Chegava a ser engraçado como mesmo após décadas Hinata mexia com as batidas do coração do moreno. Imerso na beleza das luzes coloridas do presente que ganhara do ruivo, Kageyama redescobre o arco íris.
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A relação entre Kageyama e Hinata não era uma das melhores no momento, era como se eles não fossem mais uma boa dupla, como se não tivessem mais sintonia, algo estava diferente depois de tudo que havia acontecido.
Kageyama estava convivendo com uma insegurança temporária, porém bastante insistente que permaneceu mesmo depois de ter conversado com Hinata sobre o ocorrido. Ele sabia que infelizmente não era mais a mesma coisa e em seu coração sentia como se estivesse sozinho mesmo rodeado de pessoas gritando seu nome e aplaudindo suas ações. Sentia-se completamente perdido mesmo que soubesse exatamente onde estava.
Era como se estivesse perdido no mundo, mas com um mapa em mãos que infelizmente não era capaz de lê-lo; como se houvesse perdido as chaves no sofá e mesmo que ela estivesse diante de seus olhos, não fosse capaz encontrá-la.
Talvez soasse um tanto clichê, mas Kageyama sentia como se sua bússola interna possuísse salvo um único destino nos favoritos, o direcionando especificamente para Hinata. Sem o ruivo, Kageyama sentia seu mundo sem sentido ou direção, não sabia que rumo tomar, que caminho seguir.
As ligações que continuaram fazendo após o incidente, estavam cada vez mais cansativas para o moreno. Não era como se ele não gostasse, na verdade era a parte favorita de suas tardes de sábado, mas sentia a terrível sensação de que Hinata só estava ali por sentir obrigação.
A insegurança consumiu Kageyama pelos dois últimos anos, fazendo-o pensar coisas sem nexo algum, sem ao menos saber que para Hinata a situação era a mesma. Durante aquelas ligações todo tipo de coisa era conversado; como foram as partidas, como estavam os treinos, sobre os novos capítulos dos mangás que estavam acompanhando, tudo... menos sobre como estavam se sentindo.
Ainda naquela tarde Hinata percebeu que o moreno estava um pouco diferente, mas Kageyama apenas não conseguia mais disfarçar a sua tristeza e seu incômodo. A máscara que havia usado por todo esse tempo já não se sustentava mais, não era mais capaz de sorrir quando tudo que queria fazer era chorar.
Queria dizer àquele do outro lado da tela a falta que este lhe fazia e como estava arrependido pelo desentendimento bobo que tiveram, que por puro orgulho de ambos, ocasionou aquela tensão tão duradoura.
Kageyama encarava o chão quando Hinata perguntou ao mesmo se estava tudo bem, foi então que o moreno desabou. Chorou por longos minutos enquanto Hinata, em uma tentativa desesperada e sem sucesso, tentava acalmar o mesmo.
O ruivo tinha uma ideia do motivo pelo qual aquele do outro lado da tela estava chorando e sentia-se extremamente culpado, afinal ele tinha bastante parcela de culpa na briga que tiveram e que infelizmente perdurou, mesmo que indiretamente, por muito tempo.
__ Tobio, eu- – Kageyama cortou o ruivo antes mesmo que esse pudesse completar a frase; não queria perder a coragem que tinha conseguido acumular para dizer tudo que estava ali, entalado em sua garganta.
O moreno estava com medo, mas não seria capaz de sustentar aquela distância existente entre eles por mais tempo, não era apenas uma distância física, mas também emocional, como se algo estivesse fora do lugar. E, mesmo que ambos sempre deixassem claro que o diálogo era algo essencial para um relacionamento, aparentavam ter esquecido desse detalhe.
__ Eu sinto tanto a sua falta, Boke. – Ao ouvir aquela simples frase, Kageyama já não era mais o único aos prantos, Hinata agora deixava a culpa o consumir por completo, sem se importar em limpar as insistentes lágrimas que escorriam por suas bochechas.
__ Eu sinto tanto sua falta que meu coração dói... Dói Tanto, Nana... – agora não mais encarando o chão, Kageyama fez uma pausa tentando amenizar seus soluços em meio ao choro e quando teve algum sucesso, prosseguiu.
__ Nana... Eu me sinto tão idiota por sentir tanta inveja, sabe? Eu sinto inveja daqueles que estão aí com você, que podem ter contato direto com você, sem ser por uma maldita câmera. - limpando as lágrimas que estavam embaçando sua visão, Kageyama voltou seu olhar para Hinata e continuou.
__ Eu sinto como se você estivesse escorregando aos poucos entre meus dedos e eu odeio essa sensação, porque eu... Eu te amo tanto, só... Por favor, volta logo pra mim. - Kageyama chorava novamente; sentia inveja de tudo aquilo que cercava Hinata, desde do vento que tocava as madeixas ruivas do menor durante a noite, quanto do sol que beijava a pele do mesmo durante o dia. Era sufocante como até mesmo nosso astro principal que esta a milhões de quilômetros de distância tinha mais interação direta com o ruivo do que ele, era cansativo, era triste.
__ Amor, me desculpa... – Hinata e Kageyama estavam uma completa bagunça, os olhos estavam vermelhos e as vozes arrastadas. Queriam muito poder se abraçar, mas não seriam capazes de realizar este desejo, pois apesar de não estarem tão distantes quanto a lua e o sol, estavam distantes o suficiente ao ponto de precisarem de quase meio dia de viagem aérea para se encontrarem pessoalmente.
Acabaram conversando por longas horas sobre como realmente estavam se sentindo em relação a briga que tiveram. O moreno acabou lembrando Hinata de uma ligação que haviam tido há pouco tempo e o ruivo apenas disse que havia se declarado com uma música brasileira.
No fim, Kageyama finalmente pôde dizer que sua bússola interna havia reencontrado seu rumo, agora sim se sentiam juntos mesmo que separados, se sentiam próximos mesmo distantes e felizmente se encontrariam em breve.
Maldita distância.
Apesar de terem resolvido todos seus problemas, Kageyama e Hinata não conseguiram conversar por chamada de vídeo depois que desabafaram um como o outro devido à alguns imprevistos, então apenas trocaram mensagens de texto.
Já estava tudo resolvido entre eles, Kageyama já não se sentia perdido, mas ainda queria se encontrar nos braços de Hinata e fariam isso em seu próximo encontro: dentro de quadra.
