4 | De quem é esse fusca?

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Luara Narrando

- onde você tava, Lua? -meu pai perguntou assim que botei os pés em casa-

- na praia, olha a roupa dela -o Maurício falou sem tirar a atenção da tv que passava algum jogo de futebol-

- até essa hora da noite?

Meu pai além de chato era controlador, mesmo eu já tendo 19 anos na cara, ele vivia me regulando.

- de pm pra guarda civil? -debochei e ele trincou o maxilar-

- não debocha de mim, Luara

- ou você vai fazer o que? -levantei a sobrancelha- botar uma arma na minha cabeça igual você fez com a minha mãe?

- Luara -o Maurício me repreendeu-

- você sabe que eu já me arrependi dessa merda

- você acha que seu arrependimento anula o trauma que você causou em mim, no Maurício e na mamãe?

Quando éramos pequenos meu pai desconfiou que minha mãe traía ele e botou uma arma na cabeça dela pra ela confessar.

Eu só tinha 9 anos, mas essa cena se repetia varias vezes na minha cabeça toda vez que ele ficava mais agressivo comigo.

- LUARA -meu irmão puxou meu braço com força- esquece essa história

- você joga essa merda na minha cara há 10 anos, Luara -ele falou irritado- não vai esquecer isso nunca?

- Lua, por favor -meu irmão pediu enquanto olhava meus olhos-

Relaxei meus ombros tentando manter a calma.

- desculpa -murmurei- eu vou tomar um banho

Só Deus sabe a vontade que eu tenho de meter o pé dessa casa, mas minha mãe era casada com um cara que tinha uns filhos insuportáveis e eu não tenho paciência pra criança e infelizmente ainda não tinha dinheiro o suficiente pra arrumar uma casa própria.

Subi as escadas e antes de entrar no quarto esbarrei com a Laís toda arrumada e aparentemente nervosa.

- vai aonde? -perguntei curiosa-

- vittrini, vamos?

- não, valeu

- brigou com o papai de novo né?

- o que você acha?

- que você deveria pegar leve com ele, não é fácil pra ele criar 3 filhos sozinhos

- sair apontando arma na cabeça dos outros deve ser né

- até quando você vai remoer essa história? já faz 10 anos isso

- falar é fácil né Laís, não foi com a sua mãe

- claro, minha mãe tá morta

Mordi o lábio com força e suspirei.

- me perdoa, eu não devia ter dito isso

- tudo bem, eu sei que você tá nervosa

Estendi o dedinho e ela entrelaçou nossos dedos.

- te amo -beijou meu nariz-

- te amo, gatinha -beijei seu nariz e entrei no meu quarto-

QQCQDM - L7nnonWhere stories live. Discover now