14 anos atrás

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Feliz domingo e boa páscoa.

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Alex

— Eu não quero voltar.

Esfreguei os ombros de Jasmim. — Eu também não quero que você vá. 
 
Seus olhos se encheram de lágrimas. — Isso vai acontecer novamente. Minha mãe fica bem por um tempo, e então ela para de tomar seus remédios e desaparece. Eventualmente, alguém percebe que estou morando sozinha e chama a polícia, que então chama o Serviço Social.

Jasmim está conosco há mais de nove meses. Ela me contou que quando sua mãe desapareceu, ela teve que roubar comida do supermercado e vender coisas do apartamento delas para comer. Ela parou de ir a refeitórios comunitários porque faziam muitas perguntas sobre onde seus pais estavam.

— Escute, eu quero que você pegue isso. — Eu estendi um envelope com quinhentos dólares dentro. — Apenas no caso de ela desaparecer novamente.

As lágrimas que ela segurava começaram a escorrer pelo seu rosto. — Eu não preciso disso. Você vai me ver o tempo todo, certo? Se ela desaparecer, eu lhe direi, e você pode me levar algo então.

— O que acontecerá se ela fizer você se mudar de novo, Jasmim? — Elas se mudaram dezenas de vezes nos últimos quinze anos. Eu aparecer no apartamento dela um dia e encontrá-lo vazio não estava fora do reino das possibilidades.

— Eu não irei. Como você me encontraria?

— Se você se mudar, escreva para mim. Você sabe o endereço daqui?

Jasmim balançou a cabeça e falou o endereço da casa.

Eu sorri. — Bom. Se você precisar se mudar, me escreva uma carta. E eu vou te ver toda semana no domingo, mesmo se você se mudar para Nova York. Eu prometo. — Isso provavelmente parecia loucura, mas eu sabia que encontraria uma maneira de fazê-lo. Jasmim e eu fomos feitas para ficar juntas. — Pegue o envelope. Não é muito. Mas você pode precisar disso para selos. Ou coisas para a escola.

Ela hesitou, mas aceitou. Depois que ela descobrisse o quanto coloquei lá dentro, ela não ficaria feliz. Mas ela voltaria para a mãe dela, e nenhuma de nós seria muito feliz de qualquer maneira.

Minha mãe bateu na porta do quarto de Jasmim. — Jasmim, querida? Você está pronta? A assistente social está aqui.

O olhar de terror em seu rosto me matou. Isso me matou. Por experiência pessoal, eu sabia que voltar para casa depois que era removida, raramente dava certo. No entanto, os malditos juízes sempre queriam te colocar de volta, como se mães e pais tivessem o direito de ter filhos, e tinham que provar ao cara de túnica preta por que eram incompetentes. Os pais biológicos geralmente tinham que errar meia dúzia de vezes antes de pararem de enviar você de volta. O sistema era péssimo.

Fiz um gesto em direção à porta com a cabeça e sussurrei: — Diga a ela que você está se vestindo, e descerá em alguns minutos.

Jasmim disse, mas sua voz falhou. Mamãe disse que a encontraria lá embaixo.

Era apenas uma questão de tempo até minha mãe perceber que eu não estava por perto. Jasmim e eu mantivemos nosso relacionamento em segredo. Tínhamos medo de que meus pais achassem uma má ideia manter duas filhas de quinze anos apaixonados na mesma casa. Quero dizer, era... mas eles não precisavam saber disso. Eles também não precisavam saber que eu entrava na cama dela todas as noites depois que todo mundo estava dormindo. Isso certamente assustaria mamãe.

— Eu não quero te perder. — Jasmim soluçou baixinho.

Eu segurei seu rosto e enxuguei suas lágrimas com os polegares.

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