitiu vindo atrás de mim "...mas eu tive um bom motivo pra fazer aquilo."

"É mesmo ? Então me diz que motivo é esse que te fez me deixar aqui, para que eu possa tentar te entender." Exigi abrindo meu closet pra pegar roupas limpas e tomar um banho.

"Não posso te dizer isso agora, porque não sei como dizer, é muito complicado, você não vai entender. " Respondeu com um tom de frustração na voz.

"Ah por favor, eu não sou mais uma criança Any, e nada do que você disser vai me convencer que você ter me deixado foi preciso." Disparei contra ela.

"Você está errada querida, quando você souber o que me fez partir te deixando pra trás, você vai entender porque fiz isso, pelo menos eu espero que entenda." Rebateu olhando pra mim com uma expressão perdida.

"Então me diz, eu quero saber."

"Agora não, quando chegarmos em Greenview vou te dizer tudo o que você quiser saber."

"Quando chegarmos onde ?" Praticamente gritei essa pergunta pra ela.

"Em Greenview, a cidade onde moro, e onde você vai morar a partir de hoje." Respondeu receosa.

"Eu não vou me mudar daqui." Falei entre dentes. "Eu não vou deixar a minha casa, os meus amigos e muito menos o meu pai pra ir morar com você."Agora eu estava gritando.

"Você não tem escolha Sina, seu lugar não é aqui, é lá comigo que sou sua mãe, e junto com os seus."

Agora ela falou mais alto e mais firme, provavelmente perdendo a paciência comigo.

"VOCÊ NÃO É MINHA MÃE."

"Eu sou sim, e querendo ou não você vai comigo pra Greenview." Falou com autoridade, me olhando de um jeito que me assustou um pouco.

"Agora você vai arrumar suas coisas e nós vamos para o aeroporto, nosso avião sai ao meio dia." Me informou e saiu do meu quarto sem me dar tempo de responder.

Olhei para o relógio na minha parede e vi que já passava das dez horas, eu tinha menos de duas horas pra arrumar minhas coisas, então chorando de raiva, comecei a tirar minhas roupas de dentro do closet e jogar em cima da cama.

Quando terminei de arrumar tudo já eram onze e trinta e cinco. Eu tinha muitas coisas então não pude por tudo nas malas que tinha.

"Não se preocupe, vou mandar alguém aqui pra buscar o que ficar para trás." Any disse quando reclamei dizendo que não abria mão de nada das minhas coisas.

Por fim acabei escolhendo três malas pra levar com a gente e partimos para o aeroporto, chegando bem na hora do embarque.

Depois de quase duas horas de vôo desembarcamos em Londres, dali ainda seguimos de carro por uma hora e meia, até finalmente chegarmos em Greenview, uma cidade razoavelmente grande, e muito afastada das outras cidades, a mais próxima é exatamente a capital, Londres que como eu disse fica à uma hora e meia daqui.

"Bem vinda à Greenview Si." Ela disse assim que entramos na cidade. Não respondi nada, fiquei em silêncio apenas observando os lugares por onde passamos. Apesar de não estar feliz por ter que morar aqui devo admitir,Greenview é uma cidade muito bonita, com suas casas em estilo vintage se misturando com construções mais modernas, e essa ar de cidade européia deixa tudo ainda mais bonito, sem contar com o clima frio que é algo que gosto.

"Chegamos." Me avisou Any descendo do carro. Desci também e me vi parada em frente a uma casa enorme, ou devo dizer mansão ? Fiquei encarando minha nova casa e tentando imaginar como seria minha vida dali pra frente naquele lugar.

"Bem vinda ao seu novo lar." Valentina disse e foi em direção à casa.

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🌙|ʜɪʙʀɪᴅᴏs • ɴᴏᴀʀᴛ [✓]Where stories live. Discover now