𝕿𝖔𝖝𝖎𝖈 𝕭𝖑𝖔𝖔𝖉 ~ 𝕯𝖗𝖆𝖈𝖔 𝕸𝖆𝖑𝖋𝖔𝖞

24• Essência maligna

"Can you hear the silence?
Can you see the dark?
Can you fix the broken?
Can you feel my heart?
Can you help the hopelees?
Well, I'm begging on my knees.
Can you save my bastard soul?
Will you wait for me?"

∆∆∆

1° dia na Floresta-

In Olivia's nightmare:

Então, eu tinha retornado para aquela Mansão. Aquela casa. O lar dos Malfoy.

Os mesmos assentos, ao redor da mesma grande mesa de madeira vernizada; a lareira crepitando mais alto que da última vez que estivera ali, em uma chama azul, tão azul quanto os olhos de Jonh; as janelas de vidro claro abertas, sendo atingidas do lado de fora por uma tempestade. As goticulas de água molhando o piso e pingando sob ele... Ping, ping...

Por fora da Mansão, na chuva além dali, tudo era tão escuro e cheio de temores quanto minha alma. Eu ouvia os trovões e relâmpagos. Eu sentia eles, dentro de mim.

Não. Não eram barulhos da natureza que assombravam minha mente. Eu simplesmente escutava minhas células se movendo por baixo da pele, como lesmas. Estava me decompondo, viva, porém me decompondo. As unhas roxas e sem circulação, os braços leitosos.

Prestei atenção em mim mesma... Isto era um sonho, apenas um sonho, e acabaria rápido -- dizia, sozinha.

Tentei mover-me; explorar a imaginação parecia uma boa maneira de aproveitar o pesadelo; entretanto, estava colada na cadeira da ponta, cadeira cuja qual sentei enquanto ainda me encontrava acordada. Sentei e assisti o torturamento de meu pai. Agora, presa por raízes de árvores que brotavam do chão, que subiam e subiam até meu pescoço, me enforcando; não conseguia mexer-me.

Tentei revirar os músculos, fugir arrastando tudo, gritar por ajuda; mas aquelas plantas rastejando com vida própria, manchando de terra minha pele roxa em decomposição, apertando-me... Era impossível lutar.

Bati com as costas. Uma, duas, três vezes contra o estofado bordado macio; aquelas raízes me esmagaram.

Portas duplas se escancararam atrás de mim, fora de meu campo de visão. Um som de estrondo surgiu quando as maçanetas de ferro bateram contra o gesso das paredes, e passadas despreocupadas rangeram nas tábuas do piso... Crac, crunch... Feito ossos se quebrando, anulando o ruído das larvas me comendo por debaixo da carne.

Meu coração tocou os pulmões, pulsações e mais pulsações.

-- Olá, Liv -- o tom masculino dançou na sala, e lá estava ele. Eu não sabia o que fazer, nem o que dizer.

O loiro congelou os pés, parando ao meu lado direito, vestindo seu terno preto poluído com o sangue ressecado de meu pai.

-- Draco... -- cochichei, a voz mais baixa que uma brisa de verão. -- Por favor, por favor.

Não sei exatamente pelo o que eu estava implorando, mas estava.

-- Vá embora, ou eu juro que... -- tentei.

A mão que Malfoy deslizou por meus cabelos se encontrava completamente imunda de terra, e eu podia jurar senti-lo agora. Uma carícia, e outra, e mais uma. Não queria mais aquilo.